15/04/2015

Mestrado dá novo significado a estratégias de ensino de física

Mestrado

Professora de física no Distrito Federal, Samara Brito está entusiasmada com as aulas do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, que cursa desde o segundo semestre do ano passado. “Minhas aulas foram completamente afetadas pelo caminho que tenho trilhado no mestrado”, destaca. Há 14 anos no magistério, ela leciona no Centro de Ensino Fundamental nº 8, instituição da rede pública de ensino do DF, na região administrativa do Guará, e no Colégio Marista de Brasília, da rede particular. As turmas da professora incluem alunos dos três anos do ensino médio e da educação de jovens e adultos.
Segundo Samara, a participação no curso, criado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) para qualificar professores da educação básica, resultou em mudanças em sua forma de ministrar aulas. “As ferramentas pedagógicas estudadas e agora mais bem compreendidas me levaram a ressignificar as estratégias de ensino”, analisa.
De acordo com o professor Marco Antonio Moreira, do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenador do mestrado, o curso tem ênfase em conteúdos, tecnologias e desenvolvimento de estratégias didáticas para melhorar o ensino da física. “Com isso, espera-se que os egressos estejam mais preparados para um ensino coerente com o século 21”, ressalta. Ele diz que o mestrado é uma iniciativa importante, pois a física está quase desaparecendo nos currículos escolares e há baixa procura pela licenciatura.
Segundo o professor, além de reduzido número de aulas, o conteúdo de física do ensino médio está desatualizado. O ensino é o tradicional, de sempre. “Centrado no docente, baseado em aulas expositivas e resolução de problemas; treina o aluno para provas e não faz uso de tecnologias de comunicação e informação.”
As atividades do mestrado em ensino de física tiveram início em agosto de 2013, em 21 polos. Cerca de 300 candidatos foram selecionados para a primeira edição. Em agosto próximo, eles apresentarão dissertações e produtos educacionais desenvolvidos.
Atualmente, 46 polos estão em funcionamento em todo o país, com a participação de 750 professores mestrandos, aproximadamente. A expectativa é que nova seleção seja feita no segundo semestre deste ano, com início das atividades em março de 2016. “Provavelmente, teremos de dez a 20 novos polos e cerca de 200 novos professores mestrandos”, prevê Moreira.
Valorização — Na opinião do professor, o mestrado representa a valorização do professor de física, uma oportunidade que os docentes não imaginavam ter. “Fazer um mestrado profissional em universidades renomadas e ter bolsa para isso é algo completamente novo para os professores de física”, argumenta. Moreira lembra que a característica principal do perfil dos mestrandos é que sejam professores de física em serviço e continuem em serviço durante o mestrado. “Enquanto política pública, o Mestrado Profissional Nacional em Ensino de Física e em outras áreas é um grande avanço para a educação brasileira.”
Ligada ao polo que funciona na Universidade de Brasília (UnB), Samara assiste às aulas às segundas e terças-feiras, nos turnos vespertino e noturno. Apesar do grande desafio que tem sido fazer o mestrado e lecionar em duas escolas, ela diz que o esforço vale a pena. “Ao me debruçar novamente sobre toda a estrutura conceitual e ao revisitar todo o desenvolvimento filosófico e científico associado à física e a seu ensino, percebo o quanto é importante que um educador permaneça sempre estudando”, enfatiza. “O educador deveria ser um eterno aluno-pesquisador.”
Tecnologias — A professora, que escolheu como tema de sua dissertação O Uso do Instagram como Ferramenta de Ensino dos Fenômenos Ópticos, entende que é necessário compreender o uso de tecnologias na sala de aula. “Uma proposta recente da tecnologia educacional consiste, em vez de tentar impedir o uso de aparelhos como tablets e smartphones, em incorporar seu uso às aulas”, revela. Isso, na visão de Samara, não só vai promover o acesso livre às informações como melhorar a relação entre alunos, via e-mail e redes sociais, e favorecer a interatividade.
“Podemos observar que há uma carência na formação dos licenciados no que se refere ao uso de tecnologias na educação. A ideia, portanto, é criar possibilidades pedagógicas para professores da educação básica no uso de tecnologias para aprendizagem”, diz. “Nesse caso, por meio de dispositivos móveis, como o celular, e uma rede social, como o instagram.”

Fátima Schenini

MEC

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