19/10/2022

O Uso do Minoxidil No Tratamento Da Alopecia Androgenética

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MENDONÇA, João Paulo Santos Neves.*;

LIMA, Mileny Cavalcante Souza.**;


* Professor Orientador. Docente na Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste. Mestre em Ciências da Educação. Especialista em Docência do Ensino Superior. Graduado em Química e Pedagogia.

**Graduanda pela Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste.


      A alopecia androgenética (AAG) é caracterizada pela queda parcial ou total de pelos, principalmente dos cabelos, podendo levar o indivíduo a calvície, sendo de caráter transitório ou definitivo. É classificada como uma doença crônica dermatológica multifatorial, relacionada com o estímulo hormonal androgênico, com progressiva formação de fios mais finos e menos pigmentados, devido ao processo não cicatricial do folículo piloso pelo encurtamento da fase anágena (BARBOSA, 2015; SOUZA et al, 2017; PEREIRA et al, 2022).

      Em relação a incidência da alopecia, a faixa etária de pacientes que buscam tratamento é de 15 a 39 anos, com 80% de acometimento. Sendo 12% caucasianos e do sexo masculino, com idade entre 18 e 29 anos, e 50% dos casos entre 40 e 49 anos. No sexo feminino, a maior prevalência na população acima de 45 anos com taxas de 40% a 50%. (CHAVES et al, 2021).

      As manifestações da AAG nas mulheres podem estar associadas a diversos fatores como acne, obesidade, irregularidades nos ciclos menstruais, síndromes metabólicas, acometendo a região central do escalpo. Já nos homens, as áreas afetadas são a região frontal bilateral e coronal (CHAVES et al, 2021).

      Apesar de não apresentar sintomas clínicos prejudiciais ao paciente, a queda de cabelo provocada pela alopecia, pode gerar problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, visto que o cabelo está diretamente associado a um padrão de beleza, pondo em evidência a necessidade de um tratamento eficaz para esta doença dermatológica (SOUZA et al, 2017).

      O diagnóstico pode ser feito através de investigação de história com início gradual, com ocorrência na fase de puberdade, sem necessariamente apresentar histórico familiar de calvície. Porém não existe um método diagnóstico padrão para a detecção da alopecia androgênica, sendo o exame físico com anamnese completa o mais utilizado (PEREIRA et al, 2022).

      A terapêutica para a AAG consiste em retardar o processo de queda capilar, com aumento da cobertura do couro cabeludo, através de tratamentos sistêmicos como o uso do Minoxidil, que age estimulando os folículos da fase telógena (repouso) para a fase anágena (crescimento), com a liberação prematura dos fios (HO et al, 2021). Com isto, o presente trabalho tem como objetivo abordar o uso do Minoxidil como fonte terapêutica da alopecia androgenética, apresentando seus benefícios e efeitos adversos, através de revisão da literatura.

ALOPECIA ANDROGENÉTICA

      A alopecia androgenética é um distúrbio geneticamente predeterminado devido à resposta excessiva aos andrógenos. É caracterizada pela perda progressiva dos pelos terminais do couro cabeludo após a fase da puberdade, podendo acometer homens e mulheres. Nos homens, a perda de cabelo é mais proeminente no vértice e nas regiões frontotemporais, e nas mulheres a perda de cabelo ocorre na região apical difusa (HO et al, 2021). A etiologia sugere uma predisposição genética, com a causa relacionada a uma resposta exacerbada ao andrógeno (HO et al, 2021).

FISIOPATOLOGIA DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA

      A fisiopatologia da AAG é caracterizada pela ativação excessiva que leva a miniaturização folicular através de uma fase anágena progressivamente mais curta, resultando em folículos pilosos mais finos e mais curtos que não podem penetrar na epiderme. Os pacientes portadores desse distúrbio dermatológico apresentam maior produção de di-hidrotestosterona e níveis mais altos de 5 alfaredutase e receptores androgênicos no couro cabeludo (CZUBATKA et al, 2014; HO et al, 2021).

      A duração da fase anágena depende diretamente da testosterona e da enzima 5 alfa-redutase, que irá realizar a conversão deste hormônio no metabólito ativo di-hidrotestosterona, se ligando a receptores androgênicos presentes nas células do bulbo do folículo piloso, promovendo processos que reduzirão a anagênese (BARBOSA, 2015).

TRATAMENTO PARA ALOPECIA COM MINOXIDIL

      O Minoxidil surgiu na década de 70, sendo administrado por via oral no tratamento de hipertensão arterial, apresentando como um de seus efeitos colaterais o crescimento exacerbado de pelos nos pacientes (NEGRÃO, 2022). Sendo assim, este medicamento passou a ser um dos principais utilizados no tratamento de AAG. Acredita-se que se mecanismo de ação se dá pela conversão de sua forma ativa no folículo, através da ação de fenolsulfoiltransferase. Atua como um bloqueador dos canais de potássio, alargando os vasos sanguíneos, permitindo maior aporte de oxigênio, sangue e nutrientes aos folículos, promovendo e prolongando a fase anágena, através do retardo da progressão da miniaturização folicular (BARBOSA, 2015; NEGRÃO, 2022; TOUGUINHO, 2022).

      Porém seu uso pode acarretar alguns efeitos adversos graves como: doença cardíaca isquêmica, pericardite, derrame pericárdico, hipertensão, insuficiência cardíaca, erupções cutâneas. A maioria destes efeitos, podem decorrer de dosagens altas ou por automedicação, com sua dosagem ideal para tratamento variando de 5 a 40 mg ao dia (NEGRÃO, 2022).

      A alopecia androgenética pode ser extremamente variável, tendo início com queda ou rarefação de pelos, geralmente após a adolescência. Apresenta uma forte pré-disposição genética que define a extensão e a gravidade do quadro clínico (FREITAS et al, 2018).

      Sua fisiopatologia está relacionada com o desenvolvimento do folículo piloso que passa por três fases de formação sendo elas a fase anágena ou proliferativa, a fase catágena ou involutiva e a fase telógena ou de repouso. A ocorrência de AAG ocorre com o encurtamento da fase anágena, onde ocorre o crescimento capilar e um alongamento da fase telógena, promovendo assim uma diminuição no número de pelos terminais (FREITAS et al, 2018; LOURENÇO, 2022; NEGRÃO, 2022).

      Outro fator importante são os níveis de andrógenos que estão elevados nos indivíduos, este fato pode estar relacionado a uma herança autossômica dominante. A AAG surge quando os folículos pilosos são estimulados pela testosterona, que irá sofrer ação da enzima 5-alfa-redutase, que por sua vez será convertida em di-hidrostestosterona, que irá promover a miniaturização folicular progressiva dos pacientes predispostos a condição (BRASIL, 2021; NEGRÃO, 2022).

      Em relação ao tratamento o medicamento avaliado como primeira opção terapêutica é o Minoxidil, que atua ativando os canais de potássio, mediado por ATP presente na musculatura lisa, levando a hiperpolarização e relaxamento do músculo liso arteriolar, promovendo vasodilatação arteriolar. O seu uso na AAG consiste em prolongar o curso da miniaturização folicular, aumentado a densidade capilar e o couro cabeludo (SOUZA, 2017).

      Apesar dos seus efeitos terapêuticos eficazes, seu uso deve ser feito com moderação e limitação devido a efeitos adversos graves, que incluem retenção de líquido, problemas cardiovasculares e hipertricose, apresentando dose ideal para tratamento entre 5 a 40 mg ao dia (SOUZA, 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      A alopecia androgenética é uma doença crônica dermatológica, caracterizada pela queda parcial ou total de pelos, principalmente dos cabelos, podendo levar o indivíduo a calvície com maior prevalência entre os indivíduos de 15 a 39 anos, sendo a maioria caucasianos.

      Apesar de não apresentar sintomas graves, a AAG pode afetar diretamente a saúde psicológico dos pacientes ao alterar características físicas importantes para manter um padrão de beleza, como a queda dos cabelos. Com isto, mostra-se a necessidade de tratamentos eficazes para amenizar o quadro clínico.

      O minoxidil foi introduzido na indústria farmacêutica para tratar a hipertensão grave, promovendo como efeito colateral a produção de pelos nos indivíduos que o consumiam. Este fato fez com o que este medicamento se tornasse a primeira opção de tratamento para a alopecia androgenética, atuando como um bloqueador dos canais de potássio, alargando os vasos sanguíneos, permitindo maior aporte de oxigênio, sangue e nutrientes aos folículos, promovendo e prolongando a fase anágena, através do retardo da progressão da miniaturização folicular.

      Porém seu uso deve ser feito com indicação médica e utilizado dentro das doses terapêuticas estipuladas para que os usuários não sofram com efeitos colaterais graves provocados por uso em excesso ou automedicação.

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