27/09/2005

ONG cria carteira escolar inclusiva

O Brasil dá mais um passo em favor da inclusão da criança portadora de necessidades especiais. Depois de dois anos de trabalho e pesquisa, a ONG mineira Noisinho da Silva apresenta o protótipo da Carteira Escolar Inclusiva (CEI), projeto pioneiro no mundo, que visa a inclusão da criança portadora de necessidades especiais. O protótipo da CEI será apresentada ao público no dia 26 de setembro, às 20 horas, no Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte/MG, com a presença de profissionais de educação e design de todo o País.

A carteira é o resultado de pesquisas, que envolveram profissionais das áreas de design, arquitetura, fisioterapia e terapia ocupacional, além de educadores e pais de crianças portadoras de deficiência. Desde 2003, 28 escolas da região metropolitana de Belo Horizonte foram analisadas e mais de 3 mil estudantes, de 6 a 12 anos, foram entrevistados. Essas crianças tiveram suas medidas presentes em um banco de dados antropométricos, único no Brasil, foi o que definiu o tamanho que a carteira escolar deveria ter.

O resultado é uma carteira composta por mesa e cadeira, de plástico rotomoldado resistente (o mesmo usado em parques infantis), material atóxico, sem quinas e em um formato atraente, colorido, que desperte a criatividade das crianças.

O trabalho que gerou o protótipo da CEI custou R$ 600 mil, sendo R$ 500 mil patrocinados pela Petrobras e o restante com recursos próprios da ONG. O balanço financeiro da entidade está disponível na internet, no site www.noisinhodasilva.org.br.

O desenvolvimento técnico foi feito em parceria com o escritório Índio da Costa Design, do Rio de Janeiro.

A Carteira Escolar Inclusiva

As carteiras escolares disponíveis no mercado, e conseqüentemente, nas escolas de todo o mundo não atendem adequadamente as crianças pesquisadas. Não há regulagem de tamanho, distância entre a mesa e cadeira (no caso das carteiras de braço), estabilidade etc. Com isso, as crianças deficientes são obrigadas a utilizar carteiras adaptadas, bem diferente das utilizadas pelos seus colegas, o que acaba gerando uma discriminação.

O novo modelo pode ser utilizada por todas as crianças, deficientes ou não. A CEI é composta por mesa e cadeira.

A criança (deficiente ou não) pode ajustar a altura da cadeira e do encosto das costas. O acento é ondulado, o que facilita a estabilidade da criança na cadeira, evitando que ela escorregue ou sente com uma postura inadequada.

Para atender as crianças com paralisia cerebral, a cadeira possui acessórios que podem ser colocados pela professora, em questão de segundos. Um cinto de segurança, que deixa a criança firme na cadeira, sem escorregar, e um encosto para os pés.

Possui as seguintes regulagens:

. Regulagem de altura do assento ao chão, com altura mínima de 27 cm e altura máxima de 45 cm;
. A altura da cadeira, do chão ao topo do encosto,varia de 56 cm à 86 cm;
. Regulagem da profundidade do assento, possuindo uma variação de 14 cm, indo de 29cm à 43 cm;
. Regulagem do encosto lombar ao assento, tendo altura mínima de 27 cm e máxima de 40 cm;
. O tampo da mesa é adaptável e pode ser inclinado (16°, 30° e 90°) para facilitar a leitura das crianças, principalmente aquelas com dificuldades de visão. A altura da mesa também pode ser adaptada;
. Há espaço para guardar os materiais escolares (lápis, borracha, cadernos e livros).

A cadeira possui as seguintes regulagens:
. Regulagem de altura da mesa em relação ao chão, com altura mínima de 49 cm e máxima de 80 cm;
. Regulagem de largura da mesa, tendo mínima de 73 cm e máxima de 89 cm;
. Regulagem de inclinação do tampo da mesa em três níveis 0º, 16º e 30º de inclinação;
. Todas as regulagens possuem travas de segurança, que evitam incidentes com as crianças;

A manutenção da CEI pode ser feita pela própria escola. Os mecanismos são simples e as peças de reposição estão disponíveis no mercado, com preços acessíveis.

Normatização

A carteira segue rigorosamente as normas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), instituições que normatizam, respectivamente, as dimensões do mobiliário escolar e da acessibilidade dos portadores de necessidades especiais.

O projeto da CEI também segue a portaria do Inmetro. Como a carteira ainda está no protótipo, ela ainda não foi analisada pela instituição, mas assim que o primeiro produto for produzido, em escala industrial, será enviado para a realização dos testes e emissão do certificado pela instituição.

Comercialização

A Noisinho da Silva está à procura de uma empresa nacional que fabrique e comercialize a Carteira Escolar Inclusiva para todo o país, com qualidade e com um preço acessível às escolas.

A intenção é que a CEI esteja disponível no mercado já para o início do ano letivo de 2007.

Deficiência no Brasil

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, mostram que 14,5% da população brasileira possui algum tipo de deficiência (física, mental, auditiva ou visual).

Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, de 2003, projeta que até 2025, o percentual de deficientes no Brasil vai aumentar para 18,6%, um crescimento de quase 30%.

A ONG Noisinho da Silva

A Noisinho da Silva é uma organização não-governamental que busca a inclusão social de crianças portadoras de necessidades especiais.

Criada em Belo Horizonte, em 2003, a ONG utiliza o conceito de design universal como principal ferramenta de inclusão. Formada por arquitetos, fisioterapeutas e designers, a entidade desenvolve mobiliário que atenda as necessidades tanto das crianças portadoras de alguma deficiência, quanto as ditas normais.

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