18/04/2017

MEC quer ampliar literatura em Braille nas escolas

“Era uma vez uma bruxinha que tinha mais de mil anos de idade e gostava muito de brincar com as amigas fadas no pé da colina onde morava.” Quem conta essa história é Clara de Souza, de oito anos, numa referência a apenas um entre os vários livros infantis que existem na biblioteca de sua escola. Como toda criança que gosta de ler, Clara tem uma imaginação sem limites. Cega, a menina foi alfabetizada em Braille e é rápida com a ponta dos dedos. “A história da bruxinha eu li em dez minutos”, conta, orgulhosa.

Clara estuda no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV) de Brasília. Atualmente, a instituição tem cerca de 90 crianças matriculadas em atendimento curricular específico – atividade paralela às aulas nas escolas inclusivas de educação básica regular. A professora Helena Pereira explica que os livros infantis são aliados na estimulação da criança cega. “Por meio deles, a gente trabalha a gramática e metodologia das palavras e isso ocorre de uma forma muito lúdica”, observa. 

Segundo a professora, a leitura em Braille é como um “divisor de águas” na vida da criança, já que ganha mais autonomia. “Tem liberdade para imaginar por meios próprios, entrando em contato mais direto com a narrativa”, destaca. Helena cita o caso de uma aluna que gostava dos livros de Monteiro Lobato, especialmente as histórias da série Sítio do Picapau Amarelo, e lamenta não ter na biblioteca toda a coleção do escritor brasileiro em Braille.

Produção – No próximo dia 24, representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), da Diretoria de Políticas de Educação Especial do MEC e das editoras responsáveis pela confecção de livros didáticos estarão reunidos em Brasília, a fim de discutir a produção e novos formatos acessíveis à leitura para estudantes com deficiência visual – em Braille e publicação eletrônica no formato ePub.

“Virá um engenheiro de software com bastante conhecimento em acessibilidade. Esperamos, com isso, ampliar a oferta de materiais, incluindo infantis”, adiantou Patrícia Raposo, diretora de Políticas Especiais da Secretaria de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC.

O secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, observa que as formas de leitura mudam de acordo com o tempo. Destaca, por exemplo, os novos leitores do século 21, que já utilizam, além dos livros, outras plataformas, a exemplo de tablets e aparelhos eletrônicos. “Cada vez mais, as fronteiras são superadas. Para falar com alguém que resida do outro lado do planeta, basta um clique”, aponta.

O secretário destaca que a leitura segue como ferramenta importante de aprendizado, independente do meio, em livro tradicional ou em aparelhos eletrônicos. “É por isso que os especialistas ressaltam cada vez mais a importância da leitura de bons livros. Além do prazer da leitura, os livros contribuem para a formação de um forte caráter”, ressalta.

Assessoria de Comunicação Social - MEC (17.04.2017)

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