Modelo de organização – Estrutura em Rede
Jorge Barros
Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira
A estrutura em rede é talvez a mais recente e também a mais radical das estruturas organizacionais e carateriza-se pelas duas formas que apresenta.
Trata-se, essencialmente, de uma estrutura de mediação que se adapta bem às organizações muito grandes, dispersas e que necessitam de alguma autonomia.
A estrutura em rede tem um único departamento central e na sua forma interna liga-se eletronicamente com as outras divisões ou unidades, parcialmente subsidiárias ou independentes, e outras empresas independentes, numa espécie de parceria. Ou seja, neste tipo de estrutura existe um órgão central que funciona como intermediário, ou intermediador, «broker», na terminologia anglo-saxónica, que representa o comprador ou vendedor e o põe em contacto com a outra parte, ligado a outras divisões subsidiárias ou independentes -estrutura em rede interna.
Enquanto na sua forma externa a organização em rede é constituída por uma série de empresas independentes ligadas umas às outras por computador, do que resulta o desenho, a produção ou a comercialização de um produto ou serviço. Por outras palavras, na estrutura em rede externa, a produção e comercialização de qualquer produto está a cargo de organizações, que podem ou não ser empresas, independentes, mas que se encontram ligadas entre si por redes informáticas e de comunicação. Nesta situação específica temos como exemplo o franchising, em que o ter o produto é substituído pelo dispor de um produto, além de ser também substituído o fazer um serviço por comprar um serviço.
A estrutura em rede enquadra-se em ambientes e épocas de grande mudança como aquela em que vivemos atualmente.
Nesta nova perspetiva, como forma de dar resposta ao mercado, a organização desagrega as suas funções principais em empresas separadas, visando serem mais flexíveis e com maior capacidade de se adaptarem às mudanças rápidas que ocorrem sobretudo no domínio tecnológico, de exigência dos consumidores, bem como às alterações dos padrões de competitividade que se vêm verificando no comércio internacional e mesmo ao nível do mercado global. Também têm como propósito, a redução das atividades secundárias, a substituição do fazer pelo comprar, a celebração de contratos de longa duração com os fornecedores ou outras alianças estratégicas. Visam, igualmente, obter a redução de gastos, responder às necessidades do mercado e atingir um maior mercado para os seus produtos ou serviços.
Também podem coexistir numa estrutura em rede, a interna e a externa, funcionando em forma de estrela em que no centro se localiza a empresa principal (sede) e em torno desta há uma integração de várias empresas externas e internas que, sob orientação da sede, se interligam na produção de artigos e de serviços para os mesmos mercados.
No caso desta configuração, ela é classificada de estrutura em rede interna (porque compreende órgãos ligados à mesma organização, isto é, outras organizações ou empresas ligadas à organização ou empresa sede) e externa (na medida em que é formada por clientes ou fornecedores, ou seja, por organizações ou empresas externas à empresa ou organização sede).
Através das novas tecnologias conseguem realizar melhores comunicações, mais rápidas e a um menor custo, o que facilita a coordenação entre os diversos departamentos da organização ou empresa sede e entre estes e os departamentos das organizações ou empresas internas e externas, o que contribui para reduzir determinadas barreiras que no passado inviabilizavam a existência de uma maior eficiência e eficácia.
Na estrutura em rede as funções produtivas estão separadas por várias empresas ou outras organizações, as quais, por sua vez, se podem encontrar espalhadas por diversos países. Existem inúmeros exemplos de produtos e/ou objetos que atualmente são produzidos por organizações que se estruturaram desta forma. A este respeito, podemos salientar que muitas das sapatilhas de marca utilizadas pelos desportistas portugueses têm um design desenvolvido e aprovado num determinado país (podendo ser os EUA), são desenvolvidas e produzidas, de uma forma geral, em países asiáticas de acordo com os padrões europeus, e portugueses em particular, de modo a adaptarem-se às exigências destes mercados. Todavia, após o seu fabrico podem ser inicialmente distribuídas e comercializadas na Ásia, depois em Portugal e, posteriormente, nos restantes países europeus. Esta situação é possível através da estrutura em rede, que se vem adaptando bem às novas configurações económicas, às mudanças e inovações que recorrentemente têm vindo a surgir, em particular neste terceiro milénio e, ainda, como resposta às novas formas organizacionais que muitas empresas e organizações se viram obrigadas a adotar, como forma de continuar a garantir a sua existência.
De um modo geral, pode dizer-se que a estrutura em rede também apresenta as suas vantagens e desvantagens. As vantagens integram: a competitividade global; a flexibilidade da força de trabalho; a necessidade de supervisão pequena; e a redução das despesas gerais administrativas.
Já das desvantagens fazem parte: a falta de controlo direto; a possibilidade de perder parte da organização; e a fraca lealdade dos empregados.