14/01/2014

O Sistema Seriado de Avaliação como Integração entre a Educação Básica e a Educação Superior: Uma Proposta na Universidade de Pernambuco

Ernani Martins dos Santos – UPE
ermasantos@gmail.com
Izabel Christina de Avelar Silva – UPE
izabel.avelar@gmail.com


Resumo
O acesso à Universidade e seus diferentes modelos de seleção, historicamente, sempre influenciaram a organização da Educação Básica, principalmente o Ensino Médio. O Sistema Seriado de Avaliação (SSA) foi implantado na Universidade de Pernambuco em 2008. Sua finalidade precípua, muito além de selecionar para o ingresso ao nível superior, foi de convergir os sistemas de acesso à Educação Superior e à Educação Básica, reconhecendo os objetivos próprios do Ensino Médio: formação para a cidadania, e preparação geral para o mundo do trabalho - desenvolvimento de competências e habilidades. O SSA tem por objetivo avaliar o candidato gradualmente em todos os anos do Ensino Médio. Implantar um processo avaliativo do Ensino Médio no Estado de Pernambuco, garantindo a seleção meritória ao final dos três anos avaliados, e estabelecer uma verdadeira integração entre a Educação Básica e Superior, foram os grandes focos a serem perseguidos. No processo avaliativo não existem provas específicas nem pesos específicos para as disciplinas avaliadas, garantindo ao estudante a possibilidade de apropriar-se com igual potencialidade do conhecimento das diferentes áreas do Ensino Médio. As disciplinas tidas como basilares para sua futura formação na graduação não precisam ser enfatizadas na sua formação básica, ou no nível da prova aplicada. Como resultados parciais, temos uma retroalimentação dos setores de educação pública e privada, avaliando o efeito da Educação Básica nos estudantes avaliados no processo e a interação com a Comunidade Acadêmico-Científica, estimulando estudos e discussões sobre os resultados observados e debates com a comunidade escolar das situações levantadas.  Além da prática estabelecida, onde o estudante tem acesso ao seu desempenho global e por disciplina, as escolas podem apropriar-se desses resultados para estudar mudanças que se fizerem necessárias nos aspectos pedagógicos e metodológicos das práticas escolares. A construção de um novo modelo de acesso à Educação Superior, só se justifica quando o objetivo maior é a qualificação da Educação Básica, sobretudo, no caso em particular, o Ensino Médio.

Palavras-chave: Avaliação Seriada; Educação Básica; Educação Superior; Políticas Públicas.

Introdução: Caminhos trilhados
O Sistema Seriado de Avaliação (SSA) foi implantado na Universidade de Pernambuco (UPE) em 2008. Sua finalidade precípua, muito além de selecionar para o ingresso ao nível superior, foi de convergir os sistemas de acesso à Educação Superior e à Educação Básica, reconhecendo os objetivos próprios do Ensino Médio: formação para a cidadania, e preparação geral para o mundo do trabalho, desenvolvimento de competências e habilidades. Considerado como uma política alternativa de ingresso no Ensino Superior, o SSA tem por objetivo avaliar o candidato gradualmente em todos os anos do Ensino Médio.
Implantar um processo avaliativo do Ensino Médio no Estado de Pernambuco, garantindo a seleção meritória ao final dos três anos avaliados, e estabelecer uma verdadeira integração entre a educação básica e superior, eram os grandes objetivos a serem perseguidos. Assim, foi assumido, como eixo norteador, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000), além da busca por uma aprendizagem significativa (MORETTO, 2010).
Com foco no processo, estabeleceu-se a ideia do conhecimento a serviço da transformação da sociedade, do desenvolvimento do estado, de colaboração, complementaridade e integração dos conteúdos das diferentes áreas do conhecimento, trabalhadas na Educação Básica, servindo de suporte para o desenvolvimento de competências e habilidades.
Pautado na perspectiva de contextualização, a elaboração de programas e itens passou a criar oportunidades para o estudante, a partir de experiências concretas, que visam à significação da sua aprendizagem, sistematizadas nas áreas das Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa e Língua Estrangeira); Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Física, e Química), Matemática e suas Tecnologias (Matemática) e Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia e Sociologia).
O Estímulo para novos modelos de avaliação e metodologias de ensino é sem dúvida uma responsabilidade da Educação Superior, a ser levada à Educação Básica. A Universidade é o lócus privilegiado de Formação de Professores e Inovações Pedagógicas.
Compreendendo a responsabilidade institucional com as mudanças, à Universidade de Pernambuco não coube apenas ouvir o Ensino Médio, mas compartilhar decisões. O diálogo com os gestores públicos e privados foi estabelecido no momento da construção do sistema avaliativo e, sobretudo, ao final do primeiro ciclo de três anos, período definido para a avaliação contínua do Sistema Seriado de Avaliação da UPE, onde as mudanças mais significativas, rumo ao aprimoramento pedagógico, foram estabelecidas. Dessa mesma forma, incursões foram feitas para qualificar as bancas elaboradoras de itens, tanto na capacitação dos membros, quanto na escolha dos que tinham experiência no trabalho com a Educação Básica. Assim, passou-se a trabalhar, dentre outros aspectos, a capacidade de estabelecer diálogos entre as várias áreas do saber que sustentam a construção do conhecimento na escola do Ensino Médio.
Realizado em três anos consecutivos, correspondentes aos anos de realização do Ensino Médio, os alunos que se submetem a esse processo são avaliados no que concerne aos conhecimentos relativos às disciplinas trabalhadas nesse nível de escolaridade: Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, Física, Química, História, Geografia, Sociologia, Filosofia e Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol). Ressalta-se que esses conhecimentos estão embasados na Matriz Curricular de Referência para o Ensino Médio de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2008), bem como nas habilidades e competências para o Ensino Médio, designadas pelo Ministério da Educação.
No SSA não existem provas específicas, garantindo assim, ao estudante, a possibilidade de apropriar-se com igual potencialidade do conhecimento das diferentes áreas do Ensino Médio. As disciplinas tidas como basilares para sua futura formação na graduação não precisam ser enfatizadas na sua formação básica, ou no nível da prova aplicada, naturalmente são compreendidas de forma diferenciada pelos estudantes, alicerçada na vocação de cada candidato à Educação Superior.
Nos primeiros dois anos do processo, chamados de SSA 1 – Primeira Fase e SSA 2 – Segunda Fase, os estudantes são submetidos a uma avaliação com 90 questões, por fase, em dois dias de provas, onde a disciplina de Língua Portuguesa tem o maior volume de questões (doze) e as disciplinas de Sociologia, Filosofia e Língua Estrangeira o menor volume (seis). As demais disciplinas são avaliadas em número de dez questões cada uma. No último ano, SSA 3 – Terceira Fase, a avaliação aplicada com os estudantes é organizada num conjunto de 100 questões, tendo-se um acréscimo de duas questões em Matemática, duas em Sociologia, duas em Filosofia e quatro questões em Língua Estrangeira, além da realização de uma prova de Redação. A decisão da distribuição do número das questões, para a composição de cada uma das avaliações, pautou-se na participação dessas disciplinas na organização curricular da Educação Básica, em específico no Ensino Médio.
As notas do SSA1 e SSA2 (primeira e segunda fases) são compostas pelo somatório do número de pontos obtidos no conjunto de blocos das questões das provas de cada uma dessas fases. A nota do SSA3 é a média aritmética ponderada das provas de conteúdos sobre as disciplinas (peso 7,5) e a redação (peso 2,5). Nessa última fase, quem não alcançar o mínimo de 20% de acertos, em relação a maior nota obtida, no somatório do conjunto de pontos dos três anos de avaliação; não obtiver, pelo menos, um acerto em cada um dos conjuntos de questões das disciplinas que compõe a avaliação do SSA3, e não alcançar o mínimo de dois pontos na redação será considerado reprovado. É importante ressaltar que todas as questões, independente da disciplina/área do conhecimento, possuem a mesma pontuação. A nota final do candidato, ao término dos três anos de avaliação, é obtida pela média aritmética ponderada das notas de cada uma das três fases, sendo o peso da primeira fase 3, da segunda fase 3 e  4 para a terceira fase do SSA.
Para o Sistema Seriado de Avaliação, assim como acontece no Vestibular Tradicional da Universidade, manteve-se a determinação de vagas por cotas, conforme a resolução CONSUN Nº 10/2004 e Nº 006/2007, alteradas pela Resolução CEPE Nº 20/2009 e ratificada pela Resolução CONSUN Nº 015/2010 da Universidade de Pernambuco, que determinou 20 % do total das vagas da Universidade para ingresso diferenciado aos estudantes de escola pública estadual ou municipal.

A Avaliação dos Estudantes diante dos Sistemas Educacionais e os Nossos Objetivos
O grande propósito do Sistema Seriado de Avaliação é retroalimentar os setores de educação pública e privada, avaliando o efeito da Educação Básica nos estudantes avaliados no processo e interagir com a Comunidade Acadêmico-Científica, estimulando estudos e discussões sobre os resultados observados, discutir com a comunidade escolar, estudantes e pais de alunos as situações levantadas.  Além da prática estabelecida, onde o estudante tem acesso ao seu desempenho global e por disciplina, as escolas podem apropriar-se desses resultados para estudar mudanças que se fizerem necessárias nos aspectos pedagógicos e metodológicos das práticas escolares.
É fato que, contemporaneamente, os estudantes têm mensurado seus desempenhos e os da sua escola, comparando-os aos demais e pode então, realizar esforços para elevação dos seus escores. Aos pais e responsáveis, surge então, mais uma ferramenta de acompanhamento da vida escolar dos seus filhos. 
A construção de um novo modelo de acesso à Educação Superior, só se justifica quando o objetivo maior é a qualificação da Educação Básica, sobretudo, no caso em particular, o Ensino Médio. À Universidade cabe a responsabilidade de influenciar a matriz de conhecimento da Educação Básica, formar profissionais competentes para atuação nesse nível de Ensino e, sobretudo estabelecer uma perene busca por inovações pedagógicas.
Considerando-se o desenvolvimento do Sistema Seriado de Avaliação, ao longo desses anos, constatou-se a necessidade de desencadear uma avaliação dos resultados/impactos dessa política de ingresso nos cursos da instituição. Era preciso verificar se os objetivos traçados inicialmente para o SSA vinham sendo alcançados, descobrir os pontos fortes e/ou pontos frágeis dessa forma de acesso ao Ensino Superior foram essencial para viabilizar uma análise mais aprofundada sobre a temática e contribuir para melhoria do processo instituído.
A criação do SSA na Universidade de Pernambuco mostra a preocupação e comprometimento social da instituição com as questões relativas à inserção de jovens egressos do Ensino Médio, através de políticas alternativas que privilegiem a aprendizagem efetiva, e não apenas a memorização de conteúdos.
Embora a participação dos alunos no SSA venha aumentando progressivamente ano a ano, considera-se importante destacar ainda que ele possa ser uma estratégia para que a educação pública e privada de Ensino Médio possa melhor contribuir para a inserção social de seus alunos, cuidando, assim, para que esses estejam formados de uma forma melhor para disputar uma vaga no ensino superior, já que a maioria, por barreiras sociais, econômicas, culturais e educacionais impostas, não pode, entre outros benefícios, dispor daqueles recursos propiciados pela indústria do pré-vestibular e consolidar a opção por uma carreira profissional.
Dessa forma,
considerando a inexistência de análises das informações geradas pelo Sistema Seriado de Avaliação (SSA), realizado pela Universidade de Pernambuco ao longo dos últimos anos, que já contabilizou três ciclos avaliativos;
considerando que os dados gerados nesse processo avaliativo podem constituir-se num importante instrumento para o estabelecimento das mudanças necessárias para a qualificação da Educação Básica e, em particular, do Ensino Médio;
considerando o papel colaborativo e a responsabilidade da Educação Superior, como formadora para a Educação básica, de reconhecer os efeitos das ações pedagógicas desenvolvidas nesse nível educacional;
considerando a responsabilidade da Universidade de Pernambuco em disponibilizar as informações geradas pelo processo avaliativo SSA, como parte fundamental do programa e, em especial, sua determinação em oferecer subsídios para a qualificação do Ensino Médio;
e, por fim, mas não menos importante, considerando o desafio de articular a Educação Básica a Educação Superior,
Estudos, como o que aqui apresentamos, tem tido uma importante repercussão no âmbito da educação do estado, tornando-se relevantes aliados para a avaliação das políticas públicas educacionais, para os estudantes e sociedade pernambucana.
Para orientar nossas a busca de respostas às dúvidas e questões que nos perseguem, construímos como objetivo da presente pesquisa: Avaliar o Ensino Médio em Pernambuco, a partir da base de dados do Sistema Seriado de Avaliação, realizado pela Universidade de Pernambuco entre os anos de 2008 a 2014.
Como objetivos específicos:
 Implantar um Processo Avaliativo do Ensino Médio no Estado de Pernambuco;
  Estabelecer uma verdadeira integração entre Educação Básica e a Superior;
  Assumir, como eixo norteador, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e a busca por uma Aprendizagem Significativa;
 Contribuir com a melhoria da qualidade da Educação Básica no Estado de Pernambuco e consequentemente com o seu desenvolvimento;
 Selecionar para o ingresso na Educação Superior.

O nosso olhar teórico para o estudo 
A avaliação é um componente presente em diferentes campos e espaços sociais, suas diversas possibilidades de expressão têm gerado uma polissemia conceitual e metodológica. Avaliação focada para a utilização inclui a coleta sistemática de informações sobre atividades, características e resultados de ações. O propósito da avaliação é então, conhecer para fazer julgamentos sobre ações e tomada de decisões e replanejamento.
Contudo, cabem parênteses nessa discussão, quando a avaliação deixa de ser pontual e dá lugar ao monitoramento como ferramenta de um processo de planificação, tem–se a necessidade de se estabelecer um sistema de informação. A transformação de dados em informações para a utilização nos processos avaliativos e de planejamento, requer a formulação de perguntas que deverão orientar sua análise, atribuindo significados aos achados empíricos.
O ato pedagógico contém três elementos essências: o planejamento de metas, sua execução propriamente dita e a avaliação que podem e devem estar intrinsecamente ligadas. A prática avaliativa operacional tem partida numa ação planificada, direcionada e com o desejo claro e definido de sucesso. A avaliação operacional subsidia o sucesso na ação planejada, ela subsidia o investimento na busca dos melhores resultados. Sem essa finalidade a avaliação operacional não faz sentido, nem mesmo existe (LUCKESI, 2011).
A função da avaliação sob o ponto de vista operacional pode ser considerada a serviço do sucesso de uma ação planejada e com eficiência construída. Para quem define e é gestor de políticas educacionais, por exemplo, não interessa qualquer resultado, mas sim o resultado esperado e definido em metas (LUCKESI, 2011).
A educação tem como finalidade suscitar o desenvolvimento humano, que abrange aspectos filosóficos, políticos, pedagógicos, didáticos e sociais. Ao pensar numa avaliação dessas ações pedagógicas se faz necessário pensar um amplo espectro de questões que revele sua verdadeira dimensão. Ao estabelecer a avaliação operacional, muito mais de que pontualmente se conhecer dados, estabelece-se uma avaliação política da ação pedagógica, dos propósitos estabelecidos nos Projetos Políticos Pedagógicos das instituições educacionais (LUCKESI, 2011).
A avaliação externa da educação básica tem sido prática usual nos últimos anos, envolvendo escolas e sistemas de ensino. Tem sido fortemente debatido entre a comunidade acadêmica e de dirigentes, com foco ligado à qualidade, às medidas em educação, à responsabilização por resultados e prestação de contas (HORTA NETO, 2010).
Nos últimos anos, muitos países vêm investindo importantes recursos na realização de avaliações externas, através de provas aplicadas aos alunos que tem como finalidade verificar a aquisição de conhecimentos, habilidades e competências necessárias a conclusão de um nível ou ciclo do sistema educativo. Dois pressupostos orientam a realização dessas avaliações: a indicação de referenciais de qualidade e de referenciais objetivos para avaliação de conhecimentos e competências (HORTA NETO, 2010).
Tais aspectos iluminam a compreensão sobre avaliação, conceito polissêmico que vai mais além da medição de resultados, deve apontar caminhos para o aperfeiçoamento das políticas educacionais. Nesse ponto é necessário estabelecer-se uma diferenciação entre prova e sistema de avaliação. A prova é um evento único e independente, que enfatiza tão somente um conjunto de objetivos cognitivos. O sistema de avaliação lança mão de diferentes aspectos que permitem identificar outras características que indiquem como se comporta a ação pedagógica de ensino-aprendizagem em dados espaços (HORTA NETO, 2010).
A avaliação em qualquer de suas acepções deve ter um importante caráter formativo, focando no ideário de que compreender melhor uma realidade resulta na oferta de informações capazes de (re)significar práticas. A avaliação deve ter consequências, para além do informe de resultados. Atitudes devem ser tomadas no sentido de buscar superar os problemas obtidos (HORTA NETO, 2010).
Avaliar como crítico de um sistema educacional que tem um desempenho abaixo do considerado ideal, per se, não fará com que ele seja adequado. É preciso identificar a causalidade dos problemas e identificar caminhos para superá-las. A instituição de um sistema avaliativo não pode ser improvisada, sua aplicação em larga escala deve prever uma equipe competente para aplicá-lo, gerenciar as informações e analisar os resultados.
A criação de um Sistema Avaliativo é uma forma de restabelecer compromissos com a sociedade, de repensar objetivos, modos de atuação e resultados. É estudar e propor estratégias de qualificação.  Na relação entre a avaliação e a sociedade é preciso suscitar em todos os envolvidos com a aprendizagem: alunos, governo, escola e Família, uma reflexão sobre todos os aspectos relacionados ao desempenho dos estudantes e da escola. O que sem dúvida leva a uma responsabilização por parte de todos os envolvidos. Essa responsabilização pode ser entendida como um dos grandes desafios a ser perseguido. Dessa forma a obrigação com a educação passa a ser compartilhada (HORTA NETO, 2010)
Dentre as preocupações para a estruturação de um processo de ingresso às Universidades tem-se a disponibilidade de informações a sociedade atual. A construção de um novo modelo de acesso pode e deve distanciar-se de uma prova pontual, mas aproximar-se do ideário de avaliação processual, mensurando os efeitos da educação básica nos estudantes submetidos ao exame.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Ensino Médio com referências.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, consagrou a educação como um direito social cujo provimento é de responsabilidade da família e do Estado ( LIMA, 2011). Nas últimas décadas o Ensino Médio surge com muita força na agenda política nacional, a expressividade alcançada no cenário brasileiro se deve, entre outras coisas, às mudanças econômicas, tecnológicas e culturais da contemporaneidade. Conceitos como flexibilização, integração dos processos de trabalho, demandas que vão além dos conhecimentos técnicos e explícitos começam a ser trabalhadas, como habilidades cognitivas, capacidade de abstração, raciocínio, domínio de símbolos e linguagens matemáticas, iniciativa, responsabilidade, cooperação, capacidade de decisão e para o trabalho em equipe (NEUBAUER et all, 2011).
A LDB de 1996 prevê a obrigatoriedade da Educação Básica até o Ensino Médio. Este representa um progressivo aprofundamento do conhecimento fundamental e a crescente preparação básica para o trabalho e a cidadania. Na última década observou-se um crescimento das matrículas no Ensino Médio, com tendência a estagnação desde 2005 (LIMA, 2011).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais são referências de qualidade para o Ensino Fundamental e Médio no País, elaboradas pelo Governo Federal. Em seu principal objetivo tem-se a elaboração e reelaboração dos currículos, objetivando um direcionamento pedagógico de formação cidadã e centrado no aluno. Os PCN expressam o empenho em criar laços entre a educação e a sociedade, se apresentam como um pilar para a transformação de objetivos, conteúdo e didática de ensino. Garantem à população de estudantes matriculados na educação básica o direito de usufruir do conjunto de conhecimentos reconhecidos como necessários para o exercício de cidadania.
Divididos em três blocos, esses parâmetros se apresentam para o Ensino Médio num formato que objetiva uma reflexão aos educadores sobre a prática diária em sala de aula. Serve ao planejamento das aulas e ao desenvolvimento do currículo escolar. Apontam a necessidade de uma linha social na escola com a previsão de intercâmbios entre os eixos educacionais.

Em busca de um novo modelo para o acesso ao nível superior: Uma contribuição avaliativa
Os novos rumos para a Educação Básica, mudaram o foco da aquisição de conteúdos programáticos para a aquisição de competências e habilidades. Esse se torna, então, o foco de um novo modelo de avaliação e seleção para a Educação Superior. Pressupondo colaboração, complementaridade e integração dos conteúdos das diferentes áreas interdisciplinares e uma construção e reconstrução continua de significados na construção dos conhecimentos, de forma a estimular relações de múltipla natureza nos diferentes níveis, individual e social.
Os conteúdos devem servir de suporte para o desenvolvimento de competências e habilidades, contextualizar o cidadão em sua realidade social e colocar as bases do profissional do futuro. Aprimorando os estudantes como pessoa humana, a sua formação ética e o exercício de cidadania.
Assim, as Ciências, as Letras e as Artes passam a ser consideradas e compreendidas como um processo histórico de transformação da sociedade e da cultura, devendo os conteúdos, a elas atrelados, estarem organizados a partir de princípios científicos e tecnológicos de uma educação moderna. As competências básicas devem ser fomentadas e favorecidas a partir dos conteúdos trabalhados. Temas como Filosofia e Sociologia devem permear o conteúdo programático e a interdisciplinaridade constituir-se como um eixo estruturador deste e das habilidades comuns aos diferentes conhecimentos a ser trabalhado.

Resultados já alcançados
Diante do que apresentamos, alguns resultados significativos apresentam-se como fruto do esforço de um trabalho que visa não só um processo seletivo, mas também a avaliação da Educação Básica no Estado de Pernambuco. Dentre eles destacamos:
 Diálogo com gestores e professores das redes pública e privada do Estado de Pernambuco. À Universidade coube não apenas ouvir as representações do Ensino Médio, mas compartilhar decisões conjuntas com esse segmento da sociedade;
 Observância das referências nacionais para educação básicas e Matrizes de Habilidade e Competências para o Ensino Médio, articuladas aos instrumentos avaliativos utilizados no SSA;
 Seleção dos Elaboradores/Especialistas, responsáveis pela construção dos itens das três fases do SSA, a partir de suas experiências na educação básica e no ensino superior, na formação de professores, no espírito inovador e na capacidade de articular o que se espera do ensino superior a partir do pilar do Ensino Médio. Esses profissionais passam por um processo de capacitação contínua, anualmente, discutindo a formação do cidadão e o acesso à Universidade;
 Foco do processo de construção de um novo modelo de avaliação a partir da colaboração, complementaridade e integração dos conteúdos das diferentes áreas do conhecimento de forma disciplinar e interdisciplinar;
 Delimitação dos conteúdos avaliados de forma que sirvam de suporte para o desenvolvimento de competências e habilidades a serviço da transformação da sociedade e da cultura e desenvolvimento do estado;
 Observância da perspectiva de contextualização, criando oportunidades para o estudante, a partir de experiências concretas, signifique sua aprendizagem;
 Influência na Proposta Curricular para Estado de Pernambuco. Os atuais Parâmetros Curriculares do Estado de Pernambuco para os Ensinos Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos levam em conta, dentre outros fatores, os conteúdos, as habilidades e competências trabalhadas e propostas no processo Avaliativo do SSA. Nesse sentido, também aconteceu a reformulação da proposta do ensino de Química, na rede privada de ensino do estado, a partir da visão de avaliação proposta pelo SSA para essa área do conhecimento;
 Retroalimentação do Sistema Educacional nas regiões de Permanbuco (região metropolitana, zona da mata, agreste e sertão), mensurando os efeitos da educação básica nos estudantes submetidos ao SSA;
 Interação com a comunidade científica a partir do estímulo de estudos científicos e trabalhos de extensão que visam o Sistema Seriado de Avaliação da UPE.
Considerações Finais
Avaliar é interpretar um percurso de vida do aluno durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões. Avaliar é acompanhar para promover o processo de construção do conhecimento do estudante.
A melhoria de qualidade de ensino está embasada principalmente em ter uma escola que seja para todos, que compreenda os seus alunos, que tenha o compromisso de torná-los conscientes e que dê a eles o direito de verificar o quanto podem aprender e o quanto a sociedade poderá contar com eles.
A construção de um novo modelo de acesso à Educação Superior, só se justifica quando o objetivo maior é a qualificação da Educação Básica, sobretudo, no caso em particular, o Ensino Médio.

Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília: MEC, 2000.
HORTA NETO, J. L. Avaliação externa de escolas e sistemas: questões presentes no debate sobre o tema. Revista brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, Vol. 91, No 227, 2010.

LIMA, L. C. A. Da universalização do ensino fundamental ao desafio de 
democratizar o ensino médio em 2016: o que evidenciam
as estatísticas? Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 92, n. 231, p. 215-216, maio/ago, 2011.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem componente do ato pedagógico. 1ª edição. São Paulo. Editora Cortes, 2011.
MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 9. Ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.
NEUBAUER, R.; DAVIS, C.; TARTUCE, G. L. B. P.; NUNES, M. M. R. Ensino médio no Brasil: uma análise de melhores práticas e de políticas públicas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 92, n. 230, p. 5-6, jan./abr, 2011.
PERNAMBUCO, Secretaria de Educação e Cultura. Secretaria Executiva de Desenvolvimento da Educação. Orientações Teórico-Metodológicas (Ensino Médio). Recife, 2008. Disponível em: http://www.educacao.pe.gov.br/upload/galeria/750. Acessado em: Novembro 2012.

 

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