16/01/2018

O Estágio das Operações Concretas: Suas Características Mais Relevantes

Por Ivan Carlos Zampin – Professor Doutor, Docente no Ensino Superior, Ensino Fundamental, Médio e Gestor Escolar.

 

O desenvolvimento intelectual da criança se processa por meio de uma série de estágios, de acordo com Piaget, e cada estágio é caracterizado com base em uma estrutura cognitiva específica. Nesse contexto, os quatro estágios principais obedecendo a uma ordem sequencial, são: sensório-motor, pré-operatório, das operações concretas e formais.

A idade em que ocorre cada estágio varia consideravelmente e o que importa é que os estágios se sucedem, de acordo com uma ordem determinada. A imagem mental como a percepção não se desenvolve de maneira autônoma sem o apoio da inteligência.

Segundo Piaget, dos sete aos doze anos, aproximadamente, a criança está inserida no estágio da Inteligência operacional concreta. Neste estágio, o grande progresso está, exatamente, na conquista das operações, ou seja, das relações mentais, cuja reversibilidade e flexibilidade garantem à criança a compreensão lógica das situações vivenciadas.

Operar significa, portanto, lidar com relações de classe, série, espaço, tempo, causalidade, número e outras. Consequentemente é no nível das operações concretas que o pensamento não se prende mais aos estados privados do objeto, segue o ritmo das transformações, coordena pontos de vistas distintos. Nesse momento é quando se constituem os grupos e agrupamentos caracterizados pela composição transitiva, reversibilidade, associatividade, identidade e tautologia ou interação numérica. Ao se confrontarem variadas atividades intrínsecas à leitura e escrita com as características dos estágios de desenvolvimento cognitivo revela-se então que as atividades, exigidas pela leitura e escrita, envolvem esquemas correspondentes aos que caracterizam o estágio das operações concretas (MICOTTI, 1980).

De acordo com Jean Piaget, a descrição em termos gerais do desenvolvimento das relações entre indivíduo e meio, revela que na fase das operações concretas, embora ainda não se tenha completado, independentemente da ação, o equilíbrio operatório, as operações lógico-aritméticas e infralógicas se agrupam em sistemas de conjunto das transformações e realizar as atividades perceptivas, bem como outras atividades, em nível, a representação possibilita à criança aprender o conjunto das transformações e realizar as atividades perceptivas, bem como outras atividades, em nível de coordenação de pontos de vista.

Para Piaget, há três tipos de conhecimentos: o conhecimento físico, social e o conhecimento lógico-matemático. O conhecimento físico social é fruto das convenções criadas pelas pessoas. As palavras um, dois, três, são exemplos de conhecimento social. Para a criança adquirir esse tipo de conhecimento, é indispensável que conviva com outras pessoas. No entanto, essa convivência só não é suficiente para que a criança adquira o conhecimento social, já que este requer uma estrutura lógica-matemática para assimilação e organização.

O conhecimento físico é o conhecimento das propriedades físicas dos objetos (a cor, a forma, etc.), que podem ser percebidas empiricamente através da observação. Há ausência do conhecimento racial. Na abordagem piagetiana a experiência lógico-matemática é explicada fundamente pela ação do sujeito sobre os objetos. Dessa ação também se originam as descobertas das propriedades nelas envolvidas. Na experiência lógica matemática, encontramos dois tipos de abstração: a abstração pseudo-empírica e a abstração reflexionante.

A abstração pseudo-empírica caracteriza-se pela ação do sujeito sobre os objetos nos quais a ação mental do indivíduo introduz propriedades. Segundo Piaget, a abstração que realmente dá conta da gênese do conhecimento matemático é a abstração reflexionante, que envolve a construção de uma relação entre objetos, relação essa que só existe na mente das pessoas. Essa é a abstração utilizada pelos indivíduos na resolução de problemas ou nas questões relativas à adaptação.

Então, a abstração empírica é utilizada na aquisição do conhecimento físico pela criança, enquanto que a abstração reflexionante é utilizada na aquisição do conhecimento lógico-matemático. A estrutura lógico-matemático é necessária para a abstração empírica porque as crianças não poderiam ler fatos da realidade externa se eles não tivessem nenhuma relação com o conhecimento de uma forma organizada. Inversamente, não poderia construir o conhecimento lógico-matemático sem o conhecimento físico, já que aquele tem ser primeiro momento na realidade física, ao experimentar formar relações a partir de percepções empíricas.

Assim, no conhecimento lógico-matemático, há uma abstração a partir das relações: perto, maior, etc. Por isso, dá importância especial à matemática para a aquisição de qualquer conteúdo, incluindo a alfabetização: agrupar, reunir, separar. Então, a matemática é a forma pela qual a inteligência aborda o mundo. Por isso, devemos proporcionar tantas atividades quantas possíveis para estimular esse processo.

Tais progressos do pensamento operacional concreto trazem, também, as suas limitações, se comparadas ao estágio que lhe segue das operações formais. Assim, a criança, nesse estágio, necessita do referencial da experiência, do que pode ser observado e manipulado, para construir a sua compreensão lógica da realidade. Nesse sentido, os conceitos teóricos, que não puderam ser integrados a esses referenciais, ficarão, no pensamento infantil, apenas como informações memorizadas, sem nenhuma garantia de permanência como resultado de um conhecimento construído.

 

 

REFERENCIAS

MICOTTI, M.C.O. Piaget e o processo de alfabetização. São Paulo: Editora Pioneira, 1980.

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