01/02/2021

Modelo de organização centrada nos talentos

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

No século XXI cada organização tem que dedicar a sua atenção à análise da realidade em que se move, ou seja, ao ambiente em que se insere, para aí detetar novas oportunidades e evitar as ameaças à sua ação e à sua sobrevivência, procurando definir o seu futuro com imaginação e ousadia, mediante os objetivos que pretende atingir e as estratégias que pretende utilizar, que lhe permitam aplicar as suas competências à obtenção de vantagens competitivas sustentadas. Tem também que se dedicar à gestão desses talentos. Esta situação tem vindo a adquirir neste século um forte peso estratégico na gestão dos recursos humanos, dado que a sua implementação contribui para melhorar a produtividade no local de trabalho através da melhoria de processos que permite atrair, desenvolver, reter e utilizar pessoas com competências adequadas às necessidades atuais e futuras da organização. Ou seja, as organizações devem criar um ambiente atrativo onde as pessoas desejem entrar e permanecer. Numa outra perspetiva, deve sublinhar-se que é cada vez mais relevante a necessidade dos responsáveis pelas organizações em transformar pessoas normais em pessoas extraordinárias, ou em pessoas talentosas. Outra variável muito importante para as organizações é o tempo que despendem na pesquisa de elementos que permitem o suprimento das necessidades e que, no início desta segunda década do século XXI, rondava os 37% de tempo trabalhável dos técnicos responsáveis pelo recrutamento. Desta forma, é necessária uma pesquisa estratégica e proativa de talentos, dentro e fora da organização, podendo incluir o acesso a sites da internet dos diversos países, redes sociais e profissionais (Linkedin, Facebook, Twitter, You Tube, WhatsApp, Tumblr, MySpace, Instagram, Hi5, Google+, entre outras), bases de dados internas, redes de talentos, entre outros. Portanto, esta estratégia da prática de pesquisa, seleção e retenção de talentos é muito importante que não seja descurada pelas organizações, já que as torna mais competitivas. Por outras palavras, é necessário que as organizações olhem profundamente e com atenção para o melhor modo de atrair, reter e motivar indivíduos talentosos.

Sabendo-se que o sucesso das organizações no século XXI depende do uso efetivo do talento das pessoas, então as organizações devem centrar-se nos talentos, uma vez que a «mercadoria» mais valiosa nos negócios não é a tecnologia nem o capital, mas sim as pessoas. Com esse propósito, devem as organizações procurar continuamente novos talentos, atender e satisfazer as suas necessidades e exigências, dentro do possível e exequível, a fim de os manter no seu seio. Devem, ainda, procurar usar esses talentos de forma eficaz e criar um ambiente desafiador onde eles possam trabalhar, evoluir e contribuir para o desenvolvimento da empresa ou da organização. Deste modo, neste século, os distintos tipos de estruturas organizacionais devem investir em talentos, caso contrário, correm o risco de ficarem estagnadas ou de desaparecerem. Também concorrendo para o mesmo desiderato, é necessário que exista um sistema de gestão de talentos, já que se trata de uma ferramenta eficaz em qualquer organização, em especial no século XXI, de modo a que seja possível gerir o melhor talento de cada um em prol da concretização dos objetivos da organização. Na gestão de um talento está já incorporada a sua contratação que pode tornar-se num custo ou num investimento, cabendo neste âmbito ao gestor e líder torná-lo num investimento com o maior retorno possível. Para isso, é necessário que o gestor e líder saiba e consiga valorizar o talento contratado para que este possa contribuir de forma decisiva para o sucesso da organização mediante o retorno que lhe dará.

Neste século, as organizações além de terem de investir em tecnologia e em equipamentos, o investimento mais valioso é aquele que terão de fazer nas pessoas, visto estas serem indispensáveis à sua criação e ao seu funcionamento. Neste âmbito, as administrações devem ter o cuidado de investir nas pessoas certas, cuja capacidade deve corresponder às necessidades da organização, caso contrário, as mesmas, aliadas à tecnologia e ao capital, também podem destruir as organizações.

As organizações que se centram nos talentos, isto é, cuja consecução dos objetivos fixados dependa da gestão do (des)empenho destes talentos, devem proceder a procuras incansáveis de talentos. Verificando-se neste século a escassez de talentos como o maior obstáculo para a manutenção e para o crescimento das organizações, têm, também, estas que saber identificar e aproveitar os talentos que porventura existam no seu seio, o que muitas vezes não acontece. Caso não sejam aproveitados pelas organizações onde exercem a sua atividade, esta situação gera nestas pessoas frustração e muitas delas acabam por se tornar talentos improdutivos, o que resulta, em muitas ocasiões, em tudo aquilo que uma organização menos procura e deseja ter no seu interior. Portanto, devem existir dentro das organizações uma gestão e um processo de deteção de talentos muito rigoroso e cuidado. Devem, ainda, as administrações tudo fazer para os fixar no seu seio, sendo consensual que apenas o dinheiro não fará isso, mas que exista algo que as entusiasme o tempo todo. Além disso, as organizações devem ainda criar um ambiente de trabalho flexível que atraia a maior parte das pessoas de talento para gerar o conhecimento que precisam.

Desta forma, para reter os melhores há que apostar e interessar-se por eles, aumentando a sua atratividade para os concorrentes e proporcionar-lhes as melhores condições laborais, de relacionamento, de formação e de compensação.

Este tipo de organizações terá que no seu seio, (re)inventar, diariamente produtos e para isso contam com os talentos que possuem. Neste século, as pessoas deverão, ainda, ser persistentes por forma a contribuírem para a inovação destas organizações. Assim, as organizações inovadoras do século XXI irão apoiar as pessoas que fazem as coisas acontecer e irão encorajá-las a acreditarem nos seus sonhos, que no fundo correspondem aos sonhos das organizações centradas nos talentos.

Este modelo, que se centra nas pessoas, constitui-se como uma resposta concreta por parte das organizações à globalização que no século XXI se enraizou no mundo.

Apesar de tudo o que se referiu, não nos devemos esquecer que atrair, reter e desenvolver talentos é para muitas organizações o maior desafio na gestão das pessoas. Deste modo, fará toda a diferença em qualquer organização, dado que o talento tem um papel estratégico e singular na sua valorização, na criação de valor, no reforço das vantagens competitivas, na sobrevivência e no seu desenvolvimento. Aliás, num mundo global e competitivo como é aquele que hoje existe e no qual vivemos, julgamos que o talento das pessoas e a sua gestão se afigura como decisiva para qualquer organização em diferentes níveis e momentos do seu ciclo de vida, sendo a sua sobrevivência um deles.

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