Mobilidade Espacial nas Escolas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente– www.wolmer.pro.br

            Hoje é comum trabalharmos o tema inclusão. Já foram muitos textos, artigos e livros esmiuçando este tema, entretanto, a inclusão quando não trabalhada de forma correta, tende a gerar certa exclusão.

            O aluno ao ser inserido em um ambiente escolar não implica em dizer que ele está totalmente incluído. Não basta colocá-lo na escola e oferecer condições para a sua aprendizagem, é preciso que a instituição tenha uma infraestrutra adequada a sua mobilidade.

            Para o Instituto Paradigma[1], a acessibilidade não se limita apenas a parte arquitetônica, ela também correlaciona com acessibilidade na sinalização e comunicação, estimulando de forma concomitante uma acessibilidade atitudinal, trabalhando nas instituições de ensino uma cultura de valores inclusivos.

            Dito isso, faz-se necessário analisar como esta inclusão será trabalhada no quesito mobilidade, pois Lima, Freire e Ojima no artigo intitulado Mobilidade e rendimento escolar dos estudantes de ensino médio em Natal (RN, Brasil)[2] publicado em 2018, deixam claro que esta mobilidade é um tema pouco explorado na sociedade.

            Para os pesquisadores o "deslocamento diário de estudantes é uma modalidade da mobilidade espacial pouco explorada no Brasil’, já que muitos são os estudos que consideram a mobilidade para fins de trabalho.

            Soler em seu livro Educação Física Inclusiva na Escola: Em busca de uma escola plural, publicado pela Sprint em 2005, elucida através do livro Desafios da educação Especial, da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC, 1994,  que a educação inclusiva não se limita ao processo de inclusão de Portadores de Necessidades Especiais ou com algum distúrbio  cognitivo ou aprendizagem, mas também a sua integração que visam mudanças para beneficiar também as pessoas de inclusão, pois em ambientes escolares, muitas são as instituições que privilegiam o coletivo em detrimento do individual.

            Lima, Freira e Ojima supracitados acima ressaltam que o processo de mobilidade pode afetar o rendimento escolar do aluno incluído, já que existe uma relação entre mobilidade e evasão.

            Silva et al no artigo Inclusão de Estudantes com Mobilidade Reduzida na Rede Educacional do Município De Paulo Afonso – Ba, publicado pela REVASF, Petrolina, PE, vol. 6, n. 10, p. 27-38, jul. 2016, ressaltam que estudantes com mobilidades reduzidas devem gozar do direito das instituições estarem preparadas para recebê-los, bem como o corpo docente deve se preparar para melhor atender o seu educando com tais limitações, sendo assim, os autores definem a utilização dos espaços públicos e/ou privados com segurança e autonomia e está relacionado a acessibilidade.

            Para os autores, em relação as escolas públicas, existe um baixo investimento nas infraestruturas físicas internas e externas das escolas.

            Muitos pensam que rampas e banheiros adaptados definem uma escola com acessibilidade para alunos incluídos de baixa mobilidade, entretanto o investimento deve ir além.

            A inclusão é um direito inalienável, garantido por lei e cabe aos governos de todos os âmbitos (Municipal, Estadual e Federal) investirem mais em infraestruturas, que segundo o Instituto Paradigma, são mobiliários e equipamentos, proporcionando ao aluno de baixa mobilidade, mais conforto, autonomia e independência, assim como o direito de ir e vir a todos os locais da escola.

            Para o Insituto citado acima, a parte ligada a sistemas, instrumentos e equipamentos, produzidos e encontrados no mercado, tem o seu cerne na prevenção, atenuação bem como neutralização de algumas incapacidades de mobilidade.

            A deficiência não pode ser vista como um fardo apesar se assim ser tratada em muitos lugares conforme ressaltado pelo site Educação Infantil[3].

            De acordo com o site supracitado, a igualdade está assegurada para todos com ou sem alguma especificidade e a Lei de Diretrizes e Básicas da Educação (LDB) isso deve ter como marco ainda na fase escolar com práticas e metodologias que garantam a acessibilidade na escola, já que muitas instituições ainda não contam com as adaptações mínimas necessárias para um melhor acolhimento quanto ao aluno incluído com baixa mobilidade.

            Vale ressaltar que a Norma ABNT NBR 9050:2015, conhecida como norma de Acessibilidade, norteia uma instituição escolar e ser mais acessível, já que Caravelas em seu novo Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pela Fronteira em 1999 esclarece que educação é um processo que desenvolve não só o cognitivo do educando bem como sua capacidade física intelectual e moral, com o intuito de uma melhor integração individual e social.

            Assim é o ato de educar, desenvolver o educando de forma integral e respeitar suas especificidades, como corrobora Delors em seu livro Educação: Um Tesouro a Descobrir, publicado pela Cortez em 2001 quando aduz que será abolindo uma educação estandardizada por meio do respeito pelas diferenças e pelas especificidades de nossos educandos que teremos nela um fator de coesão e não de exclusão.