MARGINALIDADE, MUITO MAIS DO QUE UMA PALAVRA
Marielia Castelli da Costa
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Jackeline Souza Domingos
Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Beatriz Oliveira dos Santos
Licenciatura em Educação Especial. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Catia Janine Nilsson
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Laura Rejane do Nascimento Pereira
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil, anos iniciais e Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
É possível identificar a partir das reflexões expostas nos tópicos anteriores, que tanto “escola e trabalho”, quanto “dualidade e escola dualista” explicam a problemática envolta da marginalidade a partir de determinadas maneiras de entender a relação mais ampla entre educação e sociedade.
Constata-se então que, com apoio em premissas hegemônicas das quais entrelaçam aspectos econômicos, surgiu uma escola de diferenças sociais e culturais, assim como psicológicas de ritmo de aprendizagem, distorcendo os objetivos da escola, ou seja, sua função de socializar os conhecimentos historicamente adquiridos. Talvez seja conveniente, dizer que não por acaso, a palavra igualdade (direitos iguais a todos) é substituída por equidade (direitos subordinados à diferença) (SAVIANI, 2000).
A marginalidade, não pode ser considerada um fenômeno acidental, que acomete de forma isolada um número maior ou menor de membros, pois quando um indivíduo se engendra a marginalidade, toda comunidade se submete a essa condição. É preciso analisar muito mais do que somente a palavra [marginalidade]. Ela é mais do que só uma palavra. Neste sentido, a educação tal como é, ainda está distante de se materializar em um instrumento de superação da marginalidade; ela se corrompe e contribui para a marginalização já que a partir da ideologia burguesa, além de produzir a marginalidade social, ela provoca também a marginalidade cultural e, especificamente escolar (LIBANEO, 2006).
Mas, afinal a que ‘marginalidade’ me refiro no decorrer deste tópico? Ora, por tudo que foi explicitado até agora, me reporto à marginalização da cultura, da sociedade, da educação, da escola – do indivíduo. Consiste em uma mazela que acomete o indivíduo e como um ciclo volta-se à cultura.
Infelizmente, a escola que sobrou e ainda sobra para os pobres, é aquela que possui missões assistencial e acolhedora – conhecida como inclusiva, para tanto, ela não se reconhece como mantenedora de direitos historicamente adquiridos, transformando-se em uma caricatura de inclusão social. E assim, as funções da escola se invertem, e geram as atuais discussões acerca de suas funções que convergem apenas para aprendizagens mínimas para a sobrevivência. Talvez possamos levantar discussões a partir disso, suscitando o descaso com os salários e com a formação de professores. Pois, para os simplistas e desertores da educação, basta uma escola de aprendizagens mínimas e um professor que detenha um kit de técnicas de sobrevivência docente (acompanhado agora com os manuais de planejamento, aula, conteúdo e sistemas rígidos que lhes permitem executar o que está dentro dele) (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003).
Todavia, cabe salientar que as vítimas destas políticas, aparentemente humanistas, não são somente os professores, mas também, os pobres, as famílias, a sociedade e os alunos. Todos marginalizados, por um sistema falido, que lhes oferece uma escola sem conteúdo e objetivos concretos. Claro, que esta última afirmação parece óbvia, mas o aparato burguês oculto é muito maior do que o próprio significado da existência humana.