01/04/2022

Nova Teoria Comportamental da Administração - Teoria das Necessidades (décadas de 1950 a 1970)

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

As Teorias das Necessidades foram desenvolvidas por Maslow na década de 50 do século XX; por Krech, Crutchfield e Ballachey na década de 60; por Hughes ainda na década de 60; por Herzberg também na década de 60; por Alderfer no início da década de 70 e por McClelland em meados da década de 70. Estas teorias debruçam-se sobre os comportamentos que resultam dos esforços para satisfazer as necessidades. No âmbito das organizações como, por exemplo, as empresas, os gestores têm de encontrar formas de satisfazer as necessidades dos colaboradores, na medida em que as frustrações, resultantes da insatisfação provocam situações de desinteresse, apatia, deficiente desempenho e, por vezes, mesmo de agressividade.

            Maslow, Herzberg e Alderfer salientaram as necessidades com base em determinados pressupostos.

Por exemplo, Maslow, de acordo com a sua teoria (Hierarquia de Necessidades de Maslow), hierarquizou as necessidades desde as fisiológicas às de segurança, às de sociais, às de estima e às de autorrealização em que, por um lado, refere que enquanto uma necessidade não é satisfeita as outras não exercem influência (princípio da dominância), por outro lado, diz que apenas surge uma nova necessidade quando a nível inferior a anterior estiver razoavelmente satisfeita (princípio da emergência).

Já Herzberg, que agrupou as necessidades de acordo com fatores de satisfação de higiene (que integram as relações interpessoais, a supervisão, os colegas e os subordinados, a corresponderem às necessidades sociais propostas por Maslow e integram ainda a supervisão técnica, a segurança no cargo e as políticas empresarias como aquelas que se alinham com as necessidades de segurança propostas por Maslow. Abrangem igualmente as condições físicas de trabalho, o salário e a vida pessoal, como equivalente às necessidades fisiológicas ainda propostas Maslow) e fatores de satisfação motivacionais (que incluem a responsabilidade, o progresso e o crescimento, o que equivale às necessidades de autorrealização propostas por Maslow. Incluem também a realização, o reconhecimento e o status, que corresponde às necessidades de estima propostas por Maslow), menciona que somente estes últimos exercem influência positiva na realização do trabalho, o que tem servido de base para os programas de «enriquecimento das tarefas», bastante aplicados no seio das organizações. Uma divergência para Maslow, é que Herzberg entende que o ser humano pode ser impulsionado, por fatores motivadores, mesmo que não tenha as necessidades de higiene satisfeitas. Pese embora as divergências entre estes dois autores, as pirâmides de necessidades de ambos são «muito próximas», apesar de utilizarem nomenclaturas diferentes.

Ainda para Herzberg, os fatores higiénicos e motivadores situam-se numa escala que abarca a insatisfação, a neutralidade e a satisfação.

Os fatores higiénicos estão relacionados com a satisfação no trabalho e os fatores motivadores estão relacionados com a satisfação. Neste sentido, a presença de fatores higiénicos é uma expetativa normal do trabalhador, não gerando, por isso, satisfação. Já a sua ausência conduz à insatisfação destes indivíduos.

Desta forma, para motivar e satisfazer os trabalhadores é necessário atuar ao nível dos fatores motivacionais.

Nesta teoria das necessidades, conhecida como teoria dos dois fatores de Herzberg, este autor vem reforçar a ideia de que a ausência de bem-estar nas relações com os pares, sejam eles os superiores ou os subordinados, é indutora de insatisfação, assim como vem evidenciar a necessidade do reconhecimento, da identificação com o conteúdo do trabalho, da responsabilização, como meio de motivar e, assim, incrementar a produtividade nas organizações.

Por seu turno, Alderfer embora concordando com Maslow em como a motivação pode ser explicada em função das necessidades agrupadas, propõe três níveis de necessidades em vez de cinco. Na sua teoria designa as necessidades fisiológicas, como necessidades de existência, as necessidades sociais, de associação e amor, como necessidades de relacionamento e as necessidades de autoestima, como necessidades de crescimento, designando o agrupamento de necessidades por ERG, que significa:

E = Existence (Existência) – necessidade fisiológicas e de segurança de MASLOW

R = Relatedness (Relacionamento) – Necessidades Sociais de MASLOW

G = Grouth (Crescimento) – equivalente à estima e Autorrealização de MASLOW

A teoria de Alderfer sustenta que, embora haja progressão, caminhando da existência para o crescimento, as três necessidades podem funcionar em simultâneo como fatores motivadores, no entanto não é fora do comum as pessoas regredirem para um nível inferior de necessidades.

McClelland salienta na sua teoria (Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland) as «necessidades adquiridas», como aquelas que se desenvolvem pela experiência ao longo da vida e que interagem com o ambiente, como sendo as necessidades de realização, as necessidades de poder e as necessidades de afiliação. Este autor num estudo que conduziu concluiu que os gestores mais eficazes têm grande necessidade de poder, moderadas necessidades de realização pessoal e menos necessidades de relacionamento amigável. Igualmente concluiu que os homens de negócios têm uma necessidade tão forte de realização pessoal que, por vezes, é mais motivadora que os proveitos financeiros. Também as pessoas com necessidades de poder tentam influenciar as outras pessoas e responsabilizam-se mesmo pelo comportamento dos colaboradores ou seguidores.

Por último, ainda no que diz respeito à Teoria das Necessidades, Krech, Crutchfield e Ballachey, no início dos anos 60 do século XX, na sua teoria - Teoria das Necessidades de Krech, Crutchfield e Ballachey, associam a hierarquia das necessidades de Maslow a dois fatores: o desenvolvimento psicológico e o poder de motivação, enquanto Hughes, na sua teoria - Teoria das Necessidades de Hughes, reparte as necessidades entre necessidades de manutenção e necessidades de desenvolvimento.

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