O Choro das Viúvas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

O incêndio do Museu Nacional não queimou apenas um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas, nele estava também a história do país, pois o prédio serviu de residência a família real portuguesa.

O descaso não queimou somente 200 anos de uma história, queimou milhares de anos representados por fósseis, múmias, peças indígenas, obras rarase parte da memória de um povo.

Como disse um presidenciável, “já está feito, já pegou fogo”. Resta-nos agora valorizar os que ainda temos e perceber a importância dos museus para preservação da memória cultural da sociedade.

Como afirmado por Thomé[1], os museus “são importantes para a formação cultural do país, pois reconhecem as transformações da inteligência quando os expõe em seus eventos e salas, desvelando o que está aparentemente encoberto pela ignorância dos arrogantes”.

E falando-se em arrogância, a nossa política é formada em sua maioria por estes seres que se acham o dono da verdade.

Política e canalhices são irmãs siameses, sendo assim, difícil desvencilhar uma da outra, dito isso, temos como exemplo a fala de um ministro afirmando que "tem muita viúva aparecendo", ou seja, é feito uma analogia com as viúvas que choram nos velórios mas que de fato, não amavam tanto o defunto, choram para aparecer.

 Nós educadores, estamos acostumados a ouvir estultices, mas vinda de um ministro, chega a ser vergonhoso para um povo, o que aliás, este ministro não fica apenas nesta verborréia, o mesmo tenta colocar panos quentes afirmando que como defunto, o museu não era tão amado assim, ou seja, recebia poucos turistas.

Interessante esta colocação. Realmente o povo não tem a cultura de visitar museus, mas isso é um problema da má educação pública oferecida ele, Lembre-se, somos um país que ainda carrega em si a política do pão e circo.

Interessante perceber a colocação do ministro e fazer uma analogia que acarretaria em uma total destruição cultural e de conhecimento. Sabendo que o Brasil é um país formado por maus leitores e consequentemente maus eleitores.

De acordo com o NOP World Culture Score Index, um estudo realizado pela agência NOP World para medir “hábitos de Mídia” em 30 países, o Brasil se classificou na27ª posição no ranking de leitura.

 A média de livros lidos em nosso país é de apenas 2 por ano, entretanto isso não dá direito de resguardar as bibliotecas públicas, já que caso sejam incendiadas, não fariam tanta falta assim para o povo brasileiro.

Como percebido, o choro das viúvas não pode acontecer somente nos incêndios que aniquilam a nossa memória, mas também, na atual educação pública que ceifa os sonhos de seus filhos e lhe priva de ser um agente protagônico cognoscente.