09/05/2017

O Peso da Mochila Nos Sintomas de Dores Nas Costas e Ombros em Escolares

Daniel Techio1Erecy Roberto Segala Martins2 

 

RESUMO 

O peso nas mochilas transportado diariamente por estudantes impõe uma tensão extra nas costas e nos ombros podendo causar dores e possíveis problemas relacionados a saúde. Este estudo teve como objetivo avaliar a relação do peso da mochila nos sintomas de dores nas costas e nos ombros em escolares do ensino fundamental da escola Municipal Carlos Gomes de Cruz Alta-RS. Participaram deste estudo 46 estudantes voluntários de ambos os gêneros, com a faixa etária de 12 a 16 anos, 78,3% pertencem ao 8º ano e 21,7% pertencem ao 9º ano. Os alunos foram pesados com e sem mochila na mesma balança. Para analise dos dados foi utilizado estatística descritiva com média e desvio padrão (SD) e a frequência percentual (%). Todos os testes estatísticos foram utilizados considerando-se um nível de significância de 0,05. Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico SPSS versão 2.0 (SPSS.inc). Da população analisada a média das mochilas foi de 3,24kg + 0,24 e apenas Pode-se observar nos resultados desta pesquisa que dos 46 estudantes apenas 3 estão carregando em suas mochilas uma carga maior que 10% de seu peso corporal mas, as queixas de dores nos ombros foram admitidas por 25 alunos e as queixas de dores nas costas por 34. Importante ressaltar que apresar do número de alunos sentindo dores, apenas 2 procuraram orientação médica. O estudo também mostra que dos alunos que percorrem mais de dez quadras e que sentem dores nas costas são 27 alunos e nos ombros 23 alunos. Então, podemos concluir que neste estudo, para essa amostra, a relação mais evidente está na distância percorrida com a mochila escolar do que com o peso da mesma, devido a apenas 3 alunos carregarem uma mochila com mais de 10% do seu peso corporal. 

 Palavras Chave: Mochila Escolar, Peso das Mochilas, Dores nas costas e ombros. 

 ABSTRACT 

 The weight in the backpacks transported daily by students places an extra strain on the back and shoulders may cause pain and possible problems related to health. This study aimed to evaluate the relationship of the weight of the backpack in the symptoms of back pain and shoulder in primary schools of the Escola Municipal Carlos Gomes Cruz Alta-RS. The study included 46 student volunteers of both genders, with the age group 12-16 years old, 78.3% belong to the 8th grade and 21.7% belong to the 9th grade. Students were weighed with and without backpack on the same scale. For data analysis was used descriptive statistics with mean and standard deviation (SD) and percentage rate (%). All statistical tests were used considering a 0.05 significance level. Data were analyzed using SPSS version 2.0 (SPSS.inc). The population analyzed the average of backpacks was 3,24kg + 0.24 and only You can observe the results of this survey that the 46 students only 3 are carrying in their backpacks greater load than 10% of their body weight but the pain complaints on shoulders were admitted by 25 students and complaints of back pain by 34. Importantly, seize the number of students in pain, only two sought medical advice. The study also shows that students who travel more than ten courts and who feel pain are 27 students and 23 students in the shoulders. So we can conclude that in this study, for this sample, the most obvious connection is the distance to the school bag than with the weight of it due only 3 students carry a backpack with more than 10% of their body weight. 

 Keywords: School Backpack, weight of bags, pains in the back and shoulders. 

 INTRODUÇÃO 

 As mochilas são utilizadas para transportar o material escolar e seus pertences no mundo todo. Essa atividade representa a forma mais comum de esforço físico relacionado ao transporte de peso pelos estudantes. 

A OMS, Organização Mundial da Saúde e Comunidade Cientifica tem sido alertada sobre o problema da carga transportada nas mochilas escolares pelos jovens. Nos estudos realisados pela ergonomia, antropometria e biomecânica é que se fundamentam as discussões a respeito das complexidades das tarefas em sala de aula e em relação aos livros didáticos transportados pelos estudantes. 

Esses alunos diariamente durante o período escolar transportam esse peso em suas costas e ombros. As mochilas que foram em sua historia criadas para facilitar e dar conforto no transporte entre a casa e a escola podem levar as crianças e adolescentes a terem problemas posturais como dores nas costas e ombros inclusive prejuízos significativos as estruturas musculoesqueléticas, devido aos ajustes posturais e as compensações que surgem diante da aplicaçãde cargas assimétricas (LEMOS, 2005). 

Estudos recentes também identificaram que a carga transportada nas mochilas escolares pode ser um fator de risco para o aparecimento de dores nas costas e nos ombros em crianças e adolescentes, e que seus sintomas podem perdurar pela sua vida adulta (LOPES, 2002). 

Essa é uma preocupação mundial e que está sendo relatada em vários estudos, onde a tentativa de justificar que a causa pode ser sustentada pelos jovens. No espírito de se evitar possíveis alterações e dores nas costas e ombros é importante que aja vigilância de professores de Educação física e pais na montagem das mochilas, é fundamental para a educação dos escolares na hora de compor a carga transportada em suas mochilas. Conhecer a relação entre a massa corporal e o peso da mochila bem como saber o peso da mochila transportado permite identificar os fatores de risco para possíveis desvios posturais e para amenizar as dores nas costas e nos ombros em escolares no transporte de suas mochilas escolares (DE PAULA, 2011). 

O aumento excessivo do peso das mochilas pode causar modificações biomecânicas na postura na tentativa do corpo manter o equilíbrio, esta é uma situação que traz grande preocupação para educadores, profissionais da área da saúde, bem como para os pais dos escolares. Segundo pesquisas (JOHNSON, 1995; GRIMMER, 2000 apud LEMOS et al., 2005), o transporte de cargas vem sendo associado a dores na coluna, tanto em adultos quanto em adolescentes. 

As alterações na coluna vertebral vêm sendo consideradas por estudiosos como responsáveis pelas dores na coluna após o carregamento de peso. As mudanças posturais ocorridas em seres humanos submetidos a sobrecargas com mochilas são visíveis, e até mesmo palpáveis. (HONG Y, apud LEMOS et al., 2005, p. 1). 

Muitos estudos (PAIVA, 2011; GRANDJEAN; KROEMER, 2005; PEREZ, 2002) já foram realizados para descobrir os possíveis males que o transporte de mochila vem causando em escolares. Estudos como o de Paiva (2011) constatou que grande parte dos problemas com o nosso corpo vêm de nossa infância especialmente os problemas posturais.  

Desde o nosso nascimento até a adolescência principalmente entre os 7 e os 14 anos, o sistema ósseo está em desenvolvimento, sujeito a deformidades ósseas que podem vir a acontecer, devido a forças externas como carregar muito peso com mochilas que pode influenciar o alinhamento do corpo “O tempo e o peso da mochila influenciam a postura cervical e torácica das crianças, sendo que 15% da carga corporal é muito pesada para manter a postura ereta. (CHANSIRINUKOR, apud LEMOS et al., 2005, p. 1).  

Como o transporte do material escolar é uma rotina diária, que se prolonga por anos, preocupa-se em saber se o uso contínuo da mochila por uma pessoa em desenvolvimento pode não apenas levá-la a ter sintomas de dor, como também problemas na coluna vertebral, por exemplo: hipercifose, hiperlordose, escoliose etc. Muitas vezes isso se dá pelo fato de os pais, professores e responsáveis não darem a precisa importância ao modo como as crianças se sentam erradamente na cadeira escolar, caminham e até em sua postura quando estão dormindo (COSTA et al., 2005). 

Sendo assim baseado nesses pensamentos preocupa-se com a maneira que é transportado o material escolar, e questiona se, se poderá causar dores e outras complicações no desenvolvimento ou alterações na coluna vertebral, por isso a presente pesquisa pretende analisar a relação existente entre o peso da mochila e a distância com que esta é transportada com sintomas de dores nas costas de escolares do ensino fundamental da Escola Municipal Carlos Gomes de Cruz Alta RS. 

 Procedimentos 

 Optou-se pela Escola Municipal Carlos Gomes mantendo contato com a diretora da escola a quem foi apresentada a proposta da realização deste estudo após autorização da diretora foi enviado aos responsáveis legais o termo de consentimento livre e esclarecido para a devida autorização. 

Somente os alunos que retornaram com a autorização dos pais participaram do estudo, portanto foi critério de inclusão. Nos dias e horários combinados com a diretora da instituição, realizou-se a coleta de dados, respeitando os horários. 

Para a coleta de dados foi utilizado uma balança a qual foi devidamente calibrada para melhor precisão da massa corporal do aluno. 

Estabeleceu-se o critério de pesagem, os alunos estarem com o uniforme de Educação Física bermuda ou calça de tactel e camiseta, em precisão anatômica, com os braços paralelos ao corpo descalços, olhar para o horizonte, sem mover-se e sem nenhum tipo de acessório, (relógio, carteira, celular, pulseira, etc) que pudesse alterar a massa corporal total. 

Foi subtraído do peso dos estudantes, com e sem a mochila o valor de 320g, que corresponde à média do peso do uniforme que estavam trajados, para que os valores de massa e peso do material estivessem mais próximos da realidade. 

Realizamos uma avaliação nos estudantes em relação às medidas de massa corporal e peso do material, em uma única coleta. Os alunos foram pesados com a mochila e sem a mochila escolar. 

Foi determinado que os estudantes levassem todo o seu material escolar na mochila e saíssem em grupos de 5 (cinco) alunos para não interferir na rotina escolar e se dirigissem até o local da pesagem. 

Após a pesagem os estudantes foram entrevistados sobre a presença de dor local se nas costas ou/e nos ombros, qual o tempo que surgiu essas dores e se essa dor tem relação com o transporte da mochila e a distância percorrida com a mochila. 

RESULTADOS  

As tabelas abaixo foram geradas pelo programa, SPSS 20 versão 2.0. Ao utiliza-lo pretendeu-se mostrar a veracidade dos resultados do estudo realizado na Escola Municipal Carlos Gomes do município de Cruz Alta/RS. Com 46 alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental anos finais, acerca do peso transportado pelos mesmos, em suas mochilas.  

TABELA – 1 Mínimo e Máximo: idade, peso da mochila, massa corporal, média e desvio padrão. 

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VARIÁVEIS               MÍNIMO          MÁXIMO           MÉDIA          DESVIO PADRÃO 

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Idade                              12 anos             16 anos                13,95 anos                 0,86 

Peso da mochila (kg)      1 kg                    8,1 kg               + 3,24 kg                    0,24 

Massa corporal (kg)        41,0kg               91,0 kg               50,3 kg                      12,0 kg 

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Verificado que 20 estudantes (45,7%) pertencem ao gênero feminino e 26 estudantes (54,3%) ao masculino. Com idades de 12 a 16 anos (média 13,95 + 0,86 SD). A massa corporal variou de 37,5kg a 91,30kg (média de 59,1 + 12,2 SD) e o peso médio das mochilas foi de, + 3,24 e 0,24. 

 

TABELA 2 – Peso mínimo e máximo com mochila e sem, média e desvio padrão. 

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VARIÁVEIS                 MÍNIMO              MÁXIMO       MÉDIA        DESVIO PADRÃO 

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Peso com mochila                40kg                   95,40kg           62,3                   11,9 

Peso sem mochila                37,5kg                 91,30kg          59,1                   12,2 

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Analisando a tabela 2, observa-se que o peso mínimo dos estudantes com mochila foi de 40kg e o máximo de 95,40kg, com média de 62,3 + 11,90kg e o peso mínimo sem mochila foi de 37,5kg e máximo 91,30kg, com média de 59,1 + 12,2kg. 

 

TABELA 3 – Dor nos ombros, dor nas costas e visita o médico. 

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VARIÁVEIS                            Nº ESTUDANTES                 PORCENTAGEM % 

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     Sem dor nos ombros                                    21                                      45,7 

     Com dor nos ombros                                   25                                       54,3 

 

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