30/11/2018

Modelo Profissional de Seleção de Diretores Escolares

Jorge Barros (*)
O modelo profissional defende a seleção dos candidatos docentes, a partir de um perfil profissional. Trata-se de um modelo que pela sua natureza não é congruente com o sistema de eleição, na medida em que o profissional é selecionado entre os docentes que possuem capacidades e preparação específica para realizar um trabalho de especialista e especializado, independentemente de o processo de seleção objetiva ser efetuado pela administração educativa através de concurso ou pelo órgão de administração e gestão da escola, por razões de eficácia, operatividade e coerência.

É, portanto, um modelo de acesso à direção de uma escola, ou de um conjunto de escolas (agrupamento de escolas), que depende da posse de certos méritos e do cumprimento de uma série de requisitos por parte do candidato a Diretor. Neste caso não está em jogo a representação do estabelecimento de ensino nem a capacidade de liderança pessoal do candidato no contexto da comunidade escolar, pelo contrário, «investe-se» no candidato adequado com um novo status, o de Diretor escolar, algo que será preservado durante toda a sua vida profissional, seja na mesma escola para a qual ele foi inicialmente selecionado, ou em outras para as quais ele pode concorrer no futuro
Os exemplos de países mais próximos desta modalidade de escolha do Diretor são aqueles em que tradicionalmente existe um corpo administrativo de Diretores escolares como peça-chave do sistema escolar, como a França, a Bélgica e a Itália. Além do caráter vitalício da condição de Diretor, o que já aconteceu também no Chile, traço fundamental deste modelo profissional, também existe em vários outros países, ainda que menos formalmente, como são os casos dos EUA, da Alemanha e do Reino Unido.
Este é também um modelo que apresenta vantagens e inconvenientes. As vantagens dizem respeito ao facto de garantir previamente a qualificação inicial para o cargo; do processo de acesso ao cargo ser baseado em critérios de competência profissional; e de poder aumentar o interesse de muitos educadores e professores, com qualificações específicas, para o desempenho do cargo. Já as desvantagens ou inconvenientes que este modelo apresenta, prendem-se com o facto de poder permitir a intromissão da administração educativa no processo; de o controlo social das escolas pela comunidade educativa poder enfraquecer; e de quando a seleção não ser realizada na escola, poder não ser adequada ao contexto.
 A escolha deste modelo tem possibilidades de sucesso desde que seja garantida de uma forma equilibrada a escolha dos Diretores das escolas com pelo menos as seguintes caraterísticas: serem capazes de uma gestão eficaz orientada para objetivos da instituição; terem capacidade para potenciar a participação dos membros da comunidade educativa; e terem capacidade para criar uma liderança pedagógica e institucional da escola.

(*) Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

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