20/08/2018

P4C

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            O texto A Educação Pública e as Personalidades Inacabadas, publicado pela Revista Gestão Universitária em 17 de agosto do corrente ano, rendeu uma crítica positiva de uma pessoa do Hawai, com sugestão para visualizar o trabalho do Dr. Thomas Jackson, diretor da Uehiro Academy, que tem trabalhado com filosofia e ética na educação.

            Interessante deste trabalho é perceber que os educadores incentivam os alunos a desenvolverem uma segurança intelectual, por meio de comunidades de investigação filosóficas em suas salas de aulas e escolas.

            De acordo com as informações contidas no site http://p4chawaii.org/# a abordagem do P4C Hawai ajuda estudantes e professores a converter as salas de aula tradicionais em comunidades intelectualmente seguras de investigação. Desta forma, os educandos desenvolvem a capacidade de pensar por si mesmos, de maneira responsável, explorando “grandes questões” que surgem de seus interesses, experiências e contextos de aprendizagem.

            Interessante se faz perceber que a crítica do texto acima, passa justamente um contexto em que a omissão da família e do sistema, tem esterilizado mentes por gerações, o que resulta nas diferenças sociais, na política corrupta e nefasta do Brasil, economia, segurança, saúde dentre outros males sociais que roubam a dignidade de seu povo.

            O trabalho desenvolvido pela Universidade do Hawai é ímpar, com isso, pode-se perceber o quanto a educação pública brasileira tem caminhado na contramão, pois ao invés de incentivar professores e educandos a segurança intelectual, ela tem justamente criado verdadeiros imbecis por faltar o que seria o mínimo aceitável de uma educação de qualidade, que é o poder de discernimento da realidade.

            Conforme explicado para a pessoa que fez a tal crítica e acreditar que ela deva desconhecer o quão manipuladora e sórdida é a nossa política, a expliquei que hoje, existe uma linha elitizada de pessoas que pregam a Escola sem Partido, alegando que quando se trabalha a criticidade do educando, está sendo feito na verdade, um serviço de deseducação para nosso país.

            Assim sendo, para evitar que se trabalhe criticidade, cidadania, direitos, equidades dentre outras coisas que alavancarão nossos alunos para um futuro promissor e protagônico, o governo criou o Projeto Lei PL 7.180/14, que castra toda e qualquer forma de pensamento crítico.

            De acordo com este Projeto Lei, são ressaltado 6 itens que deverão ser seguidos pelos professores:

            a) O professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias

            b) Não favorecerá nem prejudicará ou constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.

            c) Não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.

            d) Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, apresentará aos alunos, de forma justa -- isto é, com a mesma profundidade e seriedade--, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria.

            e) Respeitará o direito dos pais dos alunos a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com as suas próprias convicções

            f) Não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de estudantes ou terceiros dentro da sala de aula

            De acordo com a publicação Frei Betto no UOL Educação, para cumprir o que está acima, o corpo docente deverá ser composto por verdadeiras amebas, e faço minha as suas sábias palavras.

            Frei Betto é enfático ao ressaltar que os professores deverão ser neste contexto, superficiais, desprovidos de qualquer convicção e sendo, os professores serão os verdadeiros ceifadores de sonhos, fazendo de seu corpo discente pessoas destituídas de criticidade e discernimento, tornando-os cada vez mais alienados e docilizados, ou seja, verdadeiros néscios para a elite perpetuar cada vez mais seus desmandos.

            Dito isso, o programa desenvolvido pelo Dr. Thomas Jackson está longe de acontecer em uma escola pública no Brasil, e caberá a esta mesma escola, continuar dando diplomas para analfabetos funcionais, aumentando exponencialmente as diferenças sociais em nosso país.

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