30/11/2017

Musculação para adolescentes: Orientações para a prática profissional do professor de Educação Física.

Bruno Sales de Oliveira Cavalcante, Eliane Rocha Reis de Brito, Jonny Rodrigo Alberto dos Santos, Paloma Oliveira Cruz, Priscila Aparecida Tavares Dias, Sabrina Sales Sandes, Ana Carolina Siqueira Zuntini

Centro Universitário Ítalo Brasileiro

bruno_sales_oliver@hotmail.com

RESUMO

Objetivo de pesquisa: apresentar as principais informações e riscos sobre a musculação para adolescentes, orientações e cuidados que o profissional de Educação Física deve ter ao trabalhar com esse público, através da utilização da metodologia teórica, mais conhecida como revisão bibliográfica. A musculação na adolescência é uma atividade excelente para a melhora da saúde geral e do bem estar do sujeito na adolescência, mas deve-se observar os principais cuidados e orientações a serem tomados e realizados pelo professor de Educação Física, orientando o sujeito a procurar um trabalho nutricional e/ou realizar uma alimentação equilibrada e sadia para que os resultados da musculação sejam bem sucedidos, sempre realizar um trabalho gradual, com leves cargas e intensidade de movimentos moderada, orientar um trabalho de musculação por pelo menos 3 dias da semana, com duração mínima e máxima de 25 a 50 minutos e com intensidade de 60% a 80% da freqüência cardíaca máxima, conscientizar através de informações quanto ao uso ilícito de anabolizantes e os prejuízos de seu uso para a saúde, adequar as cargas de peso à estrutura corporal e maturação do aluno evitando excesso de carga nos treinos, prejudicando o crescimento ósseo do adolescente, informar e orientar a constante hidratação do indivíduo nos momentos da execução das séries de exercícios, conscientizar sobre equipamentos de proteção no momento da realização dos movimentos e o cuidados constantes com acidentes corporais na realização dos exercícios (sala de musculação) para que não haja prejuízos naquilo que o aluno presa muito, que é sua aparência estética, realizar, sempre o planejamento dos treinos de forma individualizada, de acordo com a idade e nível de maturação do adolescente, realizar conversas e/ou entrevistas antes de iniciar o trabalho de  musculação propriamente dito com o aluno afim de diagnosticar problemas de saúde e os objetivos em relação á musculação, estimular o convívio social do aluno na sala de musculação e o estabelecimento de novas amizades e relacionamentos interpessoais porque muitos deles se sentem tímidos e desajeitados nas sessões de atividade física, deixando-os assim, mais a vontade e motivado para os exercícios.

Descritores: Musculação, Adolescente, Educação Física.                                                                                                                           

ABSTRACT:

Objective: To present the main information and risks about bodybuilding for adolescents, guidelines and care that the Physical Education professional should have when working with this public, through the use of the theoretical methodology, better known as bibliographic review. Bodybuilding in adolescence is an excellent activity for the improvement of the general health and well-being of the subject in adolescence, but it should be observed the main care and guidelines to be taken and carried out by the Physical Education teacher, guiding the subject to seek a nutritional work and / or to perform a balanced and healthy diet so that the results of the bodybuilding are successful, always to carry out a gradual work, with slight loads and moderate intensity of movement, to direct a work of bodybuilding for at least 3 days of the week, with minimum and maximum duration of 25 to 50 minutes and with intensity of 60% to 80% of maximum heart rate, raise awareness through information about the illicit use of anabolic and the damages of its use for health, adjust the weight loads to the structure body and maturation of the student avoiding excessive load in the training, impairing adolescent bone growth, informing and to guide the constant hydration of the individual at the moments of the execution of the exercise series, to raise awareness about protective equipment at the moment of the movements and the constant care with corporal accidents in the accomplishment of the exercises (bodybuilding room) so that there is no damage in what the a student who is very attached, which is his / her aesthetic appearance, to carry out, always the planning of the trainings in an individualized way, according to the age and maturity level of the adolescent, to hold conversations and / or interviews before starting the work of bodybuilding itself with the student in order to diagnose health problems and goals in relation to bodybuilding, to stimulate the social interaction of the student in the bodybuilding room and the establishment of new friendships and interpersonal relationships because many of them feel shy and awkward in the sessions of physical activity, so the more the will and motivated for the activities.

Descriptors: Bodybuilding, Teen, Physical Education.

INTRODUÇÃO

Sabemos que a adolescência é um dos períodos da vida de um ser humano em que mais ocorrem modificações corporais, hormonais, psicológicas e sociais. Um período de afirmação em que involuntariamente adolescentes são submetidos aos padrões físicos e sociais que mudam conforme o tempo, e nessa fase procuram formas de se transformar e ficar mais assemelhados a esses padrões. Essa é uma das fases mais difíceis da vida de um indivíduo adolescente, fase de experimentação e pouco reconhecimento dos riscos derivados de suas decisões, sendo o profissional de educação física essencial tanto na conduta técnica objeto dessa pesquisa, quanto no dialogo necessário para evitar condutas ilícitas de rápido resultados, mas com danos futuros irreparáveis (UCHIDA, 2008).

Nesse momento entra em cena a procura dos adolescentes, principalmente os do sexo masculino, pelas aulas de musculação com o objetivo de tornear seu corpo e ganhar massa muscular. E também o papel do professor de Educação Física que precisa trabalhar com estes adolescentes de forma conceitual, preservando as características específicas e individuais de cada indivíduo, entendendo os seus objetivos e compreendendo seus limites (AZEVEDO JÚNIOR & PEREIRA, 2006).

O treinamento de musculação é estudado e discutido por pesquisadores de vários países, porém com poucas pesquisas e artigos científicos voltados para adolescentes.

Objetivo

Apresentar as principais orientações e cuidados que o profissional de Educação Física deve trabalhar com a musculação para adolescentes mostrando as principais informações, a importância do estímulo à prática de atividades físicas na adolescência e os principais riscos.

Metodologia

O trabalho foi realizado por meio da pesquisa bibliográfica que por sua vez é o passo inicial na construção efetiva de um protocolo de investigação, quer dizer, após а escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema proposto. Essa pesquisa auxilia na escolha de um método mais apropriado, assim como no conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa (CARVALHO, 2004).

Por conceito e definição, iniciou-se o desenvolvimento investigando as pesquisas bibliográficas com o intuito de saber a) se alguém já publicou as respostas às questões propostas, b) decidir se é interessante repetir а investigação com os mesmos objetivos, c) métodos utilizados em investigações similаres, d) averiguar o melhor para ser aplicado, e) enquadrar o nosso estudo em um modelo de cаsuаlidаde.

Os dados foram retirados de bases virtuais de pesquisas científicas, como o Scielo, Google Acadêmico (Schollar Google), USP (Rbefe Article), CECIERJ.edu, NEPEF (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Física) e ainda de bibliotecas universitárias físicas.

Os descritores para a busca de dados foram: Musculação, Treino de força, adolescência, adolescente.

Foram selecionados 11 artigos científicos e 5 livros em português (entre os anos de 2004 E 2017) que foram usados como materiais de apoio para a discussão dos dados.

Revisão de Literatura 

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-americana de Saúde (OPS) a adolescência se constitui um processo biológico e vivências orgânicas, no qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, abrangendo a pré-adolescência (entre 10 e 14 anos) e a adolescência (dos 15 aos 19 anos).

Essa definição por faixa etária, segundo a literatura, ou seja, entre 10 e 19 anos de idade, dá-se simplesmente por razões estatísticas, já que a adolescência é considerada como um processo que começa antes dos 10 anos e não termina aos 19. Esse início é biológico definido por meio da maturação sexual, enquanto que seu limite é de ordem sociológica, a partir da concepção de que o adolescente passa a ser adulto no momento em que se torna independente dos familiares, determinado por sua liberdade econômica (REJANE, 2009).

Kalina e Laufer (1974) entendem a adolescência como o segundo grande salto para a vida: o salto em direção a si mesmo, como ser individual. Esses autores distinguem puberdade de adolescência. Puberdade refere-se aos fenômenos fisiológicos, que compreendem as mudanças corporais e hormonais, enquanto adolescência diz respeito aos componentes psicossociais desse mesmo processo. Melvin e Wolkmar (1993) também fazem essa diferenciação: consideram que, na puberdade, está mais acentuada a maturação física e que a idade real de início pode variar muito, sendo para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos, 12 anos. O ritmo em que ocorrem as mudanças da puberdade também é diferente para as meninas e para os meninos, havendo uma variabilidade dentro do mesmo grupo sexual (BEE, 2003; SERRA, 1997). A adolescência, cujo início coincide com a puberdade, é influenciada pelas manifestações desta (TERESA, 2010).

“A adolescência é a fase da vida de uma pessoa em que preocupações que antes nem passavam pela cabeça começam a se tornar importantes. E em meio a pensamentos de como conquistar o menino ou a garota dos sonhos e que profissão seguir quando se tornar um adulto, outra apreensão que pode surgir é em relação à estética e boa forma. ” (PATRICIA,2017, p1)

“E é partir daí que alguns dos jovens que se encontram nesse período podem pedir aos pais que os matriculem em uma academia, não apenas com o objetivo de ostentar uma barriga lisinha e livre de gorduras, mas também para ganhar massa muscular. E é nesse momento que eles podem dar o primeiro passo para a musculação. “ (PATRICIA, 2017, p1)

 

RESULTADOS

Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados

AUTOR

OBJETIVO

METODOLOGIA

CONCLUSÃO

AZEVEDO JÚNIOR, M.R de. & PEREIRA, F.M., 2006.

Analisar as preferências e benefícios da atividades físicas e esportivas na adolescência

Bibliográfica

Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, na cidade de Pelotas, no sul do Brasil.

A participação em atividades físicas sistematizadas na adolescência (10-19 anos) foi definida como o envolvimento em, pelo menos, seis meses consecutivos na mesma atividade física, a qual poderia ter sido praticada em clubes, associações, academias, por conta própria ou na escola, devendo ser desenvolvida necessariamente em período extracurricular.

 

Atividades oferecidas nas academias, especialmente aulas de ginástica e musculação têm apresentado um aumento significativo entre as preferências dos jovens de hoje. Este interesse crescente por atividades ginásticas deve ser considerado em toda iniciativa que vise fomentar a prática de atividades físicas na adolescência. Além disso, estas mesmas atividades poderiam ser aproveitadas pela Educação Física escolar enquanto conteúdo nas aulas. Entretanto, os dados disponíveis na literatura não apontam para tal direção.

GORDIA, A. P. et al., 2015.

Investigar o conhecimento dos pediatras sobre a atividade física na infância e adolescência e a orientação dada por eles.

Estudo transversal feito com uma amostra conveniente de pediatras (n=210) que participaram de congressos nacionais destinados à especialidade em 2013.

A maior proporção dos pediatras era do sexo feminino, estava formado em medicina havia mais de 15 anos e tinha residência em pediatria. Mais de 70% relataram incorporar a orientação de atividade física em suas prescrições. Por outro lado, aproximadamente dois terços relataram incorretamente que crianças não podem fazer musculação e menos de 15% responderam corretamente a questão sobre barreiras para a prática de atividade física.

CÂMARA, L. C. & SANTARÉM, J. M., 2006.

Analisar os benefícios, eficácia e cuidados dos exercícios resistidos para crianças e adolescentes.

 

Comentários: Prof. Dr. José Maria Santarem

Este texto é uma revisão de posicionamento do American Academy of Pediatrics sobre o treinamento de força para crianças e adolescentes.

Bibliográfica

O TR aumenta a força muscular em pré-adolescentes e adolescentes, mesmo com freqüência de uma vez por semana, embora os programas de treinamento realizados duas vezes por semana possam ser mais benéficos. O TR também é adequado para as crianças e auxilia na aquisição de habilidades específicas para o esporte e para a melhora do controle postural. Os ganhos na força muscular, no volume muscular e na potência desaparecem em aproximadamente 6 semanas após a interrupção do treinamento resistido.

 

ALVES, C. & LIMA, R. V. B., 2008.

Apresentar revisão atualizada e crítica sobre o impacto do esporte e da atividade física no crescimento, desenvolvimento puberal e mineralização óssea de crianças e adolescentes.

Bibliográfica

Artigos científicos publicados nos últimos 20 anos abordando a associação de esportes e atividade física ao crescimento e ao desenvolvimento de crianças e adolescentes foram pesquisados através dos bancos de dados Medline/PubMed e Lilacs/Bireme. Na pesquisa bibliográfica foram utilizados os seguintes unitermos em várias combinações: "sports", "exercice", "athlete", "child", "adolescent" e "bone mineralization".

Os efeitos deletérios dos esportes sobre o crescimento e desenvolvimento só foram observados em atletas de elite submetidos a treinamento intensivo e restrição alimentar.

Alterações hormonais e de citocinas inflamatórias são parte da fisiopatologia desse processo. É necessário que estudos longitudinais avaliem as repercussões da atividade física recreacional sobre a estatura final.

VIEIRA, V. C. R., PRIORE, S. E. & FISBERG, M., 2002.

Esta revisão objetivou reunir informações acerca dos efeitos da atividade física no adolescente Unitermos: Adolesc Latinoam 2002; 3(1): Atividade física na adolescência, importância da atividade física; educação física.

Bibliográfica

 

A atividade física auxilia no desenvolvimento do adolescente e na redução dos riscos de futuras doenças, além de exercer importantes efeitos psicossociais.

Por outro lado, ao contrário do que se pode pensar, a atividade física nessa faixa etária não é isenta de riscos, que envolvem desde lesões corporais até deficiências nutricionais.

TOURINHO FILHO, H & TOURINHO, L. S. P. R., 2005.

 Apresentar os aspectos maturacionais e funcionais da criança e do adolescente e sua relação com a prática da atividade física em geral e a musculação.

Bibliográfico

Estatístico

Através da análise dos aspectos maturacionais e sua relação com a atividade física de crianças e adolescentes pode-se verificar que: - a determinação da idade biológica apresenta-se como um importante parâmetro nas pesquisas que dizem respeito à criança, ao adolescente e ao exercício, pois possibilita distinguir as adaptações morfológicas e funcionais resultantes de um programa de treinamento das modificações observadas no organismo, decorrentes do processo de maturação.

SILVA, K, de C. e; PEREIRA, E. R., 2017.

Este estudo teve como objetivo avaliar e comparar o percentual de gordura e o índice de massa corporal (IMC) de adolescentes escolares do sexo feminino, praticantes e não praticantes de musculação.

Esse estudo foi realizado com indivíduos do sexo feminino entre 15 e 16 anos (15,5 ± 0,44) praticantes de musculação (n=10) e (15,5 ± 0,52 anos) não praticantes de musculação (n=10). As voluntárias frequentavam uma escola estadual na cidade de Pompéu-MG. Para análise do IMC foi utilizada a fórmula IMC= peso/altura2 e o protocolo de Deurenberg com as dobras cutâneas bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca foi utilizada para avaliação do % de gordura. Foi utilizada uma balança digital da marca Plenna®, modelo Ice, (carga máxima:150 kg) com precisão de 100g.

Conclui-se que na amostra estuda, não foram apresentadas diferenças no IMC e % de gordura entre estudantes praticantes e não praticantes de musculação. Isso reforça a ideia da necessidade não somente da prática regular de exercícios, mas também de uma alimentação balanceada como estratégia do controle ponderal, sendo a escola um local propício para a conscientização dos alunos e família para a necessidade de combate à obesidade.

SANTOS, G. A. B. et al., 2015.

O objetivo do presente estudo foi verificar se a prática de treinamento resistido além das aulas de educação física escolar interfere na postura de adolescentes do ensino fundamental II.

Estudo de caso com 22 indivíduos do sexo masculino com idade média de 17±1 anos. Fizeram parte da amostra doze adolescentes praticantes das aulas de educação física escolar (grupo 1) e dez praticantes das aulas de educação física escolar mais de treinamento resistido (grupo 2).

Foram mensurados o peso corporal e a estatura para posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC) a partir da fórmula IMC = peso (kg) / estatura.

Embora existam na literatura vários estudos apontando a alta incidência de desvios posturais entre os adolescentes.

Através do presente trabalho não é possível distinguir quais são as alterações provindas da má postura nas escolas e cotidiano e quais são devidas à realização de treinamento resistido não supervisionado corretamente e elaborado de acordo com a individualidade do praticante. O que é possível sugerir seria treinamento resistido baseado nos desvios posturais presentes e a inserção de programas de diagnóstico e orientação nas escolas.

SILVA FILHO, J.N. da. et al., 2015.

O objetivo da presente revisão foi verificar a influência do exercício físico força no crescimento ósseo de crianças e adolescentes, buscando encontrar indícios científicos sobre hipóteses de lesões ou problemas ósseos em crianças e adolescentes oriundas do exercício físico de força.

A hipótese trabalhada é que através de uma correta sistematização do treinamento, com um acompanhamento e supervisão adequada, além de não apresentar nenhum malefício a saúde óssea desses, o exercício físico de força gera inúmeros benefícios musculoesqueléticos, além de melhorias à saúde e à qualidade de vida deles.

A seleção e escolha dos estudos foram feitas por profissionais de Educação Física que apresentam experiência em pesquisa científica, o levantamento foi realizando num período de dois meses entre julho e agosto (2013) logo após cadastro realizado na PROSPERO.  Após tal busca, foram selecionados os termos em português: Exercício Físico; Crianças; Adolescentes; Treinamento de força; Exercício; Força Muscular; Crescimento e Desenvolvimento; Ósseo, e em Inglês respectivamente: Physical Exercise; Child and Adolescents; Resistance Training; Exercise and Child and Muscle Strength and Growth & Devolopment and Bones. Já determinado os termos, iniciou-se a pesquisa em Portais, Base de Dados nacionais e internacionais E Buscadores: Periódicos Capes; SciELO; PEDro; PubMed, Google Acadêmico - Google Escolar (G.A).

Com base nas evidências científicas encontradas, conclui-se que o exercício físico de força contribui de forma significativa tanto para o crescimento quanto para prevenção de problemas ósseos em crianças e adolescentes.

Sugere-se também que novos estudos experimentais sejam produzidos para que se estabeleça um melhor consenso sobre o tema abordado.

SILVA, C. C. da. et al., 2004.

Revisar a literatura especializada a respeito dos principais efeitos que o exercício físico exerceria sobre a secreção e atuação do hormônio de crescimento (GH) nos diversos tecidos corporais, durante a infância e adolescência. Verificando se os exercícios físicos induzem a estimulação do eixo GH/IGF-1

Bibliográfica.

Revisar de literatura especializada a respeito dos principais efeitos que o exercício físico exerceria sobre a secreção e atuação do hormônio de crescimento (GH) nos diversos tecidos corporais, durante a infância e adolescência.

O que se pode afirmar com ampla fundamentação é que as atividades esportivas adequadamente programadas e supervisionadas potencializam a densidade mineral óssea (1,10,34-36), particularmente durante a adolescência(8), quando o pico de massa óssea está por ser alcançado(1,10). Estudos apresentam a combinação, dieta rica em cálcio associada ao exercício físico, durante a adolescência, como recurso adequado para a maximização do pico de massa óssea e consequente redução do risco de osteoporose futura(1,8,10,36,37).

BENEDET, J. et al., 2013.

O objetivo deste estudo de revisão foi fazer uma análise retrospectiva a partir de consensos e revisões da literatura sobre a prescrição de exercícios resistidos para crianças e adolescentes. Pretende-se destacar o processo de evolução relativo às recomendações, estabelecer um consenso atual com base nos estudos revisados, bem como encontrar possíveis lacunas em relação ao tema proposto.

A busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados PubMed (U.S National Library of Medicine), Web of science, e Scielo (Scientific Electronic Library Online).

Para serem inclusos no estudo os artigos deveriam ser necessariamente de revisão bibliográfica ou consensos de especialistas que analisaram diretamente a prescrição e o impacto dos exercícios resistidos em crianças e adolescentes com relação à aptidão física relacionada a saúde.

Conforme observado, ocorreu uma evolução substancial no número de publicações que abordam a utilização do TR para crianças e adolescentes, a partir do ano de 1990.

Apesar de ainda controverso, a literatura atual recomenda a prática do TR para jovens, cujas recomendações mais importantes. Embora muitos parâmetros analisados indiquem que o TR realizado de forma correta seja seguro, convém destacar que permanecem latentes questões associadas às respostas crônicas do TR em faixas etárias intermitentes aos processos maturacionais, assim como indagações relacionadas à prescrição para as diferentes idades.

 

DISCUSSÃO

Discussões sobre a musculação para crianças e adolescentes são produzidas em nossa sociedade, isso porque muitas pessoas ainda acreditam que o adolescente deve se proteger de movimentos, situações e ações que envolvam esforços físicos por serem muito frágeis, em fase de crescimento e, portanto, vulneráveis e propícios a ter algum problema de crescimento e desenvolvimento.

Segundo Câmara & Santarém (2006), esta questão pode ser considerada uma inverdade em relação à atividade física e o treinamento de força/musculação, pois muitos médicos, profissionais da saúde e de Educação Física já realizaram estudos que demostram que a atividade física é excelente para o desenvolvimento e que o treinamento e pode trazer muitos benefícios á saúde física, social e emocional dos adolescentes.

Outra questão existente em relação à musculação para os adolescentes está relacionada a este tipo de treinamento para as meninas, pois instituiu-se não só o medo, mas também o receio de que as adolescentes ficassem com os corpos masculinizados (SANTOS, 2015).

No entanto, segundo Alves & Lima (2008) isto acaba se desfazendo uma vez que, nos dias atuais, o corpo torneado e musculoso é tido como um corpo feminino belo e sadio e não masculinizado, sendo que muitas senhoras buscam esse objetivo um aspecto mais jovial e belo com os resultados do treinamento de força, tornando-se necessário uma conduta adequada, exercícios adaptados as características intrínsecas de cada menina adolescente considerando seus objetivos e limites.

Os adolescentes estão cada vez mais preocupados em se sentirem bem e belos, convivendo com outras pessoas e mantendo um nível de lazer constante em seu cotidiano. Desta forma, os adolescentes mais modernos procuram academias de ginástica e os treinos de musculação não apenas por uma questão de saúde, mas para obterem um físico mais atraente, ou seja, para modificarem sua imagem corporal e terem momentos de bem estar convivendo com pessoas diariamente nos ambientes de realização da atividade física (CARAZZATO, 2009).

Considerando a necessidade de aceitação do adolescente no ambiente social em que vive, o Educador Físico tem papel fundamental nas questões educativas envolvendo o uso de anabolizantes e seus efeitos colaterais quanto não indicados a situações que realmente exijam sua utilização. Cabe ao educador planejar corretamente treinamentos evolutivos no alcance dos objetivos evitando assim que o adolescente recorra a esse tipo de ciclo considerando que o corpo é uma máquina evolutiva, com limites e riscos.

Ainda, habita no imaginário das muitas pessoas que a prática da musculação e da realização do treinamento de força pelo adolescente crie incidência de fraturas ósseas em função dos ossos não estarem ainda totalmente formados, pesquisas médicas e da área da Educação Física comprovam que a prática da musculação é capaz de trazer melhoras em relação á saúde do osso e prevenir a osteoporose (doença crescente que atinge em sua maioria idosos, mas também jovens (MARTINS, 2017).

Atualmente, existem diversas entidades científicas renomadas que indicam a musculação para adolescentes, caso das entidades norte-americanas ‘The American College of Sports Medicine, ‘American Academy of Pediatrics’ e ‘American Orthopedic College Society for Sports Medicine’ (BENEDET, 2013).

A idade correta em que devem ser iniciadas as atividades de musculação por parte das crianças e adolescentes é um assunto muito controverso na literatura sobre o tema ‘musculação em adolescentes’, existem registros mencionando que a musculação/treinamento de força pode ser iniciado por crianças desde os 6 anos de idade (CÂMARA e SANTARÉM, 2006).

Tais autores descrevem que nesta idade já pode ser iniciado o trabalho de musculação porque o indivíduo já sabe obedecer às regras, já está apto fisicamente para praticar atividades esportivas e, por isso, já estaria apta a realizar aulas de musculação com a orientação de um profissional de Educação Física.

Azevedo & Pereira (2006) recomendam algumas faixas etárias mais avançadas para o início da prática da musculação. Eles mencionam que geralmente pode-se iniciar a musculação em adolescentes de maneira leve a partir dos 14 anos de idade, mas há uma recomendação de que é mais interessante o adolescente iniciar a prática da musculação a partir dos 16 ou 17 anos de idade por vários motivos: a) sua estrutura e crescimento ósseo e sua maturação sexual já estão desenvolvidos, b) porque os efeitos dos exercícios são mais efetivos e c) porque o adolescente tem um grau de amadurecimento psicológico melhor para entender as responsabilidades e cuidados que a prática da musculação.

Santarém (2006) coloca que, em se tratando de treinos de musculação para adolescentes, recomenda-se que se realizem os exercícios de força, pelo menos três dias por semana, podendo ser realizado também todos os dias, mas com intensidade de tempo e de carga menores.

Tourinho Filho & Tourinho (2005) afirmam que em relação ao nível de intensidade do exercício de musculação para adolescentes, recomenda-se que o treinamento na musculação seja realizado para indivíduos sadios (sem problemas cardíacos) de 60% a 90% da freqüência cardíaca.

Em função da alta produção de hormônios em seus corpos, a massa muscular deve aumentar, mas não tanto quanto a de um adulto. Então, o profissional deve informar trabalhar esses limites com seu aluno no intuito de evitar frustrações em relação ao crescimento de seus músculos, pois, na grande maioria das vezes, os adolescentes querem ver resultados imediatos (VIEIRA e FISBERG, 2004).

De fato, Silva Junior (2015) também observa que haverá, no trabalho com a musculação em adolescentes, um aumento significativo da força corporal e muscular geral, mas a hipertrofia, que é responsável pelo aumento do tamanho dos músculos, ou seja, de ganho de massa muscular deve ser limitada. Neste sentido, cabe ao profissional preparar o aluno e aconselhar para que haja harmonia e alinhamento das expetativas com relação ao trabalho do profissional e da atividade de esportiva.

Caso o aluno não compreenda esta questão, corre-se o risco de o mesmo perder a credibilidade nos conceitos estudados e acreditar que o programa de musculação não esteja surtindo efeito desejado ou mesmo nenhum, e assim busque alternativas ilícitas para o ganho de massa muscular com o uso de anabolizantes. Na contramão, esse mesmo descrédito pode desencorajar a continuidade do trabalho esportivo e consecutivamente um bloqueio e retomada da atividade na vida adulta, um possível trauma.

Desta forma, é de extrema importância que o profissional seja claro ao informar os adolescentes os malefícios á saúde que através do uso de anabolizantes e os danos que essas drogas podem causar ao organizamos, tanto de ordem física como emocionais, tais como a calvície, agressividade, aumento de colesterol, hipertensão, acne, distúrbios sexuais como tais como impotência e a esterilidade, dores de cabeça agudas, insônia, etc (UCHIDA, 2008).

Outra informação importante que ao adolescente que faz musculação são derivadas da sua alimentação e nutrição, que vão influenciar muito no rendimento dos exercícios e no alcance de suas metas. Desta forma, o profissional de Educação Física deve recomendar a orientação nutricional com um profissional da Nutrição, que irá potencializará o trabalho físico na musculação (ZATSIORSKY, 2014). 

No trabalho com a musculação com o adolescente, é imprescindível que o profissional oriente um trabalho formulado e planejado para cada aluno em particular, baseado em sua idade e estágio de maturação. Desta forma, uma série de exercícios para um adolescente de 15 anos será realizada especificamente para ele e será diferente do que as séries de exercícios realizadas para um adolescente de 18 anos, sendo que o planejamento de exercício feito pelo professor deve ser bem metódico e individualizado (CARAZZATO, 2009).

Quando se trabalha a musculação com alunos adolescentes de diferentes faixas etárias e diferentes níveis de maturação, o profissional de Educação Física precisa entrevistar cada aluno antes de iniciar na prática, identificando por exemplo se o aluno está passando pelo período chamado estirão, período em que há um crescimento em estatura muito rápido em curto espaço de tempo. Uma vez identificado, deve orientar este aluno para que não realize ou evite a execução de levantamentos máximos de peso em função do seu corpo, organismos e as estruturas ósseas e musculares estarem mais vulneráveis a lesões por esforços, ou mesmo um retardo dano a esse crescimento pelo esforço contrário ao desenvolvimento (BARBANTI, 2006).

No trabalho com o adolescente na sala ou local de musculação, um dos procedimentos profissionais obrigatórios é a constante supervisão dos exercícios realizados pelos alunos nos aparelhos ou nas formas livres, tarefa eficaz para evitar lesões e direcionar a realização correta dos movimentos pelo adolescente (CAMPOS, 2004).

Essa supervisão do professor, deve então ocorrer visando a observação de alguns itens importantes na execução dos movimentos pelo aluno: a postura corporal, a velocidade de execução dos movimentos, a amplitude do movimento, a carga escolhida, o esforço físico que o aluno demonstra, o tempo de intervalo entre as séries de movimento entre outros (BARROS, 2004).

Por fim, quando se trata do trabalho específico de musculação com adolescentes, o profissional de Educação Física pode e deve agir de maneira diferenciada dos alunos adultos em relação a diferentes aspectos e práticas dos exercícios no espaço de realização da musculação e que tais procedimentos, sendo eles cuidados e orientações especiais, devem ser assumidas pelo professor como um dever ético profissional e de competência (BENEDET, 2013).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais cuidados e orientações a serem tomados e realizados pelo professor de Educação Física que trabalha a musculação para adolescentes são baseados na orientação do indivíduo a procurar um trabalho nutricional e/ou realizar uma alimentação equilibrada e sadia para que os resultados da musculação sejam bem sucedidos, com adolescentes muito novos, sempre realizar um trabalho gradual, com leves cargas e intensidade de movimentos moderada, conscientizar e dar informações constantes em relação ao uso ilícito de anabolizantes e os prejuízos de seu uso para a saúde, adequar as cargas de peso à estrutura corporal e maturação do aluno para que não haja excesso de carga nos treinos, prejudicando o crescimento ósseo do adolescente, informar e orientar a constante hidratação do indivíduo no momentos da execução das séries de exercícios, orientar e dar informações sobre equipamentos de proteção no momento da realização dos movimentos e o cuidados constantes com acidentes corporais no espaço de realização dos exercícios (sala de musculação) para que não haja prejuízos naquilo que o aluno presa muito, que é sua aparência estética, realizar, sempre quando possível, um trabalho de orientação e planejamento de treinos de forma individualizada, de acordo com a idade e nível de maturação do adolescente, realizar conversas e entrevistas antes de iniciar o trabalho de  musculação propriamente dito com o aluno afim de diagnosticar problemas de saúde, os objetivos em relação á musculação, estimular o convívio social do aluno na sala de musculação e o estabelecimento de novas amizades e relacionamentos interpessoais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO JÚNIOR, M. R de.; PEREIRA, F. M. Atividades físicas e esportivas na adolescência: mudanças de preferências ao longo das últimas décadas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.20, n.1, p.51-58, jan./mar. 2006. Disponível em:< http://www.journals.usp.br/rbefe/article/viewFile/16613/18326/>. Acesso em: 18/09/2017.

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CÂMARA, L. C.; SANTARÉM, J. M. Treinamento de força para crianças e adolescentes. Council on Sports Medicine and Fitness Magazine Pediatrics, dezembro, 2006. Disponível em:< http://www.treinamentoresistido.com.br/tr/Pages/Articles/Article. aspx?id=352&mode=2 /> Acesso em: 22/09/2017.

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