OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO, FRENTE A ERA DIGITAL
Vera Maria Rodrigues Nascimento
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Suzana Roberta Silva
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educação Especial com enfase nos transtornos globais e altas habilidades. Primavera do Leste, MT.
Debora Oliveira dfos Santos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Ludopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.
Danielle Viana Demarco
Licenciatura plena em Biologia. Especialista em Atendimento Educacional Especializado. Primavera do Leste, MT.
Rozania Araujo de Alcantara
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Docencia Multidisciplinar na Educação Infantil e Anos Iniciais. Primavera do Leste, MT.
Ao longo dos séculos, a humanidade enfrenta desafios de sobrevivência, tais como: o descobrimento/invenção do fogo, o uso racional dos alimentos, a subsistência das comunidades, a comunicação eficiente e até mesmo os contratempos emocionais que estamos sujeitos dia após dia.
A comunicação não foi inventada, assim como a tecnologia também não. Elas sofreram modificações e evoluções [vale ressaltar que a palavra “evolução”, será tratada dentro dos contextos disponíveis em suas épocas – os motivos serão vistos adiante], onde se moldaram às diferentes gerações que se seguiram; e o mesmo acontecerá nos próximos anos, séculos e futuras colonizações.
Estas modificações transformaram a forma como nos comunicamos e nos relacionamos com as diferentes formas do conhecimento. As primeiras formas de comunicação, iniciaram-se com os sons, gestos e sinais que devido à um código que não era necessariamente pré-estabelecido, porém era compreendido dentro de um contexto macro.
Exemplifico com as batalhas que em meados de 7000 anos a.C. aconteciam simplesmente para sobrevivência ou até mesmo para impor força de determinados grupos nômades que surgiam e necessitavam defender os seus. Com seria possível seres humanos não se compreenderem a ponto de entrar em guerrilha? Como seria possível haver o consenso entre as partes, se não havia um código de comunicação sistematizado como temos hoje, através dos números, letras e códigos específicos?
Tais reflexões explicitam a existência de códigos de conduta comunicativa onde, gestos ou expressões corporais e emocionais poderiam desencadear consenso, como também gerar conflito entre os envolvidos. O próprio fogo se tornou objeto de poder e sobrevivência, onde os hominídeos do período neolítico buscaram manter a existência a partir do momento da criação de uma “pseudo” dependência desta “descoberta”.
Assim, nos atemos a palavra “evolução” e não “invenção”. A comunicação em si não foi inventada; ela já pré existia, como forma primitiva e não sistematizada, através de sinais, gestos, desenhos e/ou expressões; ou seja, havia uma comunicação, tanto que, atualmente na “era digital”, os códigos, emojis (símbolos) e gestos, são utilizados como forma de comunicação estrita e reduzida, onde a maioria dos viventes compreende o significado, sem ter lido nenhuma palavra codificada com letras e números.
Com isso, chegamos à tecnologia, que mesmo aplicada à sua época, se configurava como tecnologia; vejamos o fogo, por exemplo: foi possível tê-lo nas mãos a partir da compreensão de que raios que atingiam o solo, provocava grande claridade que ao ser percebida, era possível capturar como fogo; tempos depois, a fricção de objetos específicos poderia gerar também calor em forma de fogo. Tais aspectos, são de certo modo, tecnologias aplicadas ao contexto histórico da época.
Muitas outras possibilidades são tratadas como tecnologia; o telefone reduzidamente mecânico, configura-se como tecnologia, pois quando comparado aos recursos disponíveis à época, materializava-se uma evolução muito importante frente ao que se tinha disponível até aquele momento.
E chegamos ao contexto escolar, onde muitas “tecnologias” evoluíram e foram inseridas no dia a dia pedagógico e aos poucos, sendo cada vez mais utilizadas; tanto que aos amantes da educação, as expressões: tecnologia, tecnologia educacional, tecnologias da informação e comunicação (TIC), recursos tecnológicos e hoje recursos digitais; são muito conhecidas e propositalmente colocadas neste parágrafo em ordem cronológica de utilização.
Esta metamorfose de expressões demonstra a evolução até mesmo da percepção de como a tecnologia deve ser identificada dentro e fora dos muros escolares. Todavia, as abordagens tecnológicas, a utilização, os desafios de inserção, bem como outros são assuntos para reflexões futuras.
Nos atemos à “era digital” em si; que hoje é conhecida desta forma devido a inserção cada vez mais massificante dos seres, que são obrigados a conviver com tal realidade; uma vez que caminhamos para um futuro cada vez mais digital; porém, ousamos em dizer que o futuro é digital, mas a compreensão emocional de sobrevivência e convivência caminha para o analógico.
O público estudantil está cada vez mais soterrado de informações “digitais”, no entanto, a consciência critica tem sido realmente construída por um pequeno grupo; vejamos a crescente disseminação de informações falsas ou desprovidas de fundamento real. O simples compartilhamento indiscriminado de informações falsas, acidentalmente, intencionalmente; porém em grande parte sem a simples verificação crítica de leitura, tem crescido entre os jovens. Assim, a comunicação nunca se tornou tão simplista e primitiva como antes.
Ainda não regressamos à era neolítica [é claro e obvio, pelo mesmo princípio da evolução], pura e simplesmente por que nascemos e somos inseridos na realidade da fala, que substancialmente nos provoca a falar com os outros. No entanto, os comportamentos acríticos tem reduzido nossa parte pensante do encéfalo em simplesmente “ocupação de espaço”.
Assim, ressaltamos que é necessária uma evolução crítica do pensamento humano, uma vez que o surgimento da era digital, não nos faz mais inteligentes e críticos; ela nos insere em um contexto cada vez mais fluido e rápido, onde as “coisas” se processam com uma velocidade cada vez maior, e isto tem nos cobrado uma rapidez e não uma cegueira intelectual que nos embriaga a ponto de corromper nossa consciência construída ao longo dos anos vividos até o momento.
Não entenda que somos contra a tecnologia, era digital, evolução ou qualquer similaridade a estes. Somos a favor, e muito a favor de todas as evoluções, inclusive as tecnológicas, pois reconhecemos as contribuições explicitas delas. É inegável que nosso modo de viver e sobreviver nas sociedades atuais, foi completamente modificada com a democratização da tecnologia e do acesso a ela. Até para escrever estas palavras e faze-las chegar até você leitor, fomos condicionados a utilizar um recurso tecnológico e promover a democratização deste por meio de uma forma de comunicação digital. Portanto, não somos contra, e sim a favor.
Todavia, nossa reflexão converge para a “evolução” das formas de comunicação, que intrinsecamente chega à “era digital” e que hoje é consumida indiscriminadamente pelos viventes, em especial os estudantes, que se inserem neste [uni]verso, [sim, [uni]; pois, são tantos versos, que nos perdemos até em nosso uni-verso], e consomem informações múltiplas com tantas facetas, que fica difícil reconhecer a face da verdade, da criticidade e das informações úteis que promovam um crescimento intelectual e estimulem a plasticidade cerebral crítica e reflexiva da vida, da sobrevivência, da humanidade, das emoções, do convívio e das relações humanas.