Ministério da Educação: Circo de Horrores

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Nossa política tem representado bem o circo de horrores e os principais espetáculos ficam por conta da pasta da educação, justamente uma das mais importantes para o desenvolvimento do país.

Desde que este governo começou, a educação tem sofrido acentuado declive em qualidade, tomadas de decisões, pesquisa e credibilidade.

Começamos com nosso primeiro Ministro Ricardo Vélez Rodrigues que discordava do golpe militar de 1964 e afirmava que "foi uma decisão soberana da sociedade brasileira"[1].

Este ministro propôs uma revisão nos livros de história, desconhecendo a própria história do pais e se esquecendo que a história não pode ser reinventada e tampouco inventada, e que cabe ao historiador, nos fazer lembrar os que eles querem que esqueçamos.

Outras estapafúrdias criadas por este ministro foi uma carta enviada para as escolas para que professores e funcionários sejam colocados em fila em frente a bandeira do Brasil para cantarem o hino e que tal ato seja filmado e enviado ao governo[2].

Tínhamos um ministro da educação que afirmava ser a população brasileira “despreparada”, “indisposta” ou “incapacitada” para o ensino superior e ressaltava que a mesma era apenas para a “elite intelectual”[3].

Depois de tantas imbecilidades ditas, típico deste governo, houve a mudança no ministério e quando se acreditava que as coisas melhorariam, elas conseguiram complicar, aliás, as escolhas erradas tem sido gradativa, ou seja, sempre o último supera o anterior em imbecilidades, o que parece ser pré-requisito para o nosso rei do gado conduzir sua boiada.

Em seguida, o presidente nomeia Abraham Weintraub para a pasta, e este foi o que mais denegriu a imagem das instituições de ensino superior, professores e alunos. O mesmo não media esforços para soltar suas verborréias, a ponto do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte exigir que a União pagasse uma indenização de R$ 5 milhões[4] por dano moral contra estudantes e professores.

Era um ministro que gostava de aparecer com suas falas agressivas, fomentando ódio e ressaltando o quão aplicado foi como discípulo olavista. Fez afirmações e acusações infundadas algo típico de nosso governo .

Ocupando cargo de suma importância, jamais poderia ter em seu caráter tal incivilidade e inaceitável grosseria, a ponto de chamar todos do STF de vagabundos e fazer fortes acusações a China quanto ao coronavírus[5].

Era um ministro que adorava "causar" nas redes mas ressaltava sua completa falta de leitura e falta de erudição, pois erros grosseiros eram cometidos e inaceitáveis para um ministro da educação como "imprecionante, insitaria, paralização" dentre outros. Como muitos diziam, ele realmente é o nosso ministro da "educassão" e fez jus ao título de pior ministro que tivemos em todos os anos.

Em seguida, tivemos Carlos Alberto Decotelli, que apesar de ter sido nomeado, o mesmo não assumiu o cargo, apresentando uma carta de demissão devido as polêmicas causadas por informações falsas descobertas no currículo do professor.

Em seguida, entrou Milton Ribeiro, fazendo o que é mais comum em nosso governo, acusações infundadas, como a afirmação de que universidades ensinam sexo sem limites, ou afirmando que o autor de feminicídio confundiu paixão e como ministro da educação, fez apologia a violência infantil defendendo o castigo físico para educar crianças, ou seja, a educação não resolve

Temos na verdade, como ministro, um fanático religioso que prega o castigo físico na criança justificando os Provérbios 19:18, que diz: “Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo.” [6].

Este ministro corrobora com as falas do supracitado Ricardo Vélez Rodrigues nesta gestão de horrores, ao defender que universidade deveria ser para  poucos[7]  e como se não bastasse, ela afirma que aluno com deficiência atrapalha o ensino.

Para ele, os alunos têm que ser separados, e esta além de uma fala equivocada ressalta toda a sua desumanidade e bestialidade. O que ele sabe sobre inclusão?

Nosso sistema de educação está regredindo a olhos vistos. Estamos voltando ao tempo em que criança com Necessidade Especial  Educacional ficava dentro de sua casa sem contato com outras pessoas ou era deixada em algum hospital psiquiátrico, ou jogadas fora como afirma Jannuzzi em seu livro A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI, publicado pela Autores Associados em 2004, ao elucidar que crianças com deficiências eram abandonadas em lugares assediados por bichos que as mutilavam ou matavam, e este era o único propósito do abandono.

Como muitos deste governo, este ministro desconhece a Constituição da República Federativa do Brasil quando estabelece no art.3º inciso IV: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".

Dando continuidade, no artigo 205, é aduzido a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho.

Em relação ao artigo 206, inciso I, é estabelecido a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

Enfim, a educação que era para ser a pasta mais importante para o desenvolvimento da nação, é a que mais tem estultices propositais para fragilizar cada vez mais a nossa sofrível educação, mas que isso não seja motivo para deixarmos de acreditar e trabalhar por uma educação sempre de qualidade, para que pessoas assim jamais retornem ao poder.