O QUE É E O QUE PODE SER O ENSINO DE SINTAXE EM LÍNGUA PORTUGUESA?
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O QUE É E O QUE PODE SER O ENSINO DE SINTAXE EM LÍNGUA PORTUGUESA?
MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO1
RESUMO:
Esse artigo, embasado em pesquisa bibliográfica, pretende mostrar um novo Conceito de Sintaxe muito mais lógico e coerente do que o apresentado pela Gramática Normativa.
PALAVRAS-CHAVE: Conceito de Sintaxe. Frase. Oração.
ABSTRACT:
This article, based on a literature, to show a new concept Syntax much more logical and consistent than that presented by the Normative Grammar.
KEYWORDS: Concept of Syntax. Sentence. Clause.
1 INTRODUÇÃO
Primeiramente, antes de se iniciar o processo de ensino e aprendizagem de análise sintática em Língua Portuguesa, deve-se precisar melhor o conceito de Sintaxe, de Frase e de Oração.
Isto posto, os conceitos dos termos, acima elencados, serão retomados no item abaixo.
2 CONCEITOS DE SINTAXE E FRASE
De acordo com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa de Faraco e Moura (1996, p. 307) Sintaxe seria: “a parte da gramática que estuda as combinações e relações entre palavras de uma frase.”
Nesse sentido, a Sintaxe estudaria, exclusivamente, funções e combinações de palavras em uma Frase e isto nos remeteria a uma outra pergunta: o que seria frase?
Em consonância com os autores acima citados, Frase seria: [...] “À unidade mínima de Comunicação linguística.” (Idem, Ibidem).
Diante desse conceito, percebe-se que a concepção de linguagem adotada por Faraco e Moura seria aquela em que a linguagem funcionaria especificamente para se comunicar, ou seja, “a linguagem como instrumento (“ferramenta”) de comunicação.”
Por isso, pode-se concluir, em conformidade com os autores anteriormente citados, que qualquer enunciado linguístico ou palavra dentro de um contexto ou não, desde que se preste para comunicar seria uma Frase, vejamos:
- Fogo!
- Socorro!
- “... Tá vendo aquele edifício moço...”
Porém, pensamos que o objetivo da linguagem não seria, unicamente, para se comunicar, porque sabemos que o falante/ouvinte, locutor/interlocutor, autor/leitor têm previamente estabelecidos intenções que não são exclusivamente comunicativas, ou seja, as pessoas agem e reagem também através da linguagem, para perceber isto na prática, basta xingar alguém, maltratar para ver se não tem o “troco”.
Logo, há uma concepção inadequada de linguagem e um conceito não muito adequado também de frase, Frase não seria um termo que serviria apenas para se comunicar, isto é, a nosso ver, Frase seria um enunciado linguístico dotado de sentido completo e inserido num contexto “sócio-histórico-ideológico” capaz não só de estabelecer comunicação, como também de informar, impressionar, surpreender, exaltar, animar, criticar, rebaixar, desmoralizar, enfim, provocar ou não interação, emoção entre falante/ouvinte, locutor/interlocutor, autor/leitor, etc.
Por conseguinte, dizer que a análise sintática estuda as relações e combinações entre as palavras de uma Frase seria um absurdo, porque, segundo o que vimos sobre o conceito de Frase dado pela gramática escolar (no nosso caso, a do Faraco e Moura), Frase poderia ser apenas uma palavra (conferir exemplos: a b), diante desse fato, como analisar sintaticamente Frases como estas?Já que Frases como (a), (b) são formadas apenas por uma palavra e como “estudar as relações e combinações entre as palavras dessas Frases?”
Nesse sentido, antes de iniciarmos o processo de ensino e a aprendizagem da Sintaxe da Língua Portuguesa, devemos não só levar em consideração estes fatos, mas ter em mente uma concepção adequada de Sintaxe. E o que realmente seria Sintaxe?
Sintaxe, a nosso ver, seria uma parte das gramáticas (já que não existe apenas um único tipo de gramática) que estuda as relações, combinações e funções das palavras não de uma Frase, mas sim de uma Oração, entendendo a oração não só como um enunciado linguístico que tem todas as características de uma Frase (ver o que dissemos antes sobre Frase), mas também como uma expressão composta por mais de duas palavras cuja característica marcante seria obrigatoriamente a presença de um ou mais verbos.
Dessa forma, toda Oração pode ser considerada uma Frase, porém, a relação não é recíproca, ou seja, nem toda Frase pode ser uma Oração, a não ser que no bojo dessa Frase haja a presença de um ou mais verbos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do exposto, infere-se que há uma necessidade enorme de se reformular alguns conceitos adotados pela Gramática Normativa, tais como: conceito de verbo, de adjetivo, sujeito etc. Porque, de acordo com Perini (1997, p. 85):
[...] Para quem gosta de certezas e seguranças, tenho más notícias: a gramática não está pronta. Para quem gosta de desafios, tenho boas notícias: a gramática não está pronta. Um mundo de questões e problemas continua sem solução, à espera de novas idéias, novas teorias, novas análises, novas cabeças. [...]
4 REFERÊNCIAS
FARACO, Carlos Emílio & MOURA, Francisco Marto de. Gramática. 9ed. São Paulo, Ática, 1996.
KOCK, Ingedore Villaça. A Inter-ação pela Linguagem. 3ed. São Paulo, Contexto, 1997.
PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. São Paulo, Ática, 1997.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo, Cortez, 1996.