19/04/2023

Número de estudantes de graduação com mais de 40 anos cresce no Brasil

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Quase 600 mil estudantes ingressaram em uma universidade em 2022

 

Um caso recente de etarismo, preconceito contra pessoas mais velhas, chamou atenção para algo que vai além do preconceito: o forte crescimento no número de estudantes com mais de 40 anos nas universidades brasileiras. A formação em medicina e em outros cursos são muito buscadas por brasileiros com mais de 40 anos. 

 

Para se ter uma ideia, os estudantes do ensino superior com mais 40 anos no Brasil representam 13,4% de todos os universitários do país (cerca de 1,2 milhões de pessoas). Entre 2019 e 2021, o número de estudantes com mais de 40 anos cresceu 33%. Os dados são do último Censo da Educação Superior produzido pelo IBGE. 

Segundo os dados, o número de estudantes com mais de 40 anos triplicou entre 2012 e 2021. Em 2022, quase 600 mil calouros com 40 anos ou mais ingressaram em alguma universidade no Brasil. 


Universidades confirmam crescimento de estudantes com 40 anos ou mais no país


Olhando diretamente para o núcleo de estudantes em diversas universidades do país, também é possível ver a maior presença de estudantes com 40 anos ou mais.

Na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o número de estudantes com mais de 40 anos saltou de 2.000 no primeiro semestre de 2016 para 2.830 no último semestre de 2020, o que representa 8,1% dos estudantes da instituição. 

Na PUC-RS, atualmente 599 alunos com mais de 40 anos estão matriculados na universidade, destes 159 alunos ingressaram no primeiro semestre de 2023.

Na UnB (Universidade de Brasília), o número saltou de 19 alunos em 1973 para 2.592 em 2023, destacando o crescimento consistente na presença de estudantes com mais de 40 anos na instituição entre 1970 e 2023. 
Caso de etarismo gerou debate sobre ingresso de estudantes com mais de 40 anos em universidades

A estudante de biomedicina, Patrícia Linares, que recentemente completou 45 anos, foi alvo de preconceito por parte de três jovens colegas de turma em vídeo publicado no Instagram. Patrícia estuda na Universidade Unisagrado, em Bauru, no interior de São Paulo.

O vídeo em que as jovens caçoavam da idade de Patrícia viralizou nas redes sociais e provocou uma forte discussão sobre o tema. 

No vídeo, as estudantes debocham de Patrícia com as seguintes falas: “quiz do dia: como ‘desmatricula’ uma colega de sala?”, “Ela já tem 40 anos, já era para estar aposentada”. 

Patrícia disse que chorou muito ao ver o vídeo, ficou muito triste, mas que deixar a faculdade não está nos seus planos.

A expectativa da universitária é usar o caso de uma forma positiva para incentivar pessoas a seguirem seus sonhos, independentemente da idade. Com grande repercussão, Patrícia recebeu apoio de outros colegas de turma e de outros cursos da universidade. 

As três estudantes que cometeram o ato de preconceito não foram à aula no dia seguinte e poucos dias depois desistiram do curso. Um processo foi aberto pela universidade para averiguar o caso. Após algumas semanas do caso, Patricia ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade na Inglaterra.


Especialistas apontam os principais motivos para o crescimento

 
Segundo especialistas, a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 e o aumento da oferta de cursos EAD (ensino à distância) são os principais motivos para o crescimento elevado no número de estudantes com mais de 40 anos nas universidades brasileiras.

O momento fez com que muitas pessoas nessa faixa etária pudessem ter a chance de buscarem um novo caminho e realizar sonhos antigos, como no caso de Patrícia. 

Há também que se destacar que há uma mudança na pirâmide etária brasileira. Os dados apontam uma queda na taxa de natalidade e o crescimento de pessoas com mais idade, devido ao aumento da expectativa de vida. Com isso, a tendência é que aumente estudantes com 40 anos ou mais cursando alguma graduação em universidades brasileiras. 

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