19/06/2019

O Método de Análise Estrutural de Textos Filosóficos em Jean Maugué, Martial Guéroult e Victor Goldschmidt: considerações sobre a herança formativa uspiana

O Método de Análise Estrutural de Textos Filosóficos em Jean Maugué, Martial Guéroult e Victor Goldschmidt: considerações sobre a herança formativa uspiana

 

Jéssica Erd Ribas

erd.jessica@gmail.com

Universidade Federal de Santa Maria

 

Resumo: O presente artigo propõe demonstrar a constituição de uma tradição filosófica no Brasil, a partir da missão francesa que chega em nosso país em 1934 para criar o Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP). Jean Maugué (1904 -1990), Martial Guéroult (1891 – 1976) e Victor Goldschimidt (1914- 1981) são os professores responsáveis por tal missão, com o objetivo de criar em território brasileiro uma forma de ler e escrever filosofia desde o método estrutural francês. Considerando isso, este trabalho pretende explicitar as duas concepções de método para análise de textos filosóficos, a saber, análise estrutural de sistemas (Guérolt); método dogmático estrutural (Goldschimidt), as quais estão erigidas sob as bases do pensamento de Jean Maugué em seu texto “O ensino de filosofia e suas diretrizes” (1996).

Palavras-Chave: Método estrutural francês; tradição filosófica uspiana; ensino de filosofia;

 

Considerações Iniciais

 

Jean Maugué (1904 – 1990), Martial Gueroult (1891 – 1976) e Victor Goldschimidt (1914 – 1981) [1]são responsáveis por apresentar ao Brasil, através da missão francesa na Universidade de São Paulo (USP), (1934- 1990[2]), uma forma de ler e escrever em história da filosofia, baseada no método estrutural.

Denilson Cordeiro (2008, p. 134), escreve que a experiência do primeiro ano da missão Francesa na USP desencadeou a necessidade de rever concepções e reestruturar balizas seguras e mais adequadas para orientar o trabalho com a Filosofia no Brasil. Nascendo daí o texto considerado a certidão de nascimento do Departamento de Filosofia uspiano e de um modo geral, do ensino da filosofia no Brasil: O ensino da filosofia e suas diretrizes, escrito por Jean Maugué.

Nas primeiras linhas do texto, Maugué expressa que o objetivo destas diretrizes era “procurar fixar as condições do ensino filosófico na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo”. Tais condições vieram a criar modos de estudar e fazer filosofia no além mar.

As considerações de Maugué, “nas diretrizes” são condensadas por ele, ao final do texto, em cinco providências, sendo elas:

 

  1. O ensino da Filosofia deve ser pessoal, tanto da parte do professor como parte dos estudantes. Pede-se ao professor reflexões que empenhem a sua responsabilidade intelectual. Seria de desejar que pedisse aos estudantes um pouco mais de personalidade;
  2. A personalidade do estudante forma-se na atenção dada às lições, sobretudo na reflexão, e mais ainda, pela leitura lenta, contínua e meditada;
  3. A leitura deve ser uma regra de vida para o estudante. Ele não deve ler naturalmente senão os bons autores. É mais seguro ler aqueles que a tradição já consagrou. A filosofia começa com o conhecimento dos clássicos;
  4. A história da filosofia deve ter, no Brasil, um lugar primordial. Ela pode ser ensinada, seguindo métodos rigorosos e perfeitamente modernos. Não há presente sem o conhecimento da vida passada;
  5. Enfim, o futuro da Filosofia no Brasil depende da cultura que o estudante tiver adquirido anteriormente. A filosofia, segundo uma concepção da República, de Platão, nada mais é que o coroamento de um ensino harmônico e completo;

 

Isto posto,

As gerações seguintes de professores franceses encontraram, por assim dizer, com as providências de Jean Maugué parao ensino e desenvolvimento dos estudos e pesquisas de filosofia no Brasil, “o campo lavrado, a casa arrumada, a mesa posta com cada coisa em seu lugar”. Era o caso agora de fazer a missão continuar (CORDEIRO, 2008, p. 166).

 

 Uma vez explicitada o pensamento do “pai fundador” da Filosofia no Brasil, passaremos a seguir a tratar das concepções de Martial Guéroult e Victor Goldschimidt sobre como se deve ser orientado o trabalho filosófico.

 

 

 

 

  1. A análise Estrutural de Sistema e o Método Dogmático Estrutural na interpretação de textos filosóficos

 

Para Guéroult a filosofia possui dois momentos, a saber: 1) reforma do entendimento; 2) funcionamento de novas estruturas [3]. Ele desenvolverá uma concepção de método para análise de textos filosóficos que considerem estes dois momentos. Assim em seu texto “Logica, arquitetônica e estrutura constitutivas dos sistemas filosóficos” Gueroult procura responder a seguinte problemática: de que forma é possível apreender filosofia? A sua tese é de que é possível apreender a filosofia apenas através da análise das estruturas do sistema que compõe o texto filosófico e das suas imbricações. A fim de demonstrar os passos necessários ao método de análise estrutural de textos filosóficos desenvolve quatro argumentos: I. filosofia como problemática e sistemática; II. a lógica como método; III. a pluralidade das lógicas nos sistemas filosóficos; IV.  A arquitetônica nos sistemas filosóficos;

De acordo com Guéroult “todas as grandes doutrinas podem se caracterizar a partir de problemas” (2007, p. 235) e na tentativa de solucionar a problemática levantada, os filósofos:

 

[...] devem utilizar de argumentos lógicos. A técnica de toda filosofia é sempre um método de essência lógica e construtiva, visando ao mesmo tempo à intelecção de um problema e a instauração de uma verdade considerada como demonstrável direta ou indiretamente (GUÉROULT, 2007, p. 237).

 

A lógica consiste no elemento de validação e constituição da filosofia. Isto significa dizer que é a lógica que põe validade ao discurso filosófico.  Contudo, cada filosofia possui a sua lógica interna a qual é garantida pelo estatuto teórico empreendido pelo filósofo: “[...] há tantas ciências especiais quanto há filosofias diferentes e, consequentemente, não uma lógica de toda filosofia, mas tantas lógicas quantas filosofias houver” (GUÉROULT, 2007, p. 242).

Cada filosofia, portanto, encerra em si mesma uma estrutura própria. Nesse sentido, todas possuem em comum um discurso seja ele implícito ou explícito quanto ao seu método. E para demonstrar como estabelecer combinações entre diferentes sistemas filosóficos, Gueroult apresenta a necessidade de uma arquitetônica.

 

[...] todo sistema filosófico resultará na arquitetônica, já que é uma totalidade que coordena, no interior de seu conceito, o conjunto de suas noções fundamentais, de seus problemas e de suas soluções. A diversidade e a heterogeneidade das regiões (conhecimento, ciências, arte, religiões, direito, moral, etc), que uma filosofia deve abarcar em seu problema total, não lhe permitem se desenvolver em apenas uma única série. (GUEROLT, 2007, p. 245).

 

Com isso Gueroult afirma que um sistema filosófico pode ser apreendido se e somente se analisamos a sua estrutura constitutiva a qual é formada por quatro elementos, a saber, problema-conceito-teoria; sistema; lógica e arquitetônica. O método capaz de apreender a filosofia, portanto, se caracteriza pela análise estrutural de textos filosóficos.

 

A passagem para este outro mundo a cada vez diferente para o qual nos convida a cada filosofia só se realiza pelo desencadeamento efetivo de processos intelectuais que determinam sua construção ao mesmo tempo em que desenvolvem sua visão. Negligencia-los, para se limitar a expor assertoricamente seu conteúdo doutrinal e considera-lo como uma coleção de dogmas é se fechar o acesso a esses mundos; é imaginar que possamos narrar uma filosofia, o que seria tão absurdo quanto querer narrar um poema ou narrar a geometria. (GUEROULT, 2007, p. 246).

 

Já Victor Goldschmidt em seu texto “Tempo Lógico e Tempo Histórico na interpretação dos sistemas filosóficos” publicado em 1963 no Brasil na obra “A religião de Platão” procura responder ao seguinte problema: qual é o método mais filosófico na interpretação dos sistemas filosóficos? Chegando a conclusão de que o método mais adequado é o método dogmático estrutural. Este método corresponde a uma metodologia de exposição e exegese de um discurso filosófico visando, sobretudo, a explicitação do tempo lógico do texto.

Para chegar nessa compreensão Goldschmidt percorre um caminho onde distingue duas formas de interpretação no processo de exegese de um texto filosófico, sendo elas, o método genético e o método dogmático, com o objetivo de definir um método que seja concomitantemente  rigoroso científica  e filosoficamente no exercício exegético de textos filosóficos.

O método dogmático requer que o interprete aceite os dogmas como verdadeiros não sendo necessário que faça a separação ente palavra (léxis) e crença, adotando assim uma postura de interrogar o sistema quanto a sua verdade, perguntando pelas razões em que veio a se consolidar. Já no método genético os dogmas são considerados como efeitos de um tempo histórico e a postura que o interprete deve adotar, neste caso, é a de ir a busca das causas desses efeitos. Neste sentido, refere-se ao tempo histórico do texto enquanto o dogmático diz respeito ao seu tempo lógico.

O método estrutural dogmático para Goldschimidt:

 

[...] examinando um sistema sobre sua verdade, subtraí-o ao tempo; as contradições que é levado a constatar no interior de um sistema ou na anarquia dos sistemas sucessivos, provêm, precisamente de que todas as teses de uma doutrina e de todas as doutrinas pretendem ser conjuntamente verdadeiras ao mesmo tempo (GOLDSCHMIDT, 1963, p. 140).

 

O tempo histórico de um texto, de acordo com seu pensamento, não estrutura a filosofia, sendo a partir da/na temporalidade lógica que ela se estrutura. Por isso para Goldschmidt a interpretação de um sistema filosófico reside na explicação de seu discurso, pois, “o essencial na filosofia é uma certa estrutura [...] jamais separar as teses dos movimentos que as produziram. [...] não reduzir a força desse movimento a sua fase embrionária , nem em sugerir, por imagens, uma interpretação que o filósofo julgou dever formular em razões (GOLDSCHMIDT, 1963, p. 140).

Para ele a prática de análise estrutural em filosofia é o método que assegura a coerência dos argumentos e a preservação de sua unidade lógica:

 

Os movimentos do pensamento filosófico estão inscritos na estrutura da obra, nada mais sendo esta estrutura, inversamente, que as articulações do método em ato; mais exatamente: é uma mesma estrutura que se constrói ao longo da progressão metódica e que, uma vez terminada, define a arquitetura da obra (GOLDSCHMIDT, 1963, p. 143).

 

O interprete deve, portanto, seguir um caminho de progressão descobrindo em primeiro lugar o método que o filósofo utilizou para escrever o texto, passando após isso para análise das estruturas lógicas internas do texto até chegar ao seu acabamento e constatar a sua arquitetônica. Seguir este método é seguir o tempo lógico do texto.

 

[...] repor os sistemas de um tempo lógico é compreender sua independência, relativa, mas talvez essencial, em relação aos outros tempos em que pesquisas genéticas os encadeiam. A história dos fatos econômicos e políticos, a história das ciências, a história das ideias  gerais ( que são as de ninguém) fornecessem um quadro cômodo, talvez indispensável, em todo caso, não filosófico para exposição das filosofias (GOLDSCHMIDT, 1963, p. 145).

 

Para Goldschmidt o interprete deve ter responsabilidade com a tradição filosófica de modo que na arquitetônica não venha aparecer obras senão aquelas que a tradição consagrou como cânone, entendidas por ele como “obras assumidas” pela tradição e, portanto, devem ser estas também assumidas pelo tempo lógico e não outras.

 

Seja qual for o valor dos inéditos, eles não são, enquanto concebidos num tempo unicamente vívido, construídos num tempo lógico, que é o único a permitir o exercício da responsabilidade filosófica. Notas preparatórias onde o pensamento se experimenta e se lança, sem ainda determinar-se, são léxis sem crença e, filosoficamente irresponsáveis; elas não podem prevalecer contra a obra, para corrigi-la, prolonga-la, ou coroá-la, muito frequentemente, não servem senão para governa-la, e deste modo falseá-la (GOLDSCHMIDT, 1963, p. 146).

 

O autor pretende com seu texto construir um método de interpretação dos sistemas filosóficos que possuam rigor científico e filosófico em igual proporção. Disso surge a necessidade do interprete se envolver com a compreensão do tempo lógico de uma obra filosófica. A técnica para tal se constitui em treze teses:

 

  1. O ofício de intérprete não pode consistir em reduzir à força o desenvolvimento da obra à sua fase embrionária, nem em sugerir por imagens, o que o filósofo julgou dever formular em razões.
  2. O intérprete se coloca acima do sistema e, em relação filósofo, ao invés de adotar primeiramente a atitude do discípulo, faz-se analista, médico e confessor.
  3. É preciso estudar a “estrutura do comportamento” da obra e referir cada asserção a seu movimento produtor, o que significa, finalmente, referir a doutrina ao método.
  4. A principal tarefa do intérprete é restituir a unidade indissolúvel do pensamento que inventa teses praticando um método. Nunca, portanto, separar o método de exposição de método de descoberta.
  5. Nunca ceder a ilusão retrograda de que uma doutrina pode pré-existir à sua exposição, como um conjunto de verdades inteiramente constituídas e indiferentes a seu modo de explicitação.
  6. O intérprete deverá admitir um tempo lógico cristalizado na estrutura da obra, ao modo do tempo musical na partitura.
  7. A apreensão do tempo lógico onde se desenvolve o método independe da magnitude de tempo físico necessário.
  8. A interpretação poderá ser científica e, por isso supor um devir, mas dede que seja interior ao sistema;
  9. A verdade nunca é dada em bloco e de uma só vez, mas sucessiva e progressivamente, em tempos e níveis diferentes.
  10. Nunca tentar medir a coerência de um sistema pela concordância, efetuada num presente eterno, dos dogmas que o compõem.
  11. É vão todo o esforço filosófico que busque por uma intuição única e total, estabelecendo-se também ela, na eternidade.
  12. O que mede a coerência de um sistema e seu acordo com o real, não é o princípio de não contradição, mas a responsabilidade filosófica do autor.
  13. O que é essencial num pensamento filosófico é uma certa estrutura. (CORDEIRO, 2008, p. 157-158, grifo meu).

 

Tendo isso em vista, o texto de Goldschmidt[4] veio reconhecer, formalizar e legitimar a instauração e exigência de procedimentos propedêuticos necessários sem os quais não se poderia reivindicar o rigor e a elevada qualidade do trabalho, da alta voltagem intelectual equiparável a qualquer departamento mundial de filosofia (CORDEIRO, 2008, p. 155). 

 

Considerações Finais

 

Desse modo, Guéroult e Goldschmidt complementam, no sentido metodológico, a missão de Jean Maugué na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (CORDEIRO, 2008, 165).

 

Se o texto de Maugué tinha sido escrito exclusivamente para o caso brasileiro, os encaminhamentos extraídos das discussões estabelecidas nos artigos de Goldschmidt e Guéroult foram garimpados e adotados como método pelos professores, pesquisadores e estudantes brasileiros (CORDEIRO, 2008, p. 256).

 

Conforme explicitam Tomazetti e Marçal (2015, p. 51) as heranças das ideias de Victor Goldschimidt e Martial Guéroult, que são trazidas para a USP, definem um modo muito peculiar de fazer filosofia. Seus textos constituíram “um método para estudar e aprender filosofia nos trópicos” (TOMAZETTI; MARÇAL, 2015, p. 52), focando-se na exigência da leitura estrutural dos textos filosóficos, buscando a explicitação de encadeamentos lógicos, criando um ambiente em que as universidades de filosofia no Brasil tomassem “o estudo da filosofia pela sua história” (idem, p. 53).

Assim, produziu-se e ainda se produz, no Brasil, uma legião de estudantes de filosofia que se constituem como explicadores e comentadores de textos filosóficos.

 

O que a universidade forma são, de fato, especialistas e comentadores, que são formados na estrita medida em que admitem observar normas fortemente institucionalizadas, que devem ser seguidas à risca por todo aquele que, hoje em dia, pretenda desenvolver de maneira bem-sucedida uma carreira universitária em Filosofia. A criação de universidades não parece ter feito nada para o surgimento de filósofos, no sentido de seres que pensam e vivem uma Filosofia. No máximo (o que não é pouco) as universidades criaram um ambiente de discussão e a oportunidade de se encontrar com outras pessoas que também se interessam por Filosofia (CABRERA, 2013, p. 47).

 

 O horizonte de formação consolidado na USP orientou-se por criar, em terras brasileiras, o desenvolvimento de um senso crítico de pensamento filosófico, tendo no método estrutural francês as bases teóricas que a partir de uma tecnofilosofia fornecem os instrumentos para garantir o conhecimento histórico. A lógica e a historiografia, neste contexto, se apresentam como espinha dorsal do que seja fazer filosofia. Prescreve-se, assim, um caminho a ser trilhado: não é possível fazer filosofia sem ler os clássicos; não é possível a compreensão de textos filosóficos sem a explicitação e entendimento de sua lógica interna; não é possível compreender filosofia sem compreender a história da filosofia.

 

 

REFERÊNCIAS

 

CABRERA, J.  Diário de um filósofo no Brasil. 2ed. Ijuí: editora Unijuí, 2013.

 

CORDEIRO, D, S. A formação do discernimento: Jean Maugué e a gênese de uma experiência filosófica no Brasil. Tese de Doutorado. São Paulo, 2008.

 

GOLDSCHMIDT, V. Tempo histórico e tempo lógico na interpretação de sistemas filosóficos. In: A religião de Platão. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963.

 

GUÉROULT, M. Lógica, arquitetônica e estruturas constitutivas dos sistemas filosóficos. In: Tras/form/Ação. São Paulo, 30 (1): 235-246, 2007.

 

GUÉROULT, M. Dianoématique: Philosophie de l’histoire de la

philosophie. Collection Analyse e Raisons, Paris: Aubier

Montaigne, 1979.

 

MAUGUÉ, J. O ensino da Filosofia e suas diretrizes. In: Caderno do Núcleo de Estudos Jean Maugué, 1996.

 

TOMAZETTI, E, M; MARÇAL, K, I. Apontamentos sobre a relação entre história da Filosofia e ensino da Filosofia. In: Diálogos entre filosofia e educação, Battestin, Claudia; Dutra, Jorge da Cunha (orgs). Rio Grande: Ed. Da FURG, 2015.

 

 

 


[1] Victor Goldschmidt não foi professor do Departamento de Filosofia da USP, contudo, foi professor na Université de Rennes, de vários dos professores que constituíram “a nova feição filosófica” (CORDEIRO, 2007, p. 154) que se institui neste departamento ultramar.

[2] A missão francesa na USP em 1934 contou com: Jean Maugué (Filosofia), permanecendo até 1943 pois neste ano se junta ao exercito francês; Claude Lévi-Strauss (Sociologia); Dina Lévi-Strauss (Filosofia); Pierre Hourcade (Literatura); Michel Berveiller (Latim e Grego); Pierre Monbeig (geografia); Fernand Braudel (história); Paul Abrousse Bastide (sociologia). Com a partida de Maugué em 1943 para a Guerra, novos professores assumiram a missão, sendo eles: Gilles Gaston Granger, entre 1947 a 1953; Martial Guéroult, 1948 a 1950; Claude Lefort, 1955 a 1959; Gérard Lebrun de 1960 a 1966 e 1973 1980, estando até 1990 em semestres alternados. De 1960 a 1966 também estiveram pelo Departamento da USP, Jean Gallard e François Warin e em 1980 Francis Wolf assume a cátedra.

[3] O primeiro momento, reforma do entendimento, diz respeito ao momento em que um filósofo levanta um problema e a partir dele propõe uma teoria  a qual é feita sempre desde conceitos e sistematizações com vistas a busca de universalidades baseando-se nos princípios da lógica. O segundo momento, funcionamento de novas estruturas se caracteriza pelo movimento em que o filósofo busca estabelecer à sua teoria um princípio de totalidade com progressão das noções que articula e das conexões que estabelece entre a filosofia e outras áreas.

[4] “Até hoje as recomendações e considerações de Goldschmidt orientam as novas gerações do árduo e indispensável exercício formativo que a leitura estrutural dos clássicos fornece e são exigências de primeira ordem em grande parte dos departamentos brasileiros de Filosofia” (CORDEIRO, 2008, p. 161).

 

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