17/05/2006

Me apaixonei pelo professor, e agora?

Alguns desistem, outros se casam. Saiba a melhor maneira de lidar.

No primeiro dia de aula, você entra na sala e se depara com um príncipe encantado. Os olhos brilham, as mãos ficam trêmulas e o coração parece sair pela boca. Esfrega os olhos e percebe que, na verdade, a figura do príncipe foi substituída pela do professor.

Até parece conto de fadas, mas esta é uma realidade comum nos bancos acadêmicos. Você deve estar pensando: "esta não passa de uma paixãozinha boba de adolescente". Nada disso! Tanto no jardim de infância como nas universidades, é possível encontrar alunas que suspiram pelo professor atraente e brincalhão e alunos que sonham com aquela professora bonita e atenciosa. Quem nunca vivenciou uma situação similar ou, ao menos, ouviu falar de uma historia assim?

Um relacionamento como outro qualquer. Pode dar certo ou não, dependendo dos sentimentos que sustentam a relação. Opa! Pera lá. A questão é muito mais complicada do que parece. Em pleno século XXI, alguns tabus ainda precisam ser quebrados. O maior alvo desta discussão gira em torno da ética. Há especialistas e universitários que apontam o romance como um descompromisso profissional. Outros, porém, o defendem desde que não interfira, de maneira alguma, no meio acadêmico.

O importante, neste caso, é analisar o que o romance envolve, além dos sentimentos. Neste relacionamento o casal não é o único que está em jogo. Instituição, corpo docente e até os demais estudantes são personagens, que querendo ou não, fazem parte desta história de amor. "Uma relação bastante complexa e vulnerável, por isso exige muito jogo de cintura dos pombinhos", assegura a psicóloga e coordenadora do Núcleo de Análise Comportamental da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Lídia Weber.

Por isso, todo cuidado é pouco para que este relacionamento não interfira no ambiente acadêmico, não prejudique a carreira do professor, o desempenho do aluno e ainda os interesses das instituições e dos demais estudantes. Nada de abraços e beijinhos dentro de sala de aula. Separar a vida pessoal e profissional é o primeiro passo para quem deseja embarcar neste romance. Além disso, a discrição é a palavra-chave para o sucesso dos relacionamentos entre alunos e professores.

Seguindo todos estas precauções, a estudante de Jornalismo de uma instituição de Ensino Superior do ABC Paulista, que não quis ter o seu nome identificado, conseguiu manter o relacionamento com o seu professor por um período de cinco meses. A iniciativa surgiu por parte da universitária, que teve que criar muita coragem para declarar as suas intenções. O sentimento correspondido transformou-se em namoro. "Nossa intenção não era esconder o romance, mas tentar ser o mais discreto possível. Só éramos namorados do portão pra fora, dentro do campus éramos professor e aluna, só", conta.

Não dá para negar que este é um relacionamento muito complicado e que jogo de cintura é fundamental para superar todos os desafios. Desta forma, para algumas pessoas a solução mais fácil e segura é fugir dos sentimentos. E foi o que aconteceu com a estudante de Nutrição de uma universidade de Santo André, na Grande São Paulo. Depois de um convite do mestre, ela se envolveu em uma aventura amorosa, mas o relacionamento não seguiu adiante. "Estava ciente das complicações deste romance, por isso resolvi cortar logo no começo, antes que alguém acabasse se machucando", relata.

Na opinião da psicóloga, esta preocupação deve, sim, ser levada em consideração antes de apostar em um compromisso mais sério com o professor. É preciso refletir se há maturidade no relacionamento para que, caso não tenha um final feliz, nenhuma das partes seja prejudicada. "Este namoro não pode, de maneira alguma, interferir no relacionamento entre professor e aluno. Além disso, ambos precisam ser capazes de superar os ciúmes, a insegurança e as demais emoções inerentes ao relacionamento amoroso", alerta.

Embora existam histórias de paixão deste tipo e que não foram adiante, há aquelas que resultaram em casamento. Este é o caso do namoro da estudante de Marketing que sobreviveu aos desafios de um relacionamento secreto e partiu da sala de aula direto para o altar. "Nunca ficamos juntos dentro do campus e jamais deixamos transparecer a relação. Embora isso seja complicado, sempre respeitei a profissão dele", relata. Atraída não somente pela inteligência do mestre, mas também por sua simpatia e beleza, a estudante acabou apostando neste relacionamento.

Amor ou interesse?

Muitos estudantes relacionam este tipo de romance a um interesse por nota. Difícil julgar. A estudante de Marketing garante que isso nunca existiu em seu relacionamento. "Nunca me deu nota, abonou falta e jamais me mostrou a prova antes do tempo. Ao contrário, sempre fui muito mais cobrada", garante. "Mas lógico que existem alunas interesseiras e professores oportunistas que acabam abusando do poder", acrescenta.

Uma coisa é certa: se o universitário não se sentir ameaçado com o relacionamento do professor, não terá maiores problemas com a situação. "Proibir o romance não é a questão. É preciso que ambos saibam se respeitar: na sala sou seu professor e você é minha aluna", argumenta o estudante de Sistemas de Informação da Mackenzie Robson Luiz Ribeiro Moreira. "São maiores de idade e sabem o que é certo ou errado, por isso quem sou eu para aprovar ou reprovar o romance", conclui.

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