O Poder da Leitura
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Como professor universitário, uma das disciplinas mais difíceis de lecionar foi Metodologia da Pesquisa Científica, isso porque era entediante para os alunos entenderem as normas da ABNT, embora eles acreditassem que estas normas eram o gargalo para se fazer um trabalho de conclusão de curso, ledo engano, o maior empecilho continua justamente em escrever, que tem a sua origem no simples fato de ter uma cultura de leitura.
Em meu primeiro dia de aula nesta disciplina, eu pedia em sala de aula uma redação intitulada “quem não lê, não escreve”, e por meio desta estratégia eu percebia quem teria ou não dificuldade em fazer o TCC.
Outra estratégia era simplesmente dar um tema para o aluno desenvolver, depois de certo tempo, pegar este desenvolvimento por ele e passar para os demais alunos e assim sucessivamente até que aquele assunto estivesse bem explorado, enfim, as pessoas percebiam a importância de se desenvolver o hábito da leitura, já que lhes faltavam argumentos e/ou vocabulários e até mesmo discernimento para defender o que estava sendo desenvolvido.
O fato é que nestes últimos quatro anos, o Brasil passou a ter 7 milhões de leitores a menos, e este dado foi levantado pela pesquisa realizada pelo “Retratos da Leitura” e em concomitância, pela primeira vez pessoas que não costumam ler no Brasil são maioria.
Esta informação explicita a nossa realidade com as diferenças sociais, os problemas políticos dentre outros que culminaram pela falta de discernimento do cidadão.
Interessante elucidar que a falta de leitura é representada por uma grandeza exponencial de pessoas alienadas, manipuladas e que se comportam como uma massa subalterna e de manobra.
É notório perceber que o simples ato de ler, seria o mínimo para instigar o cidadão a busca do conhecimento e da autonomia intelectual, todavia, muitos se limitam a acreditar nas narrativas de seus líderes que por grande poder de persuasão os levam ao negacionismo e até mesmo ecoar as estultices levantadas por estes líderes, sendo eles religiosos, políticos, influencers, dentre outros.
A leitura eleva a criticidade do leitor, a criatividade, a imaginação, ao raciocínio mais coeso e lógico, e principalmente a uma erudição, tornando-se assim um ser pensante e não apenas mais um a compor a massa de manobra.
A leitura para muitos chega a ser um ato subversivo uma vez que o leitor passa a pensar por si próprio tendo completa autonomia intelectual não se deixando ludibriar pelos argumentos dos negacionistas.
Ler é essencial para a prática da cidadania, para o aprendizado, para a autotransformação, reforma íntima e em concomitância, transformação da sociedade, visto que toda transformação tem que começar primeiro no indivíduo e assim espalhar-se pelo ambiente.
Que nós educadores possamos resgatar o hábito de leitura em nossos alunos e para acrescentar esta seara, possamos fazer com que estes educandos desenvolvam sua criticidade buscando informações que corroborem o que está sendo lido, salvo exceções das leituras como romances, fantasias dentre outros que trabalham com o imaginário do leitor.
Como afirmava Bill Gates “meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história”, dito isso, que possamos ensinar nossos educandos a escreverem suas próprias histórias.