11/06/2018

O Lúdico Como Estratégias No Ensino Fundamental II

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL II

 

Camila Franco Alonso Gomes, Luiz Fernando Godinho Fernandes, Patrick do Nascimento Alves, Shirley Gomes Leandro,

Orientador: Profº. Eduardo Okuhara Arruda

Centro Universitário Ítalo Brasileiro

sleandro@live.com

RESUMO

         Esta pesquisa tem como foco o lúdico nas aulas de Educação Física, sendo um facilitador, e fazendo parte dos conteúdos pedagógicos para as aulas do nível do Fundamental II. O lúdico é a principal ferramenta para que seja possível incluir alunos que muitas vezes não participam das aulas, como um meio de melhoria para muitos métodos e conteúdos. O objetivo deste artigo é compreender o quanto a ludicidade auxilia no desenvolvimento integral, aprendendo e vivenciando os momentos desenvolvidos em aulas. No que se refere a metodologia, foram pesquisadas as bases científicas de dados como Efedeportes, Scielo, e ainda referenciais teóricos que abordam o tema. A partir desses conteúdos teórico levantados foi possível iniciar com as considerações que indicam que o lúdico tem como como característica para a melhoria pedagógica das aulas de Educação Física, desenvolvendo o cognitivo, psicomotor e socioafetivo, e dessa forma, busca uma superação de práticas excludentes, especialmente, pela recusa e a falta de interesse que ocorre por meio dos alunos.

Palavras chave: Educação Física, Lúdico, Alunos.

ABSTRACT

This research focuses on the ludic in the Physical Education classes, being a facilitator, and being part of the pedagogical contents for the classes of Fundamental II level. Play is the main tool to be able to include students who often do not participate in classes, as a means of improvement for many methods and content. The aim of this article is to understand how playfulness helps in the integral development, learning and experiencing the moments developed in classes. Regarding the methodology, the scientific bases of data were researched as Efedeportes, Scielo, and also theoretical references that approach the theme. Based on these theoretical contents, it was possible to start with the considerations that indicate that the ludic has as a characteristic for the pedagogical improvement of the Physical Education classes, developing the cognitive, psychomotor and socioaffective, and in this way, it seeks to overcome exclusionary practices, especially by the refusal and lack of interest that occurs through the students.

Key words: Physical Education, Ludic, Students.

INTRODUÇÃO

         Nessa pesquisa tem como principal discussão abordar o lúdico, como conhecimento específico da Educação Física Escolar, porque são aquelas atividades que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis (LUCKESI, 2000).

         Para isso, precisamos entender que pensar o imaginário como um vasto campo de possibilidades, que proporciona, entre tantas coisas, a compreensão e aceitação de diferentes níveis de percepção da realidade, abrindo-se para um sistema participativo, plural, sensível e passível de outras lógicas (BUSATTO, 2007).

         Abordamos neste artigo que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita à aprendizagem, do desenvolvimento pessoal, social e cultural e colabora para boa saúde mental e física (VYGOTSKY, 1989).

         Como discorre Santos (1997), o lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogos” e “brincar”. E neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimento, isto oportuniza a aprendizagem do indivíduo. A introdução do lúdico na vida escolar do educando é uma maneira muito eficaz de repassar pelo universo infantil para imprimir-lhe o universo adulto, nossos conhecimentos e principalmente a forma de interagirmos. O ato de brincar estimula o uso da memória que ao entrar em ação se amplia e organiza o material a ser lembrado, tudo isto estar relacionado com aparecimento gradativos dos processos da linguagem que ao reorganizarem a vivência emocional e eleva a criança a um nível de processos psíquicos.

         Ressaltando que brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo pode se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais (LOPES, 2006).

         O corpo lúdico integra as dimensões da materialidade, ossos, músculos, hormônios, fezes, sangue... e da imaterialidade – emoções, criatividade, loucura, ludicidade. Enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver forma de convivência social e permitir o prazer de brincar. Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, na situação imaginária (KISHIMOTO, 1999).

         Neste aspecto, Borba (2006) enfatiza que o jogo visto apenas como recurso didático não contém os requisitos básicos que configuram uma atividade como brincadeira: ser livre, espontâneo, não ter hora marcada, nem resultados prévios e determinados. A ludicidade aplicada na aprendizagem, mediante jogos e situações lúdicas, não impede a reflexão sobre conceitos matemáticos, linguísticos ou científicos.

         Segundo Santin (1996, apud Júnior, 2005), a prática da ludicidade deveria estar desprendida de regras, interesses, doutrinações, imposições feitas pela sociedade funcionalista e mecanicista em que vivemos. O significado de ludicidade surge da própria palavra relacionada à liberdade, criatividade, imaginação, participação, interação, autonomia além de outras qualificações que podem ser atribuídas a uma infinita riqueza que há nela mesma.

         Nesse sentido, há momentos variados da atividade da criança na escola em que o jogo e o prazer são os móveis da atividade lúdica, e o jogo (espontâneo ou dirigido) é só ludicidade mesmo, isso significa, então, que há trabalho (prazeroso) e jogo na escola, tendo ambos aspectos distintos (KRAMER, 2009).

A EDUCAÇÃO FÍSICA   

A Educação Física ao deixar de ser considerada, por lei (LDB nº 5692/1971) como atividade para ser considerada, por lei (LDB nº 9394/1996), como componente curricular, assumi um novo papel no contexto educacional. Esse novo papel vem atender ao longos processos de discussões e produções mais fortemente iniciados nos anos oitenta. Trata-se de um papel pedagógico formativo e informativo de nossas crianças, jovens e adolescentes, integrantes do processo educacional formativo no sentido de estar contribuindo com aspectos relaciondos ao desenvolvimento físico, social e psicológico, e informativo no sentido de estar contribuindo com os aspectos relacionados à transmissão e produção do conhecimento vinculado ao objeto de estudo da área – o movimento humano (OLIVEIRA, 2001).

A Educação Física é uma das disciplinas que têm a atribuição de proporcionar às crianças a oportunidade de vivenciar cada uma dessas práticas, visto que trabalha com o movimento do corpo humano (BRASIL, 1998).

A Educação Física promove, assim, o desenvolvimento integral do ser humano, desenvolvendo habilidades, proporcionando experiências intrapessoal e interpessoal e colaborando com o bem estar dos praticantes, bem como contribuindo com a evolução dos níveis de habilidades psicomotoras (DOHME, 2003).

Segundo Kunz (2006), a Educação Física percebe o jogo como um dos seus conteúdos clássicos, que possibilita desenvolver uma educação baseada em um processo lúdico e criativo, permitindo modificar imaginariamente a realidade como processo educativo. Nesse contexto, destaca-se a Educação Física Escolar que tem como uma de suas funções propor aos alunos novas formas de brincar, exercitando sua criatividade, através do movimento corporal, do mais simples reflexo (agarrar, esticar, olhar) até o movimento sistematizado (pular elástico, jogar xadrez, dançar).

Para Oliveira (2001) é senso comum entender a Educação Física como o momento de jogar, do brincar e não o momento do refletir, pesquisar, analisar e avaliar. O processo histórico, que não temos a intenção de resgatar aqui, pois supõe-se de conhecimento geral e uma vez que muitos autores já o fizeram de várias maneiras e formas, pode muito bem justificar e clarear o porque desse senso comum, a atividade com fim em si mesma, recreação, esporte por esporte e tantos outros significados vazios. Esta prática, por vezes, acaba levando os docentes ao improviso e ao desenvolvimento de atividades sem a devida preparação, organização e sentido.

Coll et al. (2000) definem conteúdo como uma seleção de formas ou saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta, etc., cuja assimilação é considerada essencial para que se produza um desenvolvimento e uma socialização adequada ao aluno.

Na Educação Física há também os que defendem a perspectiva que chamamos de saúde renovada. Entendem que as práticas da atividade física vivenciada na infância e adolescência se caracterizam como importantes atributos no desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na adoção de um estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta (DARIDO, 2003).

Nesse sentido, Oliveira (2006) lembra que o movimento é o atributo fundamental da Educação Física. Ao mesmo tempo, o autor considera que não existe Educação Física sem o movimento humano.

As abordagens críticas sugerem que os conteúdos selecionados para as aulas de Educação Física devem propiciar a leitura da realidade do ponto de vista da classe trabalhadora. Nesta visão a Educação Física é entendida como uma disciplina que trata de um tipo de conhecimento denominado de cultura corporal que tem como temas, o jogo, a ginástica, o esporte, a dança, a capoeira e de outros temáticas que apresentam relações com os principais problemas sociais e políticos vivenciados pelos alunos (DARIDO, 2003).

O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

         Embora haja uma oferta de “conhecimento” na formação acadêmica, há uma grande defasagem da exposição desse conhecimento. Contudo, essa oferta de conhecimento muitas vezes não faz com que os acadêmicos geram seu próprio conhecimento, “eles apenas reproduzem o que lhes for passado em sala de aula ou o que foi estudado por peritos que detém o conhecimento” (TARDIF, 2003, p. 230).

         De acordo com Kishimoto (2007), o mediador deve respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir de sua atividade espontânea, ouvindo suas dúvidas, formulando desafios à capacidade de adaptação infantil e acompanhando seu processo de construção do conhecimento.

         O professor de Educação Física, no exercício de suas atividades na Educação Infantil, deve reconhecer, primeiramente, o seu papel como mediador, onde propõe jogos e brincadeiras (atividades lúdicas), de forma que as crianças desenvolvam sua imaginação e criatividade, construindo seus conhecimentos e testando suas habilidades. Além da proposição dos jogos e brincadeiras, o papel de mediador do professor envolve a resolução de possíveis conflitos que surjam entre as crianças, trabalhando a competência social e valores de respeito para com as outras pessoas (NAVARRO; PRODÓCIMO, 2012).

         Isso não significa que o professor não precisa de teoria.

“O que os professores não querem é uma que só fala de outras teorias. O problema é saber se a teoria dos pesquisadores está falando outras coisas que fazem sentido fora da teoria” (CHARLOT, 2002, p. 95).

 Dohme (2003) reforça essa ideia ao afirmar que o educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando oportunidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializá-las, harmonizá-las ao seu próprio projeto de vida. E isto irá influenciar muito no que e como aluno irá aprender.

         Para Silva e Pozzi (2014), o professor deve pensar e agir focando na totalidade do aluno, garantindo não somente algo intencionado para uma formação do corpo, mas em algo que leve a uma formação crítica, criativa e lúdica.

         Assim, Carbonneau e Héteu (2001, p. 72), de acordo com as suas expectativas tendem a demonstrar

[ ... ] que no aprendiz de professor, não é tanto a ausência de esquemas de ação que explicaria a dificuldade, mas os limites daqueles disponíveis, pela estreiteza do campo de compreensão de passar de um esquema a outro ou de selecionar o esquema apropriado.

 

         Além do mais, Arribas (2002) ressalta que, o professor deve estar atento às condutas emocionais, às dificuldades motoras, aos interesses, às preferências, etc. das crianças, durante as aulas de educação física escolar.

         Afirmam que para garantir uma intervenção de qualidade no brincar de seus alunos, o professor deve utilizar diversas maneiras de mediação, basta que ele reconheça o valor dos materiais, do ambiente, e principalmente da sua organização (NAVARRO; PRODÓCIMO, 2012).

         Entretanto, nem todos os professores de educação física se dedicam e estão atentos a todos os detalhes que estejam relacionados com o interesse dos alunos. E nesse sentido, Kishimoto (2007), ressalta que, aquele professor que não sabe e/ou não gosta de brincar, dificilmente desenvolverá a capacidade lúdica dos seus alunos.

“Embora os conhecimentos profissionais possam ser baseados em disciplinas científicas, são modelados e voltados para a solução de problemáticas concretas (TARDIF, 2003, p. 248).

O LÚDICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA  

         A proposta dos PCNs (BRASIL, 1998) Ensino Fundamental ressalta a importância da articulação entre o aprender a fazer, a saber por quê está fazendo e como relacionar-se neste fazer, explicitando as dimensões dos conteúdos, e propõe um relacionamento das atividades da Educação Física com os grandes problemas da sociedade brasileira (Temas Transversais), sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na esfera da cultura corporal.

         Os PCNs (BRASIL, 1998) apontam para a importância da aquisição do conhecimento relacionado às brincadeiras e jogos, esportes, ginástica, lutas, atividades rítmicas e expressivas, conhecimento sobre o corpo, nas três dimensões dos conteúdos. Inclusive no documento de 5ª a 8ª serie há uma descrição bastante explicativa destas reflexões, com vários exemplos.

         A educação, através dos jogos e brincadeiras, deve ser a preocupação de todos os professores, em especial, o de educação física, comprometidos com a motivação de seus alunos ao aprendizado. As atividades lúdicas podem ser utilizados como fontes incentivadoras do processo de aprendizagem pois elas tornam as aulas mais alegres e interessantes para os alunos (AMARAL; COFANI, 2009).

         É de suma importância a utilização de atividades lúdicas diversificadas com as crianças, permitindo que possam refletir a realidade sob diversos aspectos e desenvolvendo novas potencialidades cognitivas, sensitivas e motoras, que normalmente não surgem de forma espontânea, mas apenas com o auxílio de um mediador externo, concretizando pela intervenção do professor. O autor destaca, também, que o jogo representa uma interessante união entre teoria e interioriza, permitindo que o trabalho intelectual se revista de interessantes contornos manuais e materiais (PICOLLO, 2011).

         Em virtude das características do meio escolar e da maioria das atividades desenvolvidas com a comunidade, esse mesmo autor relata a existência de três formas de aplicação dos conteúdos da educação física (vivência, prática e treinamento), sendo que cada um deles envolve interesses diferentes. Na escola, estaremos trabalhando com apenas os dois primeiros, já que não é dever da escola tratar do terceiro (PÉREZ; GALLARDO, 2003).

         Pensando a educação física escolar como uma disciplina generalista, lúdica, que tem como requisito primordial a vivência motora devemos observar a infra estrutura, a condição prévia dos alunos, a formação especializada do professor e a segurança da atividade, diminuindo os fatores de risco e outros aspectos que poderão prejudicar a atuação docente (BORTOLETO; MACHADO, 2003).

         Santos (2002, p. 244) assevera que o lúdico gratuito e liberto de qualquer obrigatoriedade disciplinar funcionaria como uma forma de administração do cárcere escolar, “já que a escola priva suas crianças da liberdade, espontaneidade e alegria, que caracteizam as manifestações lúdicas da infância”.

         Cebalos et al. (2011), declaram que as atividades lúdicas são significativas, oportunizando à criança conhecer, compreender e construir seus conhecimentos. Ao mesmo tempo, os autores ressaltam que o desenvolvimento que o universo lúdico proporcioona à criança, associado aos fatores sociais e culturais, tende a proporcionar uma boa saúde física e mental, facilitando o processo de socialização, comunicação e construção de conhecimento. Nessa perspectiva, continuam os autores, ao estimular as crianças a vivenciarem brincadeiras e jogos, respeitando cada etapa do seu desenvolvimento, elas têm a oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura relação com o mundo.

         Segundo Lorenzetto (2001), ao relatar que, o comportamento desencadeado pelas atividades lúdicas e também uma das formas de se estimular a expressividade.

         Na questão da participação e da adesão às atividades, Bailão, Oliveira e Corbucci (2002, p. 2), os quais defendem a ideia de que a aula de “Educação Física é – ou deveria ser – o espaço da liberdade”, em que a criança se sente a vontade para realizar atividades próprias de sua idade, revelando suas habilidades, capacidades, inteligências e potencialidades numa atmosfera lúdica, recreativas e persuasivas.

         Para Barbosa (2002), ao evidenciar que as aulas de arte constituem-se em espaços em que as crianças podem exercitar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas.

O LÚDICO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

         Consideram um grave problema para a Educação Física escolar a indefinição dos conhecimentos que devem ser transmitidos aos alunos (FREIRE; SCAGLIA, 2003).

         Porém, é necessário possibilitar o aluno a vivência em diversificadas práticas e modalidades esportivas. Isso permite a ampliação do repertório de elementos da cultura corporal do movimento, ou seja, o aluno poderá identificar-se com as atividades que mais lhe interessam (PAES, 2002).

         Para Darido e Rangel (2005), em relação às, dificuldades para evidenciarmos as diferenças, aceitando a ideia apresentada por Freire e Scaglia, de que tanto a brincadeira, quanto o esporte, sem manifestações do fenômeno jogo.

O jogo é uma categoria maior, uma metáfora da vida, uma simulação lúdica da realidade, que se manifesta, que se concretiza quando as pessoas fazem esporte, quando lutam, quando fazem ginástica ou quando as crianças brincam.” (FREIRE; SCAGLIA, 2003, p. 33).

         Muitos professores indicavam a sistematização para os conteúdos jogos e brincadeiras sem fazer a divisão pelos ciclos de escolaridade. Na concepção, de verifica a valorização da categoria conceitual, quando ele aponta como aspectos essenciais a serem ensinados a diferenciação entre o fenômeno jogo e outras práticas corporais, como a brincadeira, e o esporte, características elementares do jogo, com níveis de complexidade de regra, ludicidade, habilidade e esforço; classificação de jogo, conforme competividade, aleatoriedade, representação e vertigem, relações com a mídia e com práticas virtuais (DARIDO, 2007).

         A ludicidade ou o simples ato de brincar faz parte do cotidiano do aluno, desde o seu nascimento. Ao brincar, o aluno passa a desenvolver não somente a inteligência, mas também o seu esquema corporal e a sua socialização. Apesar disso, no contexto atual, devido à urbanização, propagação de jogos eletrônicos e acesso à tecnologia, ela já não convive com a prática da brincadeira da mesma maneira como ocorria algum tempo atrás. Hoje, as crianças não possuem o mesmo privilégio que as de anos atrás, que conviviam constantemente com brincadeiras que lhes proporcionavam uma enorme vivência (SILVA JÚNIOR, 2005).

         O ato de brincar representa a aprendizagem de uma maneira lúdica. No brincar, o indivíduo está tentando compreender e controlar o mundo, compreender e interpretar a si mesmo (VENÂNCIO; FREIRE, 2005).

         Segundo Silva Júnior (2005), há a necessidade de haver educação do movimento, consciência do corpo e deve-se pensar, agir, criar, imaginar e... brincar.

         A brincadeira de “faz-de-conta” pode ser aplicada quando as crianças manifestam o desejo de assumir papéis como o de motorista, de professora, de mãe, quando compreendem as funções desses personagens na sociedade do motorista que dirige canos, do professor que educa as crianças ou da mãe que dá comida para o bebê. Nessas brincadeiras, de situações imaginárias ou de faz-de-conta, sendo livres de regras, as crianças expressam suas emoções e seus desejos. A diversidade de brinquedos, como bonecos de diveersos tipos, berço, carrinho, caminhõesde diferentes tipos (cegonha, caçamba, bombeiro, posto de gasolina, fantoches, bichinhos e kit médico auxiliam a representação de papéis, ampliando o repertório das brincadeiras (KISHIMOTO; FREYBERGER, 2012).

         Para Vygotsky (2001), a brincadeira é o meio natural para que a criança possa desenvolver comportamentos morais. É na atividade lúdica que a criança encontra uma considerável quantidade de normas, que não foram estabelecidas por adultos.

         A Educação Física é uma prática pedagógica, ela assume o papel de resgatar os valores que possam privilegiar o coletivo sobre o individual, garantir a solidariedade e o respeito humano levando à compreensão de que a brincadeira se faz com o outro e não contra o outro (ASSIS, 2005).

         A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. A promoção das atividades lúdicas, sejam elas individuais ou grupais, oportuniza situações privilegiadas que conduzem à aprendizagem e ao desenvolvimento pessoal, social e cultural, produzindo conhecimentos e experiências que se incorporarão à vida do aluno, abrindo-lhe possibilidades de ser livre e de tomar decisões de acordo com a sua própria consciência (FREIRE, 2008).

         Silva e Pozzi (2014) destacam as seguintes brincadeiras: “pular elástico”, busca estimular o desenvolvimento do espírito de coletividade e o respeito às diferenças, constituindo-se numa aprendizagem baseada na diversidade cultural da ludicidade. Ela oportuniza também, o desenvolvimentista motor da locomoção e da capacidade física de força explosiva; “batalha de bolinhas de papel” pode ser utilizado como um estímulo ao trabalho em equipe e para o desenvolvimento do pensamento estratégias. Ele contribui para o desenvolvimento motor de manipulação e a capacidade física de agilidade e velocidade. Ao mesmo tempo, trata-se da utilização de materiais alternativos como noos brinquedos; “dança das cadeiras cooperativas” proporciona o desenvolvimento das ações cooperativas e do senso de justiça.

Nessa atividade, as crianças têm permissão é liberdade estratégia para alcançar o objetivo proposto. Além do mais, a “dança das cadeiras cooperativas” promove o desenvolvimento motor de locomoção (andar, correr, girar e até mesmo saltar), a capacidade óculo-temporal e motora do ritmo; “volençol” é uma brincadeira que desenvolve o senso de trabalho coletivo, por meio da utilização de materiais não convencionais para a vivência lúdica e permitindo a reflexão e a execução das estratégias do jogo. Ele favorece o desenvolvimento motor de locomoção (andar, correr, mudança de direção e saltar), de manipulação (lançar, rebater e agarrar), de estabilização (flexionar, estender e girar), além da coordenação óculo-manual e temporal; e “jogo de amarelinha” proporciona o brincar livremente, desenvolvendo as relações sociais, possibilitando a recriação de novos jogos partindo do mesmo sistema (SILVA; POZZI, 2014).

Segundo Silva e Pozzi (2014) esse jogo favorece o desenvolvimento motor do equilíbrio, de coordenação global e o desenvolvimento da coordenação motora fina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

         O fator principal do lúdico está em proporcionar um bem estar aos alunos, que precisam entender que as aulas de Educação Física podem enriquecer a cultura e aprendizagem dos alunos de ter conteúdos de forma bem animada, absovendo o melhor de cada dia que estiver em aula. Trabalhando a Educação Física de maneira que os alunos tenham prazer e muito mais interesse pelas aulas, querendo sempre aprender, a conviver com os colegas de turma de forma divertida e contagiante, apenas trabalhando para aceitar todas as diferenças e dificuldades que podem ser encontradas no cotidiano dos alunos.

         Devido a recusa em querer realizar as atividades que são propostas em aulas, o professor precisa transformar as aulas em momentos lúdicos que podem mudar o interesse e o comportamento dos alunos durante as aulas de Educação Física. Com a ludicidade, podendo desenvolver as habilidades motoras, e muitas aptidões que os alunos, muitas vezes, desconhecem, por não serem tão agéis e criativos, até mesmo, por estarem em fase de transição, da infância para a adolescência.

         O lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana. Assim, na idade infantil e na adolescência a finalidade é essencialmente pedagógica. A criança, e mesmo o jovem opõe uma resistência à escola e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica, não é prazerosa (SNYDERS, 1990).

         A forma como pode ser conduzida as aulas de Educação Física demonstra o quanto o professor pode tornar as aulas, momentos animados e motivadores para que possam ser transformando muitos alunos, em pessoas extremamentes preocupadas em aprender e querer se desenvolver brincando, se divertindo, até porque o ambiente escolar, precisa ser um lugar que os alunos desejam estar para aprender cada vez mais, com tudo que se é proposto e desenvolvido para que possam não só apenas aprender, mas principalmente em se divertir. Quando o aluno busca extravasar através das atividades propostas em aulas, pode-se construir muitos universos dentro do ambiente escolar, e também, no aspecto pessoal do aluno. Para isso, o lúdico deve fazer parte do cotidiano dos alunos, estar presente durante as aulas, como algo mais natural possível, que quando introduzido seja visível a transformação no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, por que o lúdico auxilia em muitos aspectos quebrando todos os paradigmas existentes, com todas as regras e normas que os conteúdos de Educação Física possui. Assim, tornará o aluno criativo para se relacionar e estar com os colegas, ou até de demonstrar qualquer situação competitiva, ou de liderança durante as atividades desenvolvidas.

         Por isso, que a utilização de atividades lúdicas nas aulas de Educação Física precisa ser diária, o objetivo do trabalho estão na melhoria para obter bons resultados, e principalmente, auxiliar para que o interesse nos alunos sejam satisfatórios, promovendo uma boa mudança no cotidiano existente das aulas de Educação Física do Fundamental II, nos últimos anos. Porque dessa forma, acabará com todas as ideias existentes sobre a disciplina, porque o lúdico é uma importante metodologia que auxiliará para a diminuição dos altos índices de fracasso escolar, e do professor.

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