28/08/2015

Os Narcisistas na Educação

            A área da educação anda muito carente de verdadeiros líderes. Tudo bem que não precisamos de um coração valente como Willian Wallace, mas é inquestionável que precisamos de um líder que seja capaz de transmitir a seus liderados ideais e ideias, que seja também capaz de promover uma dinâmica histórica, influindo ou edificando instituições, sejam elas privadas e/ou públicas.

            Hunter (2004) ressalta que a função do líder é executar as tarefas enquanto constrói relacionamentos, ou seja, é de suma importância a confiança nele, pois a confiança é vista como cola que gruda os relacionamentos.

            Para o autor, uma boa característica do líder é fazer valer as necessidades e não vontades, pois na primeira faz-se valer uma legítima exigência física ou psicológica para o bem-estar do ser humano e na segunda, se trata de um anseio que desconsidera as consequências físicas ou psicológicas do que se almeja alcançar.

            Hunter (2004) esclarece que o líder deve incentivar e dar condições para que seus liderados possam se tornar cada vez melhor, tanto profissionalmente quanto pessoalmente, e isso tem divergido do líder narcisista muito encontrado em nossa atualidade, principalmente na área da educação.

            Na música Sampa de Caetano Veloso, ele retrata que “Narciso acha feio o que não é espelho” e assim tem sido na educação. Estamos repletos de líderes narcisistas com egos inflados por quererem ver cada vez mais suas imagens refletidas.

            Maciel (2015) elucida que um líder narcisista poderá ser devastador para uma instituição. De acordo com a autora, este estilo de liderança encontra sustentação no exibicionismo, na grandiosidade, impiedade, frieza e desejo de dominar. É um líder tirano e cruel, a ponto de ignorar as necessidades de seus liderados, não aceitando críticas de forma alguma e vive cercado por bajuladores. Tais líderes são pessoas que fingem o tempo todo, certo interesse por seus subordinados, mas se assim o faz, é para se mostrar simpático a outros olhos.

            Para tal líder, seus liderados são apenas instrumentos para se fazer refletir sua própria imagem e inflar cada vez mais seu ego centrado apenas em seu umbigo.

            Quando se fala em líder, percebe-se então que se trata de uma combinação de estratégia e caráter, mas que os líderes narcisistas focam apenas as estratégias abrindo mão de seu caráter.

            Um bom líder, jamais abre mão de seu caráter, e com base nisso, Adair (2010, p. 77) ilustra que “50% da motivação encontra-se dentro de nós na forma de nossa reação a necessidades subjetivas, impulsos e valores. Os outros 50% dependem de nosso ambiente, especialmente a liderança que encontramos nele”, por isso, é importante termos bons líderes na educação, ou seja, se a educação está boa é porque encontramos bons líderes, em contrapartida, se a mesma estiver sofrível, é porque a mesma só está retratando o narcisista que temos como líder, e infelizmente, isso tem sido um reflexo congelado no espelho de nossa educação.

            Na educação tem acontecido muito o efeito Hawhorne, tal efeito diz que o aumento da produtividade está ligado com a atenção às pessoas, e isso, é algo que o líder narcisista desconhece, pois ele não vê pessoas, vê subordinados para colocar em ação a sua mais forte vontade e não a necessidade do coletivo e/ou instituição.

            Os líderes narcisistas estão sempre exigindo respeito enquanto os verdadeiros líderes estão conquistando respeito. Este tipo de liderança tão prejudicial a instituição e seus subordinados converge muito com a liderança autocrática, pois não acredita na participação efetiva de sua equipe e centraliza todas as decisões em si mesmo, para que sua imagem seja a mais nítida de todas.

            Este líder tem vigor e energia em suas tomadas de decisão, e costuma estar respaldado de “documentos” de forma a intimidar seus liderados, e a fazer o que ele “manda”. Este pseudo-líder não valoriza as competências e conhecimentos de seus subordinados, e o mesmo sempre está cercado de incompetentes e bajuladores.

            Independente outros tipos de lideranças que não foram mencionados aqui, pelo propósito de estarem em inferioridade, temos também a liderança liberal, democrático dentre outras mencionados nos acervos da administração e que deveriam ser estudadas por pessoas que ocupem cargos que deveriam ser de ocupadas por bons líderes.

            Baseado no texto acima, percebe-se que a liderança narcisista será a mais prejudicial tanto para a instituição quanto para seus  funcionários, pois nesta, não se leva em consideração a capacidade individual de seus liderados (gestão por competência e gestão da ignorância), não consegue trabalhar em um ambiente colaborativo e favorável ao crescimento tanto profissional quanto pessoal de seus liderados, além de não conseguir estimular as competências destes.

            Obviamente, se tivéssemos outros tipos de líderes na educação, os mesmos seriam abordados neste singelo texto, mas infelizmente, nossa educação apenas retrata nossos representantes que deveriam assumir o verdadeiro caráter de um líder e não se preocupar tanto com sua imagem refletida no espelho do descaso.

 

 

ADAIR, John. Liderança para Inovação: como estimular e organizar a criatividade para sua equipe de trabalho produzir ideias inovadoras.. São Paulo: Clio Editora, 2010

HUNTER, James, C..  O Monge e o Executivo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

MACIEL, Angela, O Narciso por trás do Líder. Edição 111, HSM Management: 2015, p. 114

 

 

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