03/03/2017

Não é tempo de retornar

Por Claudinei José Martini

Professor. Especialista em Educação a Distância, Mídias na Educação e Ensino de Ciências.

  Dentre os muitos desafios ainda impostos ao Brasil, saneamento básico, logística, sáude, segurança, entre outros, certamente o enfrentamento ao analfabetismo é questão estratégica e crucial para o desenvolvimento social e econômico da Nação, relação direta para a diminuição da miséria e da melhoria da renda e da qualidade de vida.

     O brasileiro traz em seu âmago a característica de um ser humano criativo, empreendedor nas situações mais adversas e com intensa vontade de aprender. É inaceitável que pessoas com tais qualidades estejam ausentes dos bancos escolares, privadas do conhecimento formal, a que de direito lhes pertencem.

     Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), amplamente divulgados nas diversas mídias jornalísticas, retratam a situação do analfabetismo em nosso País, que insiste permanecer como marca registrada da ausente política educacional instalada há décadas, e que se tenta reverter a qualquer custo de uma hora para outra sem um planejamento estratégico a longo prazo, jogada para a sociedade, como quem diz "se vire" e modificada a cada troca de ministro.

     Brasileiros vítimas destes descasos multiplicam-se nas salas de aula pelo País afora, nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), na qual este autor leciona, ouvindo depoimentos dos alunos que ainda jovens precisaram abandonar a escola e trabalhar para ajudar a família, outros dizendo que as distâncias a serem percorridas eram enormes e consequentemente cansativa para suportar a jornada trabalho-escola, mas em grande parte, são discursos que ainda justificam a atual evasão em um ciclo vicioso.

     O problema do analfabetismo não é causa ou efeito da escola e da sociedade, é consequência da ausência de políticas sociais, que durante muito tempo na história recente, não priorizou a educação. Romper essa corrente passa pela melhoraria das condições sociais básicas, trabalho digno, renda, acesso a saúde e ao transporte escolar para que a criança e o adolescente sintam-se motivados em estar na escola para deixar no passado o famoso jargão "Sempre é tempo de retornar..."

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