Os Quatro Cs
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
O ser humano sempre especulou sobre o futuro tentando predizê-lo com exatidão, mas isso é algo muito difícil e não podemos ter certeza de nada.
Harari em seu livro intitulado 21 lições para o século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018 elucida que estamos cercados de informações em grande quantidade sendo muitas delas falsas e irrelevantes.
O autor é enfático ao esclarecer que cabe ao professor nos dias atuais trabalhar em seus educandos a capacidade para extrair um sentido das informações.
No meu livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento, publicado pela Ícone em 2010, é diferenciado informação semântica e informação sintática, sendo que a primeira é a base do conhecimento e a segunda está no excesso muitas vezes irrelevante.
Assim sendo, cabe a nós educadores conforme ressalta Harari em seu livro supracitado, trabalharmos em nosso educando a sua capacidade de extrair um sentido da informação e ter o discernindo o que é importante e do que não é, bem como no meio dos fragmentos de informações, conseguir colocar em um contexto para decifrar e solucionar as mazelas do mundo.
Visto que a informação semântica é a mais importante para que possamos desenvolver o conhecimento, Harari em seu livro cita que no século XXI o sistema educacional precisa trabalhar também os quatro Cs, que são pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade.
O pensamento crítico já era ressaltado por Freire em suas obras, já que o mesmo focava sempre a cidadania crítica, o protagonismo, e não tem como atingir um protagonismo sem pensamento crítico, o que é ressaltado em meu livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para a Cidadania Crítica, publicado pela WAK em 2009 quando ressalto que a educação não é para ser padronizada e, tampouco, deve ser limitada a um simples compêndio a ser traduzido em plano de ação sem uma visão holística.
A comunicação, segundo a pesquisadora Deslandes em seu artigo denominado O projeto ético-político da humanização: conceitos, métodos e identidade, publicado pela Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.17, p.389-406, mar/ago 2005, ressalta que comunicação é a comunhão e negociação de sentidos e interpretações.
Lakatos e Markoni no livro Sociologia Geral, publicado pela Atlas em 1999, complementam que a comunicação é uma forma importante de interação, tornando-se essencial para o homem enquanto ser social e para a cultura.
Para as autoras, o ato de comunicar produz uma interação bilateral que ocorre com o transmissor e receptor, apresentando uma reação de ambivalência, ora o transmissor sendo receptor e vice-versa.
O terceiro C trabalha com a Colaboração, pois Arruda em seu livro História da educação, publicado pela Moderna em 1997 é enfática ao ressaltar que recentemente a frase “nenhum ser humano é uma ilha” sintetiza hoje uma indiscutível realidade, já que o homem é um ser criativo, já que ele se relaciona com seus companheiros de todos os tipos de instituições e sociedades iniciáticas, etc.
O último C trabalha a criatividade e cabe a escola fomentá-la, incentivando os educandos na solução de situações problemas para que os mesmos, mediante crises possam ter maturidade e autonomia para o seu enfrentamento.
Harari ressalta que cabe as escolas rever seu sistema de engessamento e trabalhar em seus educandos habilidades para propósitos genéricos na vida, e uma das mais importantes habilidades que precisa ser trabalhada em nossos alunos será a habilidade em lidar com mudanças, aprender coisas novas e preservar o equilíbrio mental em situações de pressão e que o tire de sua zona de conforto, fazendo com que nosso educandos enfrentem situações inusitadas respondendo a desafios.