21/03/2019

Max Weber, entre os valores e o problema da “objetividade” nas Ciências Sociais

Heitor Lamartine da Silva[1]

 

Resumo

Neste artigo, pretendemos refletir metodicamente sobre os argumentos de Max Weber acerca da objetividade do conhecimento científico-social. Fundamentalmente, estaremos analisando suas proposições a respeito desta temática no artigo A “Objetividade” do Conhecimento nas Ciências Sociais. Para desenvolver este trabalho, baseamos nossa reflexão nas considerações de Raymond Aron, Julien Freund, Héctor L. Saint-Pierre e alguns outros autores, que direcionaram nosso estudo e delinearam os horizontes de nossa compreensão. Destarte, temos por finalidade sistematizar os elementos que compõem a proposta epistemológica de Weber, a fim de entender os argumentos básicos da noção weberiana de objetividade.

Palavras-chave: Ciências sociais; epistemologia; objetividade; Max Weber.

 

Introdução

De tantas questões que inquietam os teóricos das Ciências Sociais, permanece em aberto o debate acerca da possibilidade de produzirmos um conhecimento objetivo e sobre o significado que isso pode ter. Desde as disciplinas introdutórias até os programas de pós-graduação, os clássicos Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber são apresentados como pilares do pensamento sociológico. Suas obras compõem um cânon, sempre atual e revisitado, onde podemos encontrar bases fundamentais para discutir nossas problemáticas contemporâneas, inclusive sobre a objetividade. Por essa razão, compreender os postulados dos clássicos é essencial para nós. Diante da diversidade de posicionamentos entre eles, para nosso trabalho delimitamos a abordagem weberiana da objetividade nas Ciências Sociais.

Não por acaso Weber está entre os clássicos, o volume e a abrangência de sua produção intelectual são suficientes para demonstrar quão profícua foi sua contribuição para o desenvolvimento do conhecimento científico, em diversos ramos das Ciências Sociais. Na sua trajetória acadêmica, ele também desempenhou um papel significativo nas discussões sobre o estatuto epistemológico e arcabouço metodológico das Ciências da Cultura. No qual, o problema da objetividade tornou-se substancial na formulação da teoria da ciência elaborada por Weber, tanto que nas entrelinhas de várias obras de sua autoria há indícios da transversalidade dessa problemática, que ressoa com intensidades diversas em cada obra por ele escrita.

Com o objetivo de compreender as disposições do paradigma weberiano acerca do assunto, nos dedicamos à análise do artigo A “Objetividade” do Conhecimento nas Ciências Sociais. Considerando ser este um dos principais textos em que Weber expõe sua concepção sistematicamente. Desse modo, pretendemos organizar os componentes da argumentação de Weber, que incluem o pressuposto da particularidade teórico-metodológica das Ciências Sociais, a importância da relação com os valores para a investigação científica e outros pilares argumentativos. Esboçando um panorama que visa alicerçar nosso entendimento sobre o conceito de objetividade por ele proposto.

 

A especificidade das Ciências Sociais

Desde fins do século XIX, havia um importante debate entorno do estatuto das Ciências Sociais. As discussões estavam centradas entorno de questões de cunho teórico, metodológico e, também, sobre a validade dos resultados obtidos por sociólogos, historiadores e demais pesquisadores desse campo do saber. Ao longo do tempo, tais discussões se acirraram, provocando uma efervescência de proposições epistemológicas que tentavam elucidar os tópicos acima descritos. Os positivistas, por exemplo, recorreram ao estatuto das Ciências Naturais para responder alguns dos questionamentos supracitados. Eles consideravam que a sociedade seria regulada por leis semelhantes às leis da natureza – que independem da volição e até mesmo da ação dos homens, assim sua perspectiva adquiriu tons naturalistas. Sob essa acepção, os problemas epistemológicos das Ciências Sociais seriam solucionados mediante a adoção dos parâmetros das Ciências da Natureza. Servindo-se desse modelo, os cientistas sociais deveriam desenvolver mecanismos, métodos e procedimentos correspondentes. Com a finalidade de garantir a cientificidade, legitimidade e objetividade do conhecimento histórico-social. (LÖWY, 1998).

Outro modo de responder essa problematização foi formulado pelo viés historicista. Héctor L. Saint-Pierre (2004) afirma que, de modo geral, essa corrente teórica propunha a distinção entre as Ciências da Natureza e as Ciências Sociais, e a consequente autonomia metodológica desta última. No centro dos debates na Alemanha, Wilhelm Dilthey, Wilhelm Windelband e Heinrich Rickert, se destacaram entre os membros da escola histórica, por adotar uma postura neokantiana como basilar epistemológico. Contudo, não houve uma posição unívoca entre eles no que concerne ao fundamento da distinção dos campos da ciência. Dilthey defendeu a especificidade das Ciências do Espírito[2] a partir da natureza do objeto de investigação. Seu argumento enfatizava a diferença ontológica dos objetos para distinguir dois gêneros do conhecimento científico. Em síntese, ele propunha que os cientistas da natureza estudam um objeto que é exterior e estranho ao sujeito. Enquanto os cientistas sociais lidam com algo que lhes é familiar, o próprio mundo cultural a que pertence o pesquisador.

Porém, Windelband e Rickert se mostraram contrários a argumentação de Dilthey. Propuseram, então, realocar o critério diferenciador baseados nas finalidades cognoscitivas de cada ramo científico. Para esses autores, apesar da realidade ser única, os propósitos das Ciências da Natureza e das Ciências da Cultura são diametralmente díspares. Segundo Julien Freund (2003), a aceitação desse fundamento lógico sugere que as disciplinas científicas estudam a realidade por diferentes vias. Com isso, a diversidade dos métodos serviria para classificar cada especialidade científica. Partindo desse princípio epistêmico, Windelband estabeleceu dois tipos metodológicos correlativos aos ramos científicos. Como descreveu Michael Löwy (1998), sob a rubrica “nomotética” foram classificadas as ciências que podem produzir explicações aplicáveis tanto ao fenômeno particular, quanto ao universo de sua ocorrência, configurando-se em leis gerais. Sendo assim, essa perspectiva generalizante lhe parecia a mais apropriada aos objetivos das Ciências Naturais. Não obstante, a singularidade dos fenômenos culturais, históricos e sociais, suscita um método com referências individuais, adequado para captar seu caráter peculiar. Consequentemente, a metodologia das especialidades científicas preocupadas com a individualidade dos fenômenos empíricos foi denominada de “ideográfica”.

Voltando nossa atenção para Weber, as universidades de Freiburg e Heidelberg, onde ele esteve durante parte de sua vida acadêmica, também abrigaram esse intenso debate em filosofia da ciência. Nesse cenário, Weber desenvolveu sua vocação, e não tardou para que estivesse envolvido nesses embates. Ele recusou de forma contundente a proposta positivista. Conforme Daniel V. Campos (2011), essa rejeição pode ser entendida como uma crítica ao ideal de subordinar as Ciências Sociais e fundamentar a objetividade do conhecimento científico-social na reprodução de uma perspectiva naturalista da realidade histórica. Preocupado em demonstrar a especificidade das Ciências Sociais, Weber se apropriou de alguns pressupostos historicistas. Nos escritos weberianos podem ser encontradas referências que denotam certa influência de Windelband e Rickert, são trechos que, a primeira vista, sugerem a adesão de Weber da diferença metodológica como critério distintivo entre as Ciências da Cultura e as Ciências da Natureza. Weber (2003) concordou com algumas das hipóteses levantadas por esses autores, mas pretendeu evitar controvérsias e mal-entendidos que pudessem surgir dessa assimilação. De modo que, essa aceitação foi marcada por nuanças, principalmente quanto ao fundamento de diferenciação dos campos científicos. Por causa disso, expressões comuns entre eles foram adquirindo contornos peculiares sob o rigor conceitual característico dos escritos weberianos. (FREUND, 2003; SAINT-PIERRE, 2004).

Pois bem, a despeito da ênfase na individualidade dos fenômenos socioculturais e históricos, Weber não descartou a necessidade de um conhecimento nomológico para efetiva compreensão da realidade empírica. Para ele, não há exclusividade na aplicação do método nomotético pelas Ciências Naturais, nem tampouco do método ideográfico pelas Ciências Históricas. Como afirmou Campos (2011, p.152-153), as Ciências Sociais são apresentadas por Weber “como uma forma de conhecimento que combina a observação de regras dos acontecimentos com o interesse de compreender a realidade em termos de individualidades históricas”. Aliás, Weber reconhece que qualquer um dos tipos metodológicos apresentará limites próprios, como pontuou Saint-Pierre (2004). Não há um único caminho metodológico, ideal ou definitivo para as Ciências da Cultura. Eis a causa de Weber não concordar com Windelband e Rickert, de adotar como critério de classificação das ciências o tipo de metodologia empregada. Ora, os métodos são recursos submetidos ao princípio da eficácia, assim variam em conformidade com o objeto e interesse do cientista. Segundo Freund (2003), sob esse aspecto Weber se contrapõe as posturas dogmáticas, em ambos os sentidos. Seja qual for o método,

Não há qualquer dúvida de que o ponto de partida do interesse pelas ciências sociais reside na configuração real e portanto individual da vida sócio-cultural que nos rodeia, quando queremos apreendê-la no seu contexto  universal, nem por isso menos  individual, e no seu desenvolvimento a partir de outros estados sócio-culturais, naturalmente individuais também. (WEBER, 2003, p.89-90).

 

Com isso, podemos entender que na concepção weberiana, as Ciências Sociais se fundamentam no objetivo de compreender o devir e os fenômenos empíricos em sua individualidade. Necessariamente, isso não elimina a possibilidade de propor leis gerais como hipóteses, mas sobreleva a particularidade do objeto em seu significado cultural. Dessa maneira, Weber (2003) aspira um conhecimento dos fenômenos históricos e sociais que é significativo na sua singularidade, ou seja, na atribuição de sentido lógico de uma partícula da infinita diversidade de fenômenos empíricos.

 

A essência da realidade e a significação cultural

Na época, também havia a noção de que no auge do progresso científico todos os fenômenos da realidade poderiam ser submetidos e deduzidos a partir das proposições estabelecidas, inclusive sobre a realidade histórica. Essa crença havia sido difundida por positivistas e, também, alguns membros da escola histórica. De acordo com Freund (2003), os teóricos que seguiam essa linha de raciocínio buscavam descobrir leis gerais, a fim de elaborar um esquema conceitual tão amplo, que fosse capaz de abranger a realidade em sua totalidade. Para José Carlos Reis (2006), os resquícios do pensamento neokantiano fizeram Weber considerar essa noção como uma meta ideal, praticamente inalcançável. Ele se não acredita que a ciência possa alcançar esse patamar de conhecimento. Tal pretensão se defronta com a experiência do infinito e, consequentemente, com o não-acabamento da ciência. Acerca disso, Raymond Aron (1999, p.450-451) afirma que

Para Weber, o não-acabamento é fundamental, ele que não imagina, como Durkheim, uma época futura em que a sociologia estivesse plenamente edificada, com a existência de um sistema completo de leis sociais. Nada mais distante do modo de pensar de Weber do que a concepção, cara a Auguste Comte, de uma ciência que chegasse a formular um quadro claro e definitivo das leis fundamentais. […] A ciência moderna é por essência um devenir; ignora as proposições relativas ao sentido último das coisas, tende a um objetivo situado no infinito e renova sem cessar as indagações dirigidas à natureza.

 

Numa ótica weberiana, essa meta de conhecer a essência da realidade apresentava uma contradição lógica, justamente porque o conhecimento pleno da realidade é algo inatingível. Mesmo com tantos avanços no campo científico e a crescente produção científica sequer podemos supor que um dia apreenderemos os fenômenos sociais em sua totalidade. Em Weber, a simples suposição do conhecimento sócio-histórico definitivamente acabado é inconcebível, haja vista seu contínuo movimento em direção a eternidade. Ademais, historicamente percebemos que os cientistas sociais sempre formulam novas questões. Desse modo, os objetos do interesse científico são revigorados por problemáticas que se movem e ressurgem sob roupagens diferentes, em consonância com a dinâmica da realidade empírica. (WEBER, 2011).

Nesse “fluxo do devir incomensurável”, que “flui incessantemente ao encontro da eternidade”, o que podemos conhecer são fragmentos do universo histórico-social. A plenitude da realidade não está ao alcance de nossa predisposição cognitiva. As tentativas de explorar exaustivamente um único objeto evidenciam que o cientista, na finitude do seu ser, consegue abordar apenas uma ínfima partícula da realidade infinita. Por isso, ao delimitar o objeto de investigação, perseguimos elementos específicos dos fenômenos culturais. E, produzimos uma interpretação histórica ou sociológica sob um ponto de vista parcial. Logo, surge-nos a indagação de como determinada porção da realidade torna-se objeto do interesse científico? Weber (2003, p.92) assinala que,

Para todas estas finalidades seria muito útil, quase indispensável, a existência de conceitos claros e o conhecimento destas (hipotéticas) “leis”, como meios heurísticos mas unicamente como tal. Mas mesmo com esta função, existe um ponto decisivo que demonstra o limite do seu alcance, com o que somos conduzidos à peculiaridade decisiva do método nas ciências da cultura; ou seja, nas disciplinas que aspiram a conhecer os fenômenos da vida segundo a sua significação cultural. A significação da configuração de um fenômeno cultural e a causa dessa significação não podem contudo deduzir-se de qualquer sistema de conceitos de leis, por muito perfeito que seja, como também não podem ser justificados nem explicados por ele, dado que pressupõem a relação dos fenômenos culturais com  idéias de valor.

 

Assim, a individuação do objeto a ser investigado exige um embasamento que o justifique perante a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. No entanto, para Weber não há propriedades científicas que justifiquem a seleção realizada pelo cientista. Ainda que as Ciências Sociais atingissem um alto grau de conhecimento acerca dos fenômenos sociais, não seria suficiente para explicar a escolha de uma fração da realidade. Por outro lado, Weber (2003) constatou que alguns de seus contemporâneos, frequentemente, consideravam esse aspecto da investigação científica como resultante de uma dedução a partir do próprio objeto. No seu entendimento isso não passava de uma ingênua ilusão. Em contrarresposta, ele defendeu que “[…] o caráter de fenômeno ‘sócio-econômico’ de um evento não é algo que lhe seja ‘objetivamente’ inerente” (WEBER, 2003, p.79). Ou seja, a objetividade não é uma característica inata da realidade. Como esclarece Gabriel Cohn (2003, p.22),

O objeto do conhecimento social não se impõe à análise, como já dado, mas é constituído nela própria, através dos procedimentos metódicos do pesquisador. Não se pode presumir que a realidade social empírica tomada como um todo tenha uma ordem interna e leis gerais capazes de impor a qualquer pesquisador a simples busca da fidelidade a ela. A tarefa do conhecimento científico consiste na “ordenação racional da realidade empírica”. Ou seja: não se trata de reproduzir em idéias uma ordem objetiva já dada, mas de atribuir uma ordem a aspectos selecionados daquilo que se apresenta à experiência como uma multiplicidade infinita de fenômenos.

 

Portanto, o objeto em si não oferece nenhum critério que possa servir para fundamentar nossa apreensão seletiva em cada investigação científica. Quando Karl Jaspers (2005, p.115) afirma que, na perspectiva weberiana “a realidade é uma tessitura infinita de coisas dotadas de sentidos e alheias a ele”, traduz sinteticamente o pensamento de que a realidade em si mesma é indiferente aos significados. O fenômeno individual só adquire sentido lógico mediante a premissa da significação. Weber (2003, p.94) ainda afirmou que, “só alguns aspectos dos fenômenos particulares infinitamente diversos, e precisamente aqueles a que conferimos uma significação geral para a cultura, merecem ser conhecidos”.  Essa dignidade para que um fenômeno seja conhecido – e expressões cognatas – reporta às razões subjetivas que conferem importância ao objeto de estudo.

Weber (2003, p.79) pondera que, “o caráter de fenômeno […] está condicionado pela orientação do nosso interesse de conhecimento, e essa orientação define-se conforme o significado cultural que atribuímos ao evento em questão em cada caso particular”. Segundo Saint-Pierre (2004), devemos estar cônscios que nessa perspectiva é o cientista quem agrega sentido e ordena racionalmente um determinado aspecto da realidade empírica, tornando-o passível à análise. Isso significa dizer que, a escolha prévia do objeto de pesquisa é produto do posicionamento pessoal do indivíduo mediante uma relação com os valores. Saint-Pierre (2004, p.22) prossegue observando que, para Weber “não há razão para escolher um valor e não outro qualquer, a não ser um posicionamento pessoal injustificado e injustificável; apenas a paixão por um ou outro valor inclinará o fiel da decisão”. Por conseguinte, o termo “significação cultural” designa a atribuição de sentido feita pelo cientista para dar inteligibilidade aos propósitos de sua investigação. Tal significação do objeto se baseia em relação com os valores do cientista, como pretendemos discutir detalhadamente no tópico subsequente.

 

O cientista social e os valores

Naquele contexto histórico, a heterogeneidade peculiar da Sociologia, da História e áreas afins, foi confrontada com a pretensa “objetividade” das Ciências da Natureza, pondo a legitimidade das Ciências Sociais em xeque. Com a finalidade de convalidar o discurso científico-social, os positivistas propuseram purgar da análise social todas prenoções e preconceitos, a fim de produzir um conhecimento objetivo, livre dos juízos de valor. O descarte sistemático das ideias preconcebidas, referido por Durkheim, significava que o cientista tinha que romper com seus vínculos político-sociais, afastar-se de questões morais, ideológicas e cosmovisões. Logo, essa pressuposição tornou-se um imperativo epistêmico que visava garantir o contínuo progresso da ciência. Tais argumentos enfatizavam a possibilidade e o dever das Ciências Sociais de se enquadrar no padrão de cientificidade das Ciências da Natureza. Sob essa meta, os positivistas esperavam que quando os princípios da objetividade alcançarem todas as extremidades do conhecimento, sobrevirá o “crepúsculo” dos valores nas Ciências da Cultura. (LÖWY, 1998).

Prontamente, Weber trata essa concepção como uma ilusão, haja vista, que não há qualquer análise científica “puramente” objetiva. Partindo dessa suposição, Weber (2003) dirige uma crítica veemente à acepção positivista de objetividade. Alegando que, tentar produzir um conhecimento totalmente isento de pontos de vista valorativos, nos conduziria a um caos de juízos existenciais. Mesmo assim, esse resultado só seria aparentemente atingido. Diferentemente dos positivistas, ele não enxergava os valores como algo negativo para as Ciências Sociais. Pelo contrário, seguindo a teoria rickertiana dos valores, a relação com os valores possui uma função primordial para desenvolvimento das investigações científicas.

A realidade empírica é “cultura” para nós porque e na medida em que a relacionamos a idéias de valor. Ela abrange aqueles e somente aqueles componentes da realidade que através desta relação tornam-se significativos para nós. Uma parcela ínfima da realidade individual que observamos em cada caso é matizada pela ação do nosso interesse condicionado por essas idéias de valor, somente ela tem significado para nós precisamente porque revela relações tornadas importantes graças à sua vinculação a idéias de valor. É somente por isso, e na medida em que isso ocorre, que nos interessa conhecer a sua característica individual. (WEBER, 2003, p.92).

 

Reiterando nossas observações, o paradigma weberiano concebe a realidade empírica como algo caótico e indiferente aos sentidos lógicos. Qualquer elemento da infinitude histórica para se tornar objeto de investigação deve ser significativo para o cientista, enquanto indivíduo. Tal significação está atrelada aos valores culturais que orientam a ação do sujeito. Sendo assim, a delimitação dos fenômenos socioculturais exige que inclinações e tendências valorativas sejam acionadas – consciente ou inconscientemente – pelo cientista social para essa tarefa. De forma que, Weber entende os valores como elementos que perfilam o interesse científico, conduzindo cada um de nós no “recorte do infinito e incessante fluir das ações humanas, de suas manifestações e realizações, para dessa maneira construir seu objeto de conhecimento” (SAINT-PIERRE, 2004, p.27). Destarte, todas as especialidades das Ciências Sociais estão intrinsecamente vinculadas a determinados axiomas, logicamente subjetivos.

Por certo que sem as idéias de valor do investigador não existiria qualquer princípio de seleção nem conhecimento sensato do real singular e, assim como sem a crença do pesquisador na significação de um conteúdo cultural qualquer resultaria completamente desprovido de sentido todo o estudo do conhecimento da realidade individual, também a orientação da sua convicção pessoal e a difração dos valores no espelho da sua alma conferem ao seu trabalho uma direção. (WEBER, 2003, p.98).

 

Desse modo, a relação com os valores é considerada por Weber a resposta mais plausível para explicar nosso interesse científico por um segmento da realidade. Sob esse aspecto, não poderia haver nenhuma investigação científica, sem que houvesse essa relação, tampouco sem a paixão sacrifical por essa vocação. Sendo assim, Weber (2003) propõe que o fato de a orientação valorativa conferir valor de conhecimento ao fenômeno empiricamente dado, serve como fundamento da validade objetiva das Ciências Sociais. Todavia, precisamos ter em mente que, esses valores não equivalem a categorias puras do pensamento. Conforme Campos (2011, p.168),

[…] quando se refere a conceitos de valor, Weber não trata de exercícios teóricos do entendimento, mas de tentativas de apreensão da realidade pela ênfase na particularidade. Assim, a noção de valor ganha sentido na legitimação de uma perspectiva cultural da realidade, que não apenas faz uso do conceito de cultura para codificar os acontecimentos conforme um interesse, mas também, como pensamento orientado num valor, associa-se a uma percepção cultural do próprio presente, em que o sujeito do conhecimento é fixado numa época. No lugar de uma categoria do pensamento, o valor surge como uma diretiva prática ao sujeito que se propõe um conhecimento pela cultura: a diretiva de não fugir ao destino de sua época.

 

Enquanto diretivas práticas, os valores devem ser operacionalizados para cumprir uma função epistemológica nas Ciências Históricas. Como o próprio Weber (2003, p.125-126) prescreveu, “todo o saber empírico baseia-se única e exclusivamente na ordenação da realidade dada segundo categorias que são subjetivas no sentido de específico de representarem o pressuposto do nosso conhecimento e de se ligarem ao pressuposto de que é valiosa aquela verdade que só o conhecimento empírico nos pode proporcionar”. Com efeito, no âmbito científico não basta nos referirmos aos valores como razão da seleção do objeto, é necessário demonstrar e comprovar a significância cultural para algo se converta em objeto de análise. Conforme Campos (2011, p.171), isso ocorre “na medida em que os valores são fixados [acréscimo nosso] como base da formação de conceitos nas ciências da cultura, mas deve ser considerado como uma construção histórico-cultural e não como fruto do pensamento puro”. A partir disso, podemos inferir que os valores transcendem a subjetividade, adquirindo gradação intersubjetiva, que lhe dá significação ampla através dos tipos ideais.

Construindo conceitos e utilizando categorias lógicas, os valores são ampliados a fim de proporcionar uma significação de validade universal para o objeto empírico selecionado. As características dos tipos ideais não são essenciais em si mesmas, mas são conformadas em uma conjunção racional, que fundamenta cientificamente nosso interesse particular. Acerca disso, Gabriel Cohn (2003, p.8) acrescenta que, “[…] a realidade social só pode ser conhecida quando aqueles traços seus que interessam intensamente ao pesquisador são metodicamente exagerados para em seguida se poderem formular com clareza as questões relevantes sobre as relações entre os fenômenos observados.” Nesse sentido, os cientistas sociais devem evitar encarar os valores como mera disposição subjetiva, enxergando-os como uma referência indispensável para o desenvolvimento das Ciências da Cultura.

 

A “objetividade” no paradigma weberiano

Na introdução d’A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber (2013) apresentou sua tese sobre a racionalização das sociedades ocidentais, destacando o avanço da ciência como uma amostra importante desse processo. Como ele observou, o progresso científico era marca da experiência moderna de desencantamento do mundo. Sob as insígnias da intelectualização, sistematização e especialização do conhecimento, os “mistérios” da realidade empírica foram sendo desnudados de sua aura sacral, sobrenatural ou mágica. Mas, para além da crosta burocrática e racional do conhecimento científico, há uma camada de pressupostos valorativos. Retomando a discussão precedente, os valores são condição sine qua non para haver ciência, expressa no momento em que cientista se entrega com paixão sacrifical, como alguém vocacionado que se dedica apaixonadamente a sua causa. Segundo Aron (1999), nesses termos, a investigação científica poderia ser entendida como uma conduta racional referente a valores. Como vimos, trata-se de um tipo de ação que requer posicionamento ativo do cientista social diante dos valores. Reafirmando o princípio de que, não é possível produzir um conhecimento objetivo sobre a realidade social, aos moldes positivistas. (WEBER, 2011).

Apesar disso, ele não abandonou o postulado de que as Ciências Sociais deveriam comportar uma perspectiva de objetividade.[3] Mesmo que nosso objeto seja dependente de nossas percepções valorativas, não significa que nossa investigação resulte em simples considerações subjetivas. Como destacou Aron (1999), os valores não excluem o propósito das Ciências Sociais em oferecer respostas universalmente válidas. Pois, ao mesmo tempo em que, o cientista social age racionalmente com relação aos valores, sua conduta também é orientada pela finalidade de produzir proposições fatuais e interpretações de validade universal sobre a realidade empírica. Tais considerações parecem paradoxais: Se não é possível produzir um conhecimento científico-social absolutamente livre de pressupostos valorativos, como os cientistas sociais podem proferir resultados que sejam objetivos? Acerca disso, Weber (2003, p.126) afirma que

[…] no campo das ciências sociais empíricas da cultura, a possibilidade de um conhecimento dotado de sentido daquilo que, para nós, é essencial na infinita riqueza do devir, liga-se à utilização ininterrupta de pontos de vista de caráter especificamente particular que, em última instância, são orientados por ideias de valor. Estas, por seu lado, podem ser comprovadas e vividas empiricamente como elementos de qualquer ação humana significativa […].

 

Nesta citação, é ressaltado que lidamos com fenômenos observáveis, que permitem que os resultados de cada pesquisa sejam postos à prova por meio da verificação empírica. Nesse arranjo epistemológico, Weber defende que a enunciação de proposições “verdadeiras” depende, sobretudo, do rigor metodológico. Conforme Saint-Pierre (2004), dessa compreensão deriva a exigência para que o cientista seja extremamente metódico na sua formulação conceitual, na correção lógica dos métodos utilizados, na contínua confrontação dos resultados com a verificação empírica. Por último, é de suma importância para a perspectiva weberiana depurar a produção científica dos juízos de valor.

Contextualizando historicamente essa posição de Weber, podemos perceber que houve uma marginalização do conceito de objetividade como crítica ao positivismo. Em decorrência disso, muitos intelectuais mergulharam a fundo em discussões e ações políticas. Não somente isto, mas esses estudiosos tentavam adaptar suas investigações científicas para afirmar “cientificamente” seus posicionamentos sociopolíticos, promovendo um emaranhado de cosmovisões e proposições teórico-metodológicas. Segundo Cohn (2003), entremeios, Weber advogou que o cientista social não poderia ser visto como um registrador de dados insensível aos valores, referindo-se ao paradigma positivista. Igualmente, também não poderia se tornar um veiculador de ideologias através de suas pesquisas, como estava ocorrendo. A validade universal do conhecimento científico não consente que o cientista projete juízos valorativos em sua investigação. Por esse motivo, Weber divergiu de muitos contemporâneos, combatendo essa imersão das investigações no oceano dos julgamentos valorativos. Fez isso através dos seus escritos e, também, nos círculos acadêmicos. (ARON, 1999; SAINT-PIERRE, 2004).

Na visão de Weber (2011), ninguém deveria utilizar argumentos científicos apostando neles a legitimação científica de suas convicções. Aliás, os cientistas não possuem prerrogativas da própria ciência para avaliação valorativa da realidade histórica. Não faz parte dos predicados das ciências empíricas definirem respostas teleológicas aos problemas analisados. Bem como, não é função do pesquisador, propor fins para ação prática, no máximo, se poderá avaliar a propensão de certos meios para atingir determinadas finalidades, ou ainda fornecer estimativas sobre a efetividade dos processos. Ademais, o compromisso com a vocação científica constrange o cientista social buscar enunciados científicos válidos “até para um chinês”. Caso contrário, “sempre que um homem de ciência permite que se manifestem seus próprios juízos de valor, ele perde a compreensão integral dos fatos” (WEBER, 2011, p.47). Como argumenta Cohn (2003), sob esse prisma, Weber se contrapõe a suposição que a Ciência pode formular “concepções de mundo”, que sejam desenvolvidas “objetivamente” através da análise sócio-histórica. Ora, diferentemente da teologia, o discurso teleológico ou dogmático não cabe nas Ciências Sociais. Mesmo que, os valores sejam o ponto de partida das investigações científicas, o pesquisador não pode emitir enunciados valorativos, nem tampouco justificar posições políticas com proposições, aparentemente, científicas.

Tendo isso em vista, Saint-Pierre (2004) observa que, a via adotada por Weber prevê a demarcação do espaço legítimo dos valores no domínio científico, restringindo-os ao âmbito pré-científico. Assim sendo, na percepção weberiana, os valores não deveriam ultrapassar o processo precedente de individuação do fenômeno empírico. A seguir, os valores devem ser imediatamente ressignificados conceitualmente através da construção dos tipos ideias. De acordo com Jaspers (2005), a clareza do conhecimento científico-social depende da identificação, separação e eliminação das proposições valorativas na produção científica. Acerca disso, Weber recorreu a duas categorias de ajuizamento da teoria rickertiana, distinguindo juízos de fato e juízos de valor. Basicamente, os juízos de fato, também denominados científicos, são constatações feitas pela avaliação do que o fenômeno empírico é. Seguindo a definição de Saint-Pierre (2004, p.24), “tais juízos ou consistem em proposições de “fatos observáveis” ou são juízos que permitem um confronto empiricamente válido entre o que diz uma teoria e como realmente é a realidade”. De maneira tal que, os juízos científicos não servem para definir imperativos afetivos, éticos ou morais.

Por outro lado, os juízos de valor correspondem aos predicados de nossa subjetividade, trata-se de predisposições de natureza afetiva, estética, moral, política e religiosa. Sendo percepções que dizem respeito as nossas avaliações mais subjetivas da realidade. Por causa disso, geralmente, são expressões que contém a formula do deve-ser. E, era justamente esse tipo de juízo que Weber queria lançar fora dos domínios das Ciências Sociais. Considerando que a ciência pretende proporcionar um conhecimento da realidade empírica como ela é realmente, os juízos de valor não se encaixam no discurso científico. Essa finalidade de produzir enunciados de validade universal não condiz com a atitude de enxertar valores na investigação científica. Tal ato contaminaria a ciência. Da Mata (2010) propõe que, Weber percebia o devir-ser nas Ciências Sociais como algo diabólico que profana a ciência, seja anátema. (ARON, 1999).

No entanto, Campos (2011, p.173) assinala, para que isso aconteça “o sujeito do conhecimento precisa, portanto, formar uma imagem de si mesmo, para que, através dela, possa identificar com clareza seus interesses e o viés empregado no conhecimento”. Em outras palavras, a distinção dos juízos implica na fragmentação ontológica da subjetividade do indivíduo. Reis (2006) aprofunda a discussão sobre esse assunto, afirmando que isso implica que a subjetividade tenha duas esferas com lógicas independentes. Numa esfera, há uma subjetividade racional, que é “capaz de construir e organizar o real em categorias lógicas e raciocínios demonstrativos e cogentes, movida pela busca da verdade, que visa o entendimento do real” (REIS, 2006, p.159). Na outra dimensão, teríamos uma subjetividade voluntariosa, onde estariam nossas avaliações valorativas e práticas da realidade. O que consideramos algo, bastante complexo em termos práticos.

Após conceber essa lógica classificatória, somos incumbidos de disjungir do discurso científico as proposições que expressam visões de mundo daquelas que exprimem realmente constatações de fato sobre a realidade empírica. Quando os juízos de valor forem identificados, que sejam erradicados da atividade científica, como ressaltou Saint-Pierre (2004). Enfim, o rigor metodológico, a verificação empírica dos resultados e a diferenciação dos juízos, formam configuram-se nos argumentos básicos da perspectiva weberiana de objetividade. Ao formular esses pré-requisitos, Weber supunha estar oferecendo uma proposta epistemológica para que os cientistas sociais pudessem desenvolver um conhecimento axiologicamente neutro.[4]

 

Considerações finais

Sem dúvida, a estrutura conceitual e argumentativa de Weber sobre a objetividade é filosoficamente rica e substantivamente coerente. Demonstrando a especificidade das Ciências Sociais com propriedade, desenvolveu singularmente sua proposta epistêmica sobre a objetividade. Num esforço considerável para elaborar métodos rigorosamente racionais, capazes de garantir a validade objetividade do conhecimento científico. Porém, os caminhos metodológicos traçados por Weber acabam produzindo nós irresolúveis, como anotou Marsal (2011).

Entre os embaraços se apresentam ao adotarmos a perspectiva weberiana, concordamos com Saint-Pierre quando conclui que o pressuposto valorativo que fundamenta a teoria weberiana acaba impregnando todo edifício da ciência e corroendo o conceito de objetividade. Além disso, como constatou Löwy (1998), notamos que há inúmeras dificuldades para apreender as concepções de mundo como um elemento pré-científico. Desse modo, a percepção valorativa como engrenagem mobilizadora interfere no percurso metodológico, nas formulações conceituais, na argumentação científica, sendo essas etapas desdobramentos de nossa ação referente aos valores. Fabricando um jogo taxonômico da subjetividade dicotômica, Weber tenta erradicar as interpretações valorativas da ciência.

Mas, na verdade acaba por deixa-nos a mercê de nós mesmos, com o pêndulo da razão nas mãos. Que em seu movimento oscilante, beira os extremos da irracionalidade da valoração subjetiva. Nas palavras de Saint-Pierre (2004, p.10), “encontramos o sujeito cientificamente desamparado, digladiando-se com os “deuses e demônios” que habitam sua esfera de valores”. Nem mesmo com todo seu rigor conceitual, Weber conseguiu eliminar a tensão constante entre os propósitos “objetivos” das Ciências Sociais e as disposições valorativas do cientista social. De modo que, o cientista exerce sua vocação buscando “verdades objetivas”, lidando com seus próprios demônios, cognominados juízos de valor.  Talvez, Löwy (1998) tenha razão ao comparar a perspectiva weberiana de objetividade com o mito do Barão de Münchhausen.

 

Referência bibliográfica

ARON, Raymond.  As etapas do conhecimento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

CAMPOS, Daniel Vasconcelos. O historicismo em Max Weber. Perspectivas, São Paulo, v. 40, p.147-175, 2011.

COHN, Gabriel. Introdução. In: COHN, G. (Org.). Sociologia: Max Weber. São Paulo: Editora Ática, 2003.

DA MATA, Sérgio. “O dever-ser é coisa do Diabo”? Sobre o problema da neutralidade axiológica em Max Weber. Dimensões, Belo Horizonte, v.24, p.262-283, 2010.

FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

JASPERS, Karl. Método e visão do mundo em Weber. In: COHN, Gabriel (Org.). Sociologia: para ler os clássicos. Rio de Janeiro: Azougue, 2005. p.105-124.

LÖWY, Michael. Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 1998.

MARSAL, Juan F. Por que Weber? In: WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2011. p.11-22.

REIS, José Carlos. História e verdade: posições. In: REIS, J. C. História & teoria: Historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: Editora FVG, 2006. p.147-178.

SAINT-PIERRE, Héctor L. Max Weber: entre a paixão e a razão. Campinas: Editora da Unicamp, 2004.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2013.

_________. A “Objetividade” do Conhecimento nas Ciências Sociais.  In: COHN, G. (Org.). Sociologia: Max Weber. São Paulo: Editora Ática, 2003. p.86-126.

_________. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2011.

 

 


[1] Mestrando em Ciências Sociais através da Universidade Federal de Campina Grande. Especialista em História Social e Contemporânea pela Universidade Cândido Mendes. Licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru. Email: lamartinesgt@hotmail.com

[2] Como sugere a tradução da expressão alemã Geisteswissenshaften é correspondente aos termos Ciências da cultura, sociais ou históricas.

[3] Vale salientar que, o sentido epistemológico do termo “objetividade” utilizado por Weber é profundamente diferente da noção propugnada pelos positivistas. Como argumenta Cohn (2003), a ideia de objetividade é tão problemática para Weber que ao empregá-la utilizava aspas. A utilização desse recurso gramatical enfatiza a tentativa de distinguir sua aplicação em relação ao sentido convencional que o termo representava na época.

[4] Quando escreveu o artigo sobre a objetividade, Weber ainda não havia sistematizado a noção de neutralidade axiológica, mas podemos vê-la numa fase seminal.

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