O paradoxo do acesso à informação durante a pandemia

Por Ms.Fernanda Cristina Milanin Bido. Professora associada do ICTQ, farmacêutica e estudante do curso de Direito da UNINOVE. e por Ms.Alipio de Oliveira do Carmo. Professor associado do ICTQ, farmacêutico e Coordenador dos cursos de graduação da UNIP.

            O direito à informação é um dos direitos fundamentais previsto no ordenamento jurídico brasileiro, estabelecido no art. 5º inciso XXXIII, bem como no do art. 3º inciso II e no art. 216 – A em suas alíneas e parágrafos, descritos com clareza na Constituição Federal de 1988. ¹

            Durante a pandemia de COVID-19 os Estados Unidos, que já possuía o ensino superior desenvolvido e aprimorado ao longo de centenas de anos e amplamente admirados em todo o mundo, foi forçado a mudar sua pedagogia, aplicando novos meios de transmissão ², porém ainda assim permaneceu com seus baixos índices de inadimplência e evasão escolar.

            Atualmente os Estados Unidos já possui mais de 40% da sua população imunizada e com essa situação conseguiu alcançar níveis elevadíssimos de crescimento tecnológico e desenvolvimento de novos meios e modelos de compartilhamento de informações.

            Mais abaixo, no mesmo continente estamos nos, o Brasil, que tem sofrido fortemente os impactos financeiros, sociais, educacionais, e na área da saúde.

            Um dos impactos mais graves que a longo prazo irá gerar uma imensa letargia cultural e econômica para a população, está no campo da educação e da comunicação de toda uma geração de adolescentes e adultos que ocuparão posições importantes na sociedade nos próximos 30 anos pelo ao menos.

Este desafio é extremamente importante e também o mais difícil, pois envolve a formação base dos adolescentes e adultos, Andragogia plena, seja sob o ponto de vista da educação, como também sob o ponto de vista político. Envolve acima de tudo o desenvolvimento dos profissionais encarregados do “desenvolvimento de outros indivíduos”.

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1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1988.
2. Disponível em: https://www.therealworldofcollege.com/blog/the-covid-pivot-higher-education-at-a-crossroads. Acessado em: 18/05/2021.

Este aprimoramento é fundamentado por muitos filósofos e educadores ao longo do século, desde Sócrates, Platão e Aristóteles até Jean Piaget, Maria Montessori, Paulo Freire, Jean Jacques Rousseau, cada qual com suas grandes convicções e pensamentos.

Entre todas as colaborações ao longo da história da educação e da política, creio que algo que é notório entre eles é a importância do direito à informação que toda pessoa natural deve ter acesso, porem no momento atual vivemos uma crise no ensino superior, a pandemia de COVID-19 afetou o acesso ao conhecimento de milhares de pessoas, a experiência virtual na área de comunicação e ensino tem sido o fator que impulsionou  o avanço tecnológico e a maximização da importância da comunicação através das principais fontes existentes porém, também foi o principal fator que demonstrou o forte impacto nas classes mais baixas, provocado pela ausência de internet e pelo impacto econômico causado durante a COVID-19.

            Após março de 2020, a trajetória inserta da COVID-19 e suas variáveis nos levou ao desenvolvimento exacerbado dos vários campos da tecnologia, entre eles, dos modelos de ensino e aprendizagem, que passaram a utilizar as metodologias ativas como ferramenta de suporte para auxiliar a transferência das informações. Mas o que dizer sobre o impacto negativo destes novos modelos de ensino e os quadros mentais aos quais os ouvintes, expectadores ou alunos são submetidos? Dependeria o ensino online e o acesso ao conhecimento da desenvoltura dos docentes? Da dialética? Da retorica? Ou de sua capacitação tecnológica?

            Ao que nos parece a experiência online não será passageira no campo da educação e da comunicação o momento é de insegurança, pois não temos certeza do futuro em relação ao modelo de ensino que será predominante.

Os professores que ao longo dos anos vem passando por essa desconstrução de valores sociais, que subjuga a missão de um educador a um simples funcionário de instituição de ensino, desconsiderando completamente a origem formadora de opinião moral, política, intelectual e social que essa posição carrega.

Este momento impõe a classe um desafio ainda mais poderoso, o de reinventar-se partindo de um cenário de destruição moral, financeira, social e psicológica. Onde nos reconstruímos, baseados nos conhecimentos adquiridos a partir de metodologias ativas e modelos de aprendizagem prévios, como por exemplo, os modelos aplicados por Howard Gardner e Wendy Fischman, que nos levariam a conhecer melhor nosso público alvo e a modelo intelectual ao qual nossos expectadores fariam parte, conseguindo melhores resultados na efetiva arte de ensinar e aprender. Esses modelos estão descritos no livro Frames of Mind³ , que relata as múltiplas inteligências pelo qual os alunos e expectadores tem seus modelos de aprendizado estabelecidos.^4,5,6,7

E vamos além, um novo modelo de ensino e informação tem sido estabelecido, um modelo que pode derrubar os muros estruturais e culturais que estabelecem muitas instituições de ensino, um modelo novamente descentralizado na história, onde o poder do conhecimento dos docentes como detentores de informação verídica, realista e com modelos de aplicação real ao mundo contemporâneo, despertaria o interesse do aluno ou expectador.

Onde a responsabilidade por transmitir o conhecimento e estabelecer um legado, seria estabelecida por muitos mestres, que o fariam através da internet, cursos on line e outras ferramentas de maneira desvinculada as grandes instituições. Esse modelo traria a independência intelectual e financeira em carreiras únicas e exclusivas por mérito próprio.

____________________________________________________________________________________3. HOWARD, G. , 2011. FRAMES Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligence.

4. Disponível em: https://www.gse.harvard.edu/faculty/howard-gardner. Acessado em: 18/05/2021.

5. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=4Y5VDgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT4&dq=.%E2%80%9DFrames+of+Mind:+The+Theory+of+Multiple+Intelligences+(1983)&ots=RskmzjY7Ev&sig=XTdtpq6DBj8kYqLa3-a4IrOan8c#v=onepage&q=.%E2%80%9DFrames%20of%20Mind%3A%20The%20Theory%20of%20Multiple%20Intelligences%20(1983)&f=false. Acessado em: 18/05/2021.

6. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=Qkw4DgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT6&dq=.%E2%80%9DIntelligence+Reframed+(1999)&ots=ERNV2q9_ln&sig=6hwP4Yq6Dmu05z7Y5w7dsRrtnVk#v=onepage&q=.%E2%80%9DIntelligence%20Reframed%20(1999)&f=false. Acessado em: 18/05/2021.

7. Disponível em: http://www.couragerenewal.org/PDFs/Parker-Palmer_The-Grace-of-Great-Things.pdf. Acessado em: 18/05/2021.