Matemática Perversa

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

A educação tem que fomentar no educando o pensamento crítico, caso contrário, passa a ser adestramento, nos remetendo aos experimentos de Pavlov.

A aprendizagem da matemática para muitos educandos é um desafio, pois trata-se de uma disciplina cumulativa e a mesma serve de base para conteúdos posteriores, além de desenvolver o raciocínio lógico e matemático bem como a capacidade científica, área em que o Brasil encontra-se carente, já que não há um devido investimento.

Professores de matemática precisam encantar seus alunos para que estes possam conhecê-la e assim fazer de seu aprendizado, um momento prazeroso, mas para isso ela precisará ser inclusiva, estimular a autonomia, valorizar o saber do educando e melhorar a sua compreensão do mundo.

Dito isso, para que o aluno aprenda uma matemática que possa ser aplicável a seu entorno, faz-se necessário o professor buscar exemplos de seu dia a dia, desta forma, o professor poderia demonstrar uma matemática vista sob a realidade de uma pandemia.

Sendo assim, imagine o professor de matemática fazendo um prelúdio para o entendimento da grave situação que o povo tem enfrentado em relação ao Coronavirus.

Desta forma, o professor poderia contextualizar o conteúdo a ser ministrado, fazendo uma observação da seguinte forma: A população brasileira corresponde a 2,78% da população mundial, todavia o Brasil tem quase 13% de morte por Covid-19 no mundo[1], logo, se o raciocínio lógico fosse aplicado, poderíamos na pior das hipóteses imaginar que o Brasil teria aproximadamente 116 mil mortes, todavia, ele tem 561 mil mortes, ou seja, aproximadamente 445 mortes que correspondem ao negacionismo, descaso, prevaricação e negociatas.

Pode-se observar que a questão acima aborda temas atuais e inseridos conteúdos como regra de três simples, numeral, porcentagem, multiplicação, divisão além de ressaltar a seriedade do Covid-19 (biologia e ciências), salientando o descaso e a importância de desenvolver a criticidade do aluno para que ele não cometa o mesmo erro que alguns cometeram em votar em uma pessoa que representa tudo de ruim que existe em um indivíduo, como preconceitos diversos, intolerância, perversidade, incompetência, enfim, toda sordidez que possa fazer parte da personalidade de um homem.

Outro ponto que se pode trabalhar na matemática seguindo a mesma linha de raciocínio relacionado a temas atuais, é o preço da propina cobrado pela dose da vacina, que corresponde a 1 dólar por dose[2], e como a proposta de compra equivalia a 400 milhões de doses de vacina, a propina sairia a 400 milhões de dólares, que equivalia em 29 de junho de 2021 um valor de R$2 bilhões de Reais.

Observe que o dólar é uma moeda com seu valor flutuante, ou seja, cada dia ele valoriza mais ainda (no caso do atual governo), e neste conteúdo, pode-se trabalhar ainda conceitos como numeral, pois poucos alunos conhecem a casa dos bilhões o que neste caso permite também trabalhar grandezas, moedas, conversões de moedas, multiplicações, somas dentre outros conteúdos da matemática como gráficos, estatística, razão e proporção, etc.

É percebido que os problemas acima representam uma matemática simples que poderia ser trabalhada na Educação Básica (Ensino Fundamental I e II) e também nos cursos posteriores como Ensino Médio e Educação Superior, desde que se faça uma transdisciplinaridade com a História, Biologia, Sociologia, Psicologia Comportamental, Política interna e externa, Religião, Filosofia, Antropologia, etc...

Observe como é grande esta seara, nestes dois problemas relacionados com Covid-19 poderíamos abordar conteúdos além da matemática como corrupção, demagogia, desvio de caráter, falta de inteligência emocional, hipocrisia, falso moralismo, Ética, Moral e mesmo com a Laicidade em algumas instituições de ensino (em especial o público), pode-se trabalhar questões políticos religiosas mostrando situações em que parlamentares religiosos fazem uso da política e da igreja para lavagem de dinheiro.

Enfim, feliz é o professor que consegue enxergar tantas oportunidades para ensinar seu educando e ao mesmo tempo desenvolver neste toda a criticidade, para que ele não seja mais um gado a somar na imbecilidade deste governo.

É por isso que muitos políticos pregam o não a doutrinação ideológica, mas saibam que trabalhar criticidade e protagonismo não é doutrinar, é apenas esclarecer com a luz do conhecimento.

Dito isso, que façamos jus a um dos juramentos proferidos nos cursos de pedagogia "[...] Prometo trabalhar por uma educação, para responsabilidade social, ética e política, participando profissionalmente da construção do homem íntegro da humanidade e da pátria.

Assim prometo".