26/01/2018

Nunca Deixamos de Nos Educar

Nilton Bruno Tomelin

Estar vivo, para um ser humano, para além do biológico corresponde a estar em permanente estado de aprendência. A aprendência, nos dizeres de Hugo Assmann é um processo através do qual a experiência de vida nos faz assimilar e construir novos saberes, fazendo de nossa existência um tempo de permanente aprendizagem. Aprendizagem que se dá na exata proporção de nossa humildade que nos faz acreditar na nossa incompletude de na eterna possibilidade de conhecer o que ainda não sabemos. Assim, enquanto houver vida haverá também aprendizagem.

O fato de nunca deixarmos de nos educar implica na capacidade de impor uma certa simplicidade à vida, diminuindo certos penduricalhos que nos enchem de vaidade nos esvaziam de autenticidade e simplicidade. A simplicidade, fonte primeira da humildade é uma virtude que permite transcender à ignorância. A simplicidade é também um valor essencial a quem se propõe ensinar, pois através dela, conceitos complexos são decodificados e elevados à compreensão de todos.

É a simplicidade que esclarece que não há conceito que não possa ser explicado de forma inteligível. Quando alguns educadores se questionam “por que alguns alunos não aprendem” deveriam também questionar-se se estão de fato ensinando de maneira que todos compreendam ou se estão fazendo de sua aula uma demonstração arrogante de uma sapiência vazia de significados, por exemplo.

Na perspectiva de que estamos sempre nos educando (aprendendo) tem a ver com a concepção de que a matéria prima do educador é o futuro. Por ser o futuro, incerto e imprevisível o grande motivo de encantamento da educação é que não se trabalha com certezas, apenas com possibilidades que se renovam a cada momento. Por isso, para sempre estejamos em aprendizagem é preciso dispor de liberdade, o que não significa opor-se à disciplina.

Por meio da disciplina a liberdade permite que cada “eu” se assuma integralmente e ao mesmo tempo estabeleça uma relação respeitosa com os outros e com a natureza alheia (contexto). Surge então o princípio da  educabilidade, que exige que se tenha a concepção de que nos formamos todos os dias nas relações que estabelecemos conosco, com os outros e com o contexto.

Aprender é portanto, uma atividade social, que se efetiva pela conectividade e pela interação. Aprende não é decorar conceitos, mas construí-los coletivamente, por meio do diálogo e da cooperação. Educar é uma função técnica e também política pois exige método e escolhas, rigidez e flexibilidade do contrário, em algum momento deixaremos de nos educar.

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