23/09/2024

O PENSAMENTO COMPLEXO

Edigar-morin-saberes

Marielia Castelli da Costa

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Jackeline Souza Domingos

Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Beatriz Oliveira dos Santos

Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Catia Janine Nilsson

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Laura Rejane do Nascimento Pereira

Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

 


      Seguindo as ideias de Morin (2002), percebemos que o conhecimento pertinente deve se propor ao enfrentamento da complexidade, visto que o “complexus” de acordo com o autor significa “o que foi tecido junto”. Assim, considerando o conhecimento como matéria intrínseca e indispensavelmente construída pelos seus agentes de forma integrada, a complexidade está naturalmente inserida nos elementos inseparáveis constituindo um todo; um tecido interdependente, interativo e retro-alimentativo entre objeto de conhecimento, partes e o todo, o todo e as partes, contexto e seus agentes promotores [a humanidade].

      O desenvolvimento da humanidade nos possibilita perceber a crescente necessidade de perceber a emergente complexidade dos anos vindouros, visto que a educação brasileira deve promover a “inteligência geral”, quando em um dos seus dispositivos legais sobre a educação; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96) cita,

Artigo 1 – A educação abrange os processos formativos quer se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Artigo 22 – A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

       Tais exigências reforçam os argumentos ora apresentados; em que requer uma sucessiva adequação nas finalidades educativas atuais, que privilegiam o conhecimento fragmentado sobre o conhecimento unificado e aplicável às problemáticas atuais. No limiar interpretativo dos artigos supracitados, pretende-se promover uma formação do ser como um todo complexo, de modo multidimensional, buscando sempre a concepção global de homem-mundo.

      A interdisciplinaridade aparece como um instrumento de resgate daquilo que o ser humano precisa ser – um ser vivo, efetivamente vivo, no sentido de completude, projetando-se ao mundo no enfrentamento das problemáticas globais. Segundo Oliveira (2012), mais importante que conceituar especificamente, é refletir acerca de suas aplicabilidades e as atitudes oriundas de suas óticas visionárias para que sejam bem compreendidas, a fim de que não ocorram desvios em sua prática, e até mesmo propostas interpretativas variadas, quando podem surgir aplicabilidades e utilizações equivocadas. Todavia, reconhecemos aqui corroborando Japiassu (2001, p. 53) que “[...] por mais que elabore um discurso racional e objetivo, o conhecimento jamais poderá estar inteiramente desvinculado de suas origens religiosas, místicas, alquimistas ou subjetivas”.

      Visto que vivenciamos um momento de constante transição, de questionamentos, em que o tempo parece assíncrono e que todos os saberes são requisitados ao mesmo tempo de forma não linear, percebemos que nossos saberes e poderes estão desvinculados e fragmentados, estando cada vez mais dispersos no planeta, de forma que o centro desta dinâmica fluida continua sendo o ser humano, porém, dadas as exigências, este centro agora não é mais efetivamente centro; tal dinâmica passou a ser considerada policêntrica[1] do ponto de vista prático do conhecimento (GUSDORF, 1976).

 

[1] O termo “policêntrico” refere-se a vários centros de direção e de decisão. O que traz a luz da discussão que do ponto de vista da produção do conhecimento, não se concebe polarizar unicamente o ser humano como centro de processo, uma disciplina como centro de decisão, e até mesmo uma abordagem como centro-fim. A ideia de policentrismo é comumente utilizada nos estudos econômicos, políticos, jurídicos e geográficos; mas aqui se aplica efetivamente, pois seguindo o novo arcabouço organizacional do conhecimento, vislumbramos a formação de vários centros de interesse que convergem entre si, mas não são independentes; o que justifica a interdependência de disciplinas frente às exigências. Ou seja, dentro da nova estrutura de conhecimento, não se admite um único centro de processo/interesse.

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