O Vôo da Guará Vermelha
O Vôo da Guará vermelha é um exuberante romance da escritora, Maria Valéria Rezende, publicado no ano de 2005. A escritora é paraibana irmã da Congregação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho.
A obra narra à vida de dois personagens: “ROSÁLIO” e “IRENE”, o primeiro é um pobre coitado analfabeto, que não tinha nome e nem foi batizado, portanto era uma pessoa sem identidade, cujo nome foi inspirado em uma professora que se chamava ROSÁLIA que com um tempo foi embora com um cavalheiro deixando muita gente sem saber ler e escrever, contudo o nome é bem simbólica, pois as características da professora é tal qual uma rosa que floresce alegria e bondade.
Rosálio para sobreviver na cidade grande trabalha em construções de edifícios como servente de pedreiro, sonha em aprender a ler e escrever, pois faz de tudo para navegar no mundo das escritas, viaja por inúmeros lugares na tentativa de realizar seu maior desejo, por não ter habilidade de leitura e escrita, é observado como um sujeito ingênuo que não tem nenhuma malícia, por conseguinte é enganado de várias formas.
Após ter rondado pelas mil e umas localidades, Rosálio encontra a mola mestre que lhe faltava: Irene, uma mulher que para garantir o alimento do seu filho, que é criado por uma bondosa senhora, vende seu corpo, a prostituta teve um grande amor no passado que, até então, o esperava com um caderninho escondido debaixo do colchão para escrever a sua história, contudo o ex - amor nunca apareceu e quando menos espera surge, Rosálio, o servente de pedreiro que tem sede por leituras, mas não sabe ler, Irene é louca para escrever, no entanto, não tem histórias para relatar, portanto uni-se o útil ao agradável, Irene ensina Rosálio a ler e escrever, em troca o homem ingênuo retrata para a “escritora” as suas fabulosas histórias, ambos com desejos diferenciados, porém essas diferenças se completam, por conseguinte essas atitudes de contar histórias resgata a cultura popular que envolve valores morais e sociais. E assim o romance vai desenrolando com muita perspicácia, aventura e maravilhosas emoções.
A autora traz à tona esses costumes populares que parecem ter adormecidos, e nunca mais foram despertados, talvez isso aconteceu pela modernidade, o surgimento de tantas coisas acabou deixando as pessoas cegas para suas próprias culturas. Mas não é nesse romance que isto acontece, no entanto Maria Valéria preenche suas escritas com muitas simbologias resgatando o popular.
O romance é de autoria feminina, a qual traz toda sensibilidade que só uma mulher sabe manifestá-las, envolve o leitor do inicio ao fim, mostra a condição de dois personagens que fazem parte da mesma esfera social, porém excluídos da outra gama da sociedade por isso que na capa tem o nome “FORA DOS EIXOS”, isto explica a condição dos personagens na narrativa.
A obra em si é uma critica social, expressa diferenças culturais e econômicas, Maria Valéria Rezende, escreve não é porque acha a literatura bonita, interessante,mas sim, para atacar as classes dominantes o ( governo), explicita a precária realidade que ainda existe nas grandes cidades, na tentativa de mostrar que as classes inferiores ainda precisam de ajuda das superiores, é um grito pela DEMOCRACIA em um país que diz ser “DEOMCRATICO”, isso, só ocorre na teoria, mas na prática, o que é pregado é a anti-democracia, que expressa uma triste desigualdade social.
O inicio do romance situa o leitor ao ambiente cujos fatos serão desenvolvidos apresentando os personagens. Por conseguinte o momento o qual Rosálio inicia a sua história dentro do quarto com Irene e o fato do desenrolar da história está baseado na busca de se alfabetizar, foi à principal causa que desencadeou a conseqüência dos outros acontecimentos, sobretudo está engajado a verossimilhança, pois esta é inserida nesse campo cujo envolvimento dos casos tem uma lógica, ou seja, existe uma verdade. Outro ponto bastante identificável o qual não poderia deixar de ser mencionado é a Mimese, está bastante claro na narrativa é impregnada na realidade com a vida real, que é analisado na vida de Rosálio e Irene, todo ser humano ao nascer é inserido em um meio social, de modo que aos poucos vai aprendendo as regras de condutas comportamentais vai refletindo os seus costumes sociais, religiosos e culturais. Contudo à forma de como é narrado o romance provoca inúmeras surpresas.
Quanto ao espaço da obra, é fechado, portanto os acontecimentos que são relatados surge do fluxo interior do narrador personagem (ROSÁLIO), as cores representam simbologias que acontecem na narrativa, cada situação é mudada as cores representando os acontecimentos, as letras mudam de tamanhos e Irene é a Guará vermelha doente com (HIV), que voa para a liberdade, pois as histórias narradas por Rosálio liberta desse mundo aflito o qual passa a ser esquecido,pois penetram em outro universo.
A linguagem é fácil de entender ocorrendo uma metalinguagem ao passo que conta uma história dentro de uma obra essa mesma obra é produzida, Portanto a leitura alcança não só um público restrito, mas sim abrange a todos os grupos de níveis sociais com a intenção de escancarar a bruta realidades social.