18/02/2022

O Novo Ensino Médio e a Mais-Valia Absoluta

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Como elucidado pelo SINPRO-DF[1], o novo ensino médio forjará no país uma escola para ricos e outra para pobres e nada de positivo trará para a educação pública brasileira, como já se pode ver na proposta apresentada pelo Governo de São Paulo.

Como ressaltado pelo portal SAS[2], plataforma de educação, o novo ensino médio chegou para preparar os alunos para o mercado de trabalho.

Esta reforma foi imposta pela MP 746 e consta que o novo ensino médio trabalhará com cinco Itinerários formativos que são Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciência da Natureza e suas tecnologias;Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Formação Técnica e Profissional.

Parece algo de primeiro mundo, aliás, representa modelo aplicado em países desenvolvidos, todavia, o Brasil não faz parte de um país desenvolvido. Somos subdesenvolvidos em todos os sentidos, já que nos países desenvolvidos, os professores são valorizados e as escolas têm infraestrutura para oferecerem estes itinerários.

Segundo a EPSJV[3], esta reforma diz que as escolas poderão oferecer um ou mais itinerários citados acima como opção aos estudantes, mas não afirma que em cada escola haverá os cinco tipos de itinerários. Isso significa que escolas podem oferecer apenas uma ou parte destes itinerários, o que dependerá dos recursos necessários e das condições físicas que a escola dispõe no momento.

Para EPSJV, “as áreas de linguagens e ciências humanas não dependem necessariamente de laboratórios para que as aulas sejam ministradas, então, a rede de ensino pode privilegiar essas áreas para que não necessite gastar muito com estrutura. Ou então, opte pelos itinerários nos quais não haja problemas de falta de professor”.

Observe que este novo ensino médio fomenta cada vez, a Mais-Valia Absoluta e para DEMO em seu livro Saber Pensar, publicado pela Cortez 2000, esta mais-valia é caracterizada pela exploração extensiva da não de obra, isto é, pela “espoliação sobretudo da força física do trabalhador, visualizada em dias de trabalho extremamente longos e cansativos”.

Precisamos trabalhar a mais-valia relativa que é alicerçada pela valorização do capital intelectual, pela exploração do intelecto.

Como observado, o novo ensino médio está na contraluz do conhecimento, do desenvolvimento intelectual, do protagonismo cognoscente e em concomitância, ele fomenta a ignorância sistemática e a alienação aos problemas sociais.

É fato, o mundo hoje está baseado na sociedade do conhecimento e esta tem a sua pedra angular na capacidade de inovar, pesquisar, produzir informação, mas para isso, precisamos gerar seres pensantes e não submissos e domesticados subalternamente.

A reforma do ensino médio será verdadeira e válida quando nossos educandos tiverem sua autonomia desenvolvida e a ênfase for no capital intelectual, assim sendo, conforme ressaltado por mim no livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento, publicado pela Ícone em 2010, a verdadeira educação deverá ter seu cerne no desenvolvimento do conhecimento, da inteligência, do talento, no humanismo e no ser humano como ativo principal.

 

[1] Para mais informações vide https://www.sinprodf.org.br/um-governo-eleito-pelas-fake-news-nao-pode-mesmo-ter-um-ministro-da-educacao-que-fale-a-verdade/

[2] Para mais informações vide https://blog.saseducacao.com.br/novo-ensino-medio-2/

[3] Para mais informações vide https://www.epsjv.fiocruz.br/por-que-somos-contra-a-mp-da-reforma-do-ensino-medio

 

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