31/05/2023

O Lúdico No Processo de Ensino Aprendizagem Na Educação Infantil

A-importanica-de-brincar

ALIPIO, Andréia Nunes Pereira.[1]

ARRUDA, Alexssandra Rodrigues de.[2]

MATOS, Ivonete Gonçalves de.[3]

BUENO, Solene Sousa Rodrigues.[4]

ROCHA, Valdinete Ribeiro.[5]

RESUMO

Na Educação Infantil, a criança tem contato diretamente com o meio escolar, e esse meio é orientado por um currículo específico para essa faixa etária. A escola como espaço de aprendizagem e socialização do conhecimento historicamente construído, necessita das interações humanas e o lúdico se materializa como elemento necessário ao desenvolvimento humano e intelectual da criança. Neste sentido, buscamos discutir e manter viva a importância do lúdico no dia a dia da aprendizagem das crianças, pois ela aprende brincando e ao brincar não está apenas se divertindo e sim desenvolvendo uma série de habilidades que vão auxiliar em diversos aprendizados o ato de brincar envolve utilização dos sentidos. Neste entendimento, julgamos necessário o entendimento de que o educador tenha conhecimento lúdico e suas práticas sejam capazes de incorporar os objetivos desta metodologia. Neste manuscrito, perseguimos a ideia de reconhecer a importância do uso da ludicidade no processo de ensino e aprendizagem na educação infantil.

Palavras-chave: Ludicidade. Educação Infantil. Ensino e Aprendizagem.

 

[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional, Educação Infantil e Letramento.

[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional.

[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil.

[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil, Letramento Perspectivas de Trabalho em Creches e Escolas.

[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em História. Especialista em Psicopedagogia Institucional.

 

INTRODUÇÃO

         A utilização de jogos e brincadeiras nas aulas da educação infantil, possibilitam compreender o desenvolvimento da criança com uma observação autônoma por meio de manifestações espontâneas das próprias crianças.

         É muito importante compreender o significado de brincar e sustentar epistemologicamente os principais termos utilizados sobre esta prática; buscando interpretar o universo lúdico, reconhecendo elementos da ludicidade, nos quais as crianças se comunicam com o seu mundo pessoal e a coletividade.

         O ato de brincar sempre materializou uma forma de comunicação em que a criança interage com as múltiplas oportunidades que são oferecidas e outras que ela mesma cria à medida que o seu ato próprio de “brincar” lhe oferece. Brincar possibilita a aprendizagem e facilita a construção autônoma do conhecimento; da própria reflexão da realidade e o exercício constante da criatividade; podendo também estabelecer uma relação ao se utilizar jogos pedagógicos que favoreçam o desenvolvimento físico, cultural, social, afetivo, e cognitivo da criança.

         Para sustentar tais reflexões, buscamos elementos historicamente conhecidos e firmados no aparato bibliográfico da educação. Assim, discutiremos junto a Vygotsky (1984) sobre a ideia de que o educador pode fazer uso dos jogos, brincadeiras, histórias e outros mecanismos para que através do lúdico a criança possa se sentir desafiada a pensar e resolver situações-problemas. Oliveira (2013) nos fará companhia nas discussões acerca da aprendizagem, pois se refere ao processo pelo qual o indivíduo adquire informações, atitudes, habilidades e valores.

         A concepção de infância é historicamente recente, uma vez que eram atribuídas a adultos pequenos; o que negou por muito tempo a condição especifica da criança, com suas particularidades e especificidades (ARIÉS, 1981); e para isso, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC), evidenciam a necessidade de reconhecer esta etapa de vida, bem como suas características próprias como um campo vasto de importantes contribuições que precisam ser estudadas, aclaradas e constantemente discutidas pela comunidade educacional. Portanto, faz-se necessário compreender a importância do brincar, que é um dos principais elementos marcadores desta fase.

         As reflexões deste manuscrito, nasceram frente às vivencias cotidianas das servidoras que em seu trabalho docente diário, vivenciam e comprovam com evidências oculares a importância e necessidade do lúdico na educação infantil.

 

LUDICIDADE E EDUCAÇÃO – Uma ação necessária

         Os diferentes processos de ensino e aprendizagem requerem dos professores uma atenção especial frente às suas aplicações. Schultz, Muller e Domingues (2006, p. 2), afirmam que os educadores podem promover novas formas da criança aprender, a fim de não memorizar conteúdos somente.

         Desta forma, a ludicidade como componente da prática docente pode contribuir para a realização de uma vivência mais significativa. Percebe-se através das falas, que as situações lúdicas propostas pelos professores em suas aulas se expressam pela utilização, principalmente, de jogos pedagógicos, corroborando com a concepção da ludicidade como elemento prático, um instrumento ou recurso, traduzido nos jogos pedagógicos.

         De maneira geral, a utilização de jogos na sala de aula permite que o aluno construa de forma dinâmica e ativa, conceitos e conhecimentos, percebendo de forma mais ampla os erros e acertos mútuos, regras e normas, como também sua interação com os demais colegas. Tais jogos podem ser trabalhados juntamente com os conteúdos trazidos em sala de aula, de maneira interdisciplinar, contribuindo para o aprendizado do aluno, ajudando o mesmo a se concentrar, interpretar, comparar e tomar decisões a partir do que lhe é apresentado.

         O uso de recursos artísticos contribui para o afloramento da criatividade e espontaneidade do aluno, ajudando o mesmo a fazer relações entre professor-aluno e aluno-aluno, causando assim reflexões coletivas sobre contextos comuns vividos no dia a dia escolar (MARKO, 2011, p. 38). A utilização de materiais escolares é muito comum no dia a dia da escola, eles são auxiliadores das atividades propostas no cotidiano escolar, servindo muitas vezes como apoio pedagógico. Também, é por meio deles que alunos e professores realizam as atividades cotidianas. São, portanto, parte do contexto escolar de alunos e professores.

         Por fim, os gêneros textuais são meios utilizados para a efetivação da comunicação verbal e seu trabalho deve propiciar a participação do indivíduo na construção de sentido do texto. A importância de se trabalhar com este recurso, se caracteriza na elaboração estratégias de produção de gêneros que circulem na comunidade discursiva, preparando assim o aluno para atuar efetivamente na realidade em que vive (SANTOS, 2011, p. 2).

 

ENSINO E APRENDIZAGEM – O lúdico como metodologia necessária na Educação Infantil

         O lúdico é uma metodologia pedagógica que ensina brincando e não tem cobranças, tornando a aprendizagem significativa e de qualidade. Tanto os jogos como as brincadeiras proporcionam na educação infantil desenvolvimento físico mental e intelectual.

         Segundo Horn (2004, p.24), o lúdico, ou seja, as brincadeiras jogos e brinquedos, na Educação Infantil são de suma importância para o desenvolvimento das crianças, pois são atividades primárias, as quais trazem benefícios nos aspectos físico, intelectual e social.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece a atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos (FERREIRA; SILVA RESCHKE [s/d], p.6).

 

         O lúdico representa para a criança um meio de comunicação e prazer que ela domina ou exerce em razão de sua própria iniciativa (SOUZA 2015, p.1). Segundo Kishimoto (1996 p.24) por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico.

         O lúdico é considerado um meio de comunicação e por isto estimula a criatividade, a expressão e a espontaneidade, pois trabalha a imaginação e auxilia na aprendizagem significativa. No processo de ensino aprendizagem é fundamental valorizar o lúdico, pois para a criança o mesmo é espontâneo e permiti sonhar, fantasiar e realizar desejos como crianças de verdade.

         Souza (2015, p.2), explica que o lúdico é uma linguagem importante e expressiva que possibilita conhecimento de si, do outro, da cultura e do mundo, sendo um espaço genuíno de aprendizagens significativas. Através do lúdico o aluno é despertado para o desejo do saber, ou seja, do aprender desenvolvendo sua personalidade, pois cria conceitos e relações lógicas de socialização o que é de suma importância para seu desenvolvimento pessoal e social.

         Kishimoto (1996 p.24) esclarece que por meio do lúdico o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a alegria da conquista. Ferreira; Silva Reschke ([s/d], p.7) explicam que o lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo externo, integrando estudos específicos sobre a importância do lúdico na formação da personalidade.

         Através da atividade lúdica, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando (FERREIRA; SILVA RESCHKE [s/d], p.7). O lúdico contribui no desenvolvimento da criança e auxilia na aprendizagem, no desenvolvimento social, cultural e pessoal, assim proporciona a socialização e a aquisição do conhecimento.

         Souza (2015, p.1), esclarece que o lúdico é importante porque contribui de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano, auxiliando na aprendizagem, no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. A proposta da atividade lúdica, através de um planejamento da aula é de suma importância, pois proporciona concentração isto favorece assimilação dos conteúdos com naturalidade.

         O lúdico não é o único instrumento para a melhoria do ensino-aprendizagem, mas é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos professores interessados em proporcionar mudanças (SOUZA 2015, p.2). O lúdico é um poderoso instrumento dos professores para a aprendizagem dos alunos, porém para que seja alcançado o objetivo desta metodologia tão importante na educação infantil é necessário uma dosagem entre a utilização do mesmo na obtenção dos objetivos, ou seja a aprendizagem significativa e de qualidade.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

         A ludicidade permite a liberdade emocional necessária para explorar e experimentar, para envolver-se emocionalmente numa criação e para permitir descobrimentos incentivados pela curiosidade, pois é pela brincadeira que a criança expressa o que teria dificuldades de colocar em palavras e sua escolha é motivada por processos íntimos, sendo assim vista a brincadeira como uma linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos.

         Devemos utilizar o lúdico como uma ferramenta importante nas dificuldades de aprendizagem, pois a criança pode ser trabalhada na individualidade ou em grupos e ela mesma poderá buscar respostas para suas dúvidas e corrigir o que é de real dificuldade. Assim, ela passará a se conhecer melhor, criará estratégias para um melhor aprendizado, que será prazeroso e significativo.

         O brincar é importante em todas as fases da vida humana, pois possibilita, assim a interação da criança com o mundo externo e interno, formando conceitos, ideias, relações lógicas, socializando, absorvendo o indivíduo de acordo como seu ritmo e potencial. Portanto, a introdução de jogos e atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito importante, devido à influência que eles exercem frente aos alunos, pois quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, na emoção ele tende a torna-se mais disposto e dinâmico o processo de ensino e aprendizagem, tornando assim este processo mais prazeroso e menos maçante, tanto no ponto de vista do aluno quanto no ponto de vista do professor.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. p.279.

FERREIRA, Juliana de Freitas ; SILVA Juliana Aguirre da ; RESCHKE, Maria Janine Dalpiaz. A importância do lúdico no processo de aprendizagem. Disponível em: https://www2.faccat.br/portal/sites/default/files/A%20IMPORTANCIA%20DO%20LUDICO%20NO%20PROCESSO.pdf Acesso em: 05 de abril de 2017.

HORN, Maria da Graça de Souza. Sabores, cores, sons, aromas. A organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

ISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 7 ed. São Paulo: Cortez, 1996.

MARKO, Leslie. Teatro em sala de aula: um olhar que tocar e transforma. (Artigo).<www.ensinosobreholocausto.com.br/downloads/jornada2/conteudo3.pdf.>. 2010.

OLIVEIRA, Maria Miguel de. A inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular. Revista Ciências da Educação. Maceió, ano I, vol 02, n. 01, Abri/Jun. 2013.

SANTOS, Andrezza Santos dos; Os gêneros textuais na sala de aula: a reportagem. Periódico de Divulgação Científica da FALS. Ano V - Nº XI- JUL / 2011.

SOUZA, Eulina Castro de. A importância do lúdico na aprendizagem. 2015. Disponível em: http://www.seduc.mt.gov.br/Paginas/A-import%C3%A2ncia-do-l%C3%BAdico-na-aprendizagem.aspx acesso em 05 de abril 2017.

SCHULTZ, Elis Simone. MULLER, Cristiane. DOMINGUES, Cilce Agne. A ludicidade e suas contribuições na escola, 2006.

VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Companhia das Letras, 1984.

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