Mulheres no espaço

RESUMO
A viagem da primeira mulher ao espaço foi um ato de propaganda política do regime comunista, que, naquela época, disputava força com o poder dos Estados Unidos. Com isso, a missão também teve como objetivo mostrar “a superioridade tecnológica da União Soviética durante a corrida espacial travada com os norte-americanos, assim como, enaltecer o heroísmo da mulher soviética”.
Palavras chave: mulher no espaço, corrida espacial, tecnologia.
ABSTRACT
The journey of the first woman in space was an communist advertisement act , which struggle with the United States at that time. In this way, the mission also aimed to show Soviet Union´s technological superiority during the space race against the Americans, as well as praising the heroism of the Soviet woman.
Keywords: woman in space, space race, technology.
INTRODUÇÃO
A motivação principal, na conquista do espaço, inicialmente, foi a corrida espacial entre as duas grandes potências mundiais, Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS). Logo em seguida, tivemos um grande boon causado pelo interesse comercial, especialmente no que diz respeito a produção de satélites para uso nas telecomunicações. Posteriormente, foram construídas sondas de grande porte para exploração científica do Sistema Solar. Ocorreram também propostas de construção de estações espaciais, com laboratórios orbitais de longa duração. A primeira nave espacial da história da humanidade foi lançada pela URSS, em 1957, através do satélite não tripulado Sputnik 1, começando, assim, a era espacial, dando início a corrida espacial entre as duas superpotências. A cachorra Laika tornou-se o primeiro ser vivo a viajar para o espaço, sendo lançada, no Sputnik, em 3 de novembro de 1957. O astronauta Yuri Alexejevitch Gagarin, tinha de 27 anos, em 1961, quando se tornou o primeiro homem a deixar a atmosfera da Terra. Os soviéticos, entretanto, ainda foram pioneiros em outros setores: Valentina Tereshkova foi a primeira mulher no espaço, em 1963, e Alexei Leonov foi o primeiro ser humano a fazer um "voo no espaço", durante dez minutos, em 1965. Em 1966, o módulo lunar russo, Luna 9, fez a primeira aterrissagem no nosso satélite natural. Mesmo assim, a conquista decisiva, no que concerne ao marketing e ao impacto psicológico, seria dos Estados Unidos. No dia 20 de julho de 1969, o módulo lunar Eagle, da nave Apollo 11, pousou em solo lunar, e o astronauta Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar na lua, marcando o fim da corrida espacial entre as duas potências.
A FAÇANHA DE VALENTINA TERESHKOVA
Apesar de, na maioria dos casos, a cosmonáutica mundial continuar a ser, predominantemente,uma profissão masculina, 57 mulheres participaram de voos espaciais nos últimos cinquenta anos. A intenção da Rússia, de mandar mulheres ao espaço, era mostrar aos Estados Unidos que estava em vantagem na corrida espacial; e de mostrar ao mundo que homens e mulheres recebiam o mesmo tratamento no regime comunista. Assim sendo, podemos dizer que a viagem da primeira mulher ao espaço representou uma forte propaganda política dos soviéticos, ademais, a missão também teve como objetivo mostrar a superioridade tecnológica da União Soviética durante a corrida espacial travada com os norte-americanos. Por outro lado, o fato também expressava um modo de enaltecer o heroísmo da mulher soviética, como foi divulgado pelas autoridades na data do lançamento da missão. Desta maneira, a Rússia tornou-se o primeiro país a enviar mulheres ao espaço: Valentina Tereshkova, em 1963; Svetlana Savitskaia, em 1982, e Elena Kondakova, em 1994. A missão heróica de cada uma delas representou uma ruptura, uma descoberta ou uma façanha, além do que, foi uma verificação de como reage o organismo feminino à imponderabilidade e se uma mulher pode dirigir uma espaçonave tão bem como um homem.  A epopéia de Valentina Tereshkova começou em 16 de Fevereiro de 1962 quando ela foi selecionada para participar do corpo cosmonauta feminino, impondo-se aos mais de quatrocentos candidatos inscritos. O treinamento incluiu voos sem peso, testes de isolamento, testes de centrífuga, a teoria de foguetes, naves espaciais de engenharia, muitos saltos de pára-quedas e treinamento com pilotos de caça. Após completar todos os requisitos, ela entrou em órbita terrestre com a nave Vostok 6, em junho de 1963, sendo assim, a primeira mulher cosmonauta. Tareshkova realizou 48 voltas ao redor da Terra na aeronave Vostok 6, lançada pelo Programa Espacial Soviético. A viagem durou quase três dias e o seu retorno foi dramático, o que lhe rendeu as principais condecorações do país, como a medalha dos Heróis da União Soviética e a Ordem de Lenin. Em função dos relevantes serviços prestados à Cosmonáutica mundial, Valentina Tereshkova recebeu, em 2001, o título de "Mulher do Século" por ser a primeira astronauta feminina. Na realidade,  Tereshkova foi a maior atriz do enorme mecanismo de propaganda soviética por ser a primeira mulher enviada ao espaço o que, de certa forma, serviu para ultrapassar os rivais americanos.
A FÍSICA AMERICANA SALLY RIDE VAI PARA O ESPAÇO
O enorme sucesso do programa espacial soviético fez com que os EUA dessem uma resposta em termos de um projeto do mesmo porte e o que ocorreu com o anúncio, em 29 de julho de 1960, em Washington, numa conferência da NASA. No encontro, a agência espacial norte-americana apresentou o projeto Apollo, um programa para os próximos dez anos, que tinha por objetivo garantir a liderança dos Estados Unidos na corrida espacial. O programa espacial dos EUA chegou ao seu auge em 20 de julho de 1969, quando a Apollo 11 levou os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin a pisarem na Lua. Além de fincarem a bandeira dos EUA e permanecerem na superfície lunar por 21 horas, também coletaram amostras de rochas e poeira lunar para posteriores pesquisas.  Por outro lado, desde o início do projeto, os EUA aventaram a possibilidade de enviar para o espaço uma mulher em vez de um homem. Entretanto, naquela época, a opinião pública a respeito da presença das mulheres no espaço era muito diferente do que é hoje, pois 75% das mulheres americanas não trabalhavam fora de casa e eram proibidas de ingressar na carreira da aviação militar. A NASA provavelmente teria colocado uma mulher no espaço antes dos soviéticos se o clima social e político dos Estados Unidos fosse diferente. Essas atividades não eram valorizadas para o público feminino, pelo contrário, eram mal vistas pela sociedade. Mesmo assim, algumas mulheres, como Jerrie Cobb, conseguiram transpor as barreiras, sendo voluntárias no programa da Mulher americana no Espaço. Cobb assumiu a liderança de fato das mulheres e começou a fazer grandes esforços para convencer as autoridades da importância das mulheres para o voo espacial. Embora bem qualificada, Cobb não participou de viagens espaciais. Foram necessários muitos anos até que uma mulher norte-americana viajasse para o espaço. Essa mulher foi a física Sally Ride, que entrou para a NASA em 1978 e voou a bordo do Ônibus Espacial Challenger em 1983. Em 18 de junho de 1983, Ride entrou para a história como a primeira americana a subir ao espaço, como integrante da tripulação da Challenger, a qual colocou em órbita dois satélites de comunicação e realizou vários experimentos científicos. Ao final de seu segundo voo espacial, no ano seguinte, na missão STS-41-G, também como tripulante da Challenger, Sally passou a acumular 343 horas de permanência no espaço. Em função do acidente que destruiu a Challenger e matou vários cosmonautas, houve uma paralisação parcial no programa espacial americano por quase três anos, o que impediu Sally de voar mais uma vez. O recorde feminino de permanência no espaço pertence à norte-americana Peggy Whitson, primeira mulher a comandar a Estação Espacial Internacional, que permaneceu 376 dias em órbita da terra.
A CHINESA LIU YANG
O programa espacial chinês teve início em 1968, com a seleção de 19 pilotos para os treinamentos, sendo que o objetivo era colocar dois astronautas no espaço em 1973. Entretanto,em 1972, por falta de fundos e por discordâncias sobre prioridades na política interna acabou sendo cancelado. O projeto foi retomado, em 1992, com o nome de Shenzhou e teve quatro voos de teste feitos entre 1999 e 2002, alguns deles levando cobaias animais e vegetais à órbita terrestre. Com o sucesso da Shenzhou 5, os chineses formalmente solicitaram adesão ao programa da ISS, inclusive tendo a intenção de construir sua própria estação espacial e de estabelecer programas conjuntos com a Rússia e a União Europeia.
A China é o terceiro país, depois da Rússia e dos Estados Unidos, a enviar uma mulher para o espaço. Em Junho de 2012, lançou uma missão espacial mais ambiciosa, pois, entre os três astronautas a bordo da nave espacial, estava a primeira mulher chinesa no espaço, Liu Yang, de 33 anos. O objetivo da missão de 13 dias foi acoplar manualmente a nave espacial Shenzhou 9 ao módulo Tiangong-1 que já estava a orbitar a Terra.  Então, quebrando tabus e barreiras, a China colocou a sua primeira mulher astronauta em órbita. Liu Yang, de 33 anos, foi acompanha por mais dois homens, e o grupo fez uma difícil acoplagem espacial. Esta operação durou aproximadamente 13 dias e foi fundamental para que a China pudesse alcançar seu objetivo de instalar uma estação espacial até 2020. Liu Yang, de 34 anos, é piloto da Força Aérea chinesa e, segundo o porta-voz do programa espacial chinês, Wu Ping, a presença de uma mulher no espaço é consequência do desenvolvimento dos voos tripulados e também efeito da expectativa do público.  A segunda chinesa a ir ao espaço foi Wang Yaping. Ela foi ao espaço em 11 de junho de 2013 como engenheira de voo da Shenzhou 10, para quinze dias de experiências científicas no laboratório orbital chinês Tiangong. Durante sua estadia no laboratório, Yaping fez diversas experiências científicas e deu aulas de física a estudantes chineses que a acompanharam pela televisão e pela Internet ao vivo da Terra. Depois de duas semanas em órbita, retornou em 26 de junho, completando duas semanas no espaço em seu primeiro voo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quebrando tabus e barreiras, a Rússia colocou a  primeira mulher astronauta em órbita, o que, além de mostrar ao país que homens e mulheres recebiam tratamento igualitário, foi um ato de propaganda política do regime comunista, que, naquela época, disputava força com o poder dos Estados Unidos. Tereshkova, na verdade, foi a maior atriz do enorme mecanismo de propaganda soviética, para o qual a primeira mulher enviada ao espaço representou uma forma de ultrapassar seu rival ideológico. As mulheres enfrentaram dificuldades e preconceitos, já que as atividades de cosmonautas não eram bem vistas e muito menos valorizadas pela sociedade.  Ao direcionarem suas carreiras profissionais de astronautas, as mulheres se deparam com um mundo predominantemente masculino, o que, por si só, representa quebra de paradigmas. No caso da Astronáutica, as vagas ainda se constituem em "reservas" masculinas, mas observa-se que, nas últimas duas décadas, ocorreram consideráveis avanços. Cada conquista serve de estímulo para que outras mulheres encarem os desafios e passem a exercer o comando de missões espaciais, mas, apesar dos avanços, a participação feminina é insignificante em relação à presença masculina na aviação.
Referências

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Autores:

Celso Luis Levada
Huemersom Maceti
Ivan José Lautenschleguer
Miriam de Magalhães Oliveira Levada
Grupo de Ensino de Ciências da Uniararas