06/06/2020

Marginalidade, muito mais do que uma palavra

Marginalidade

É possível identificar a partir das reflexões advindas dos séculos anteriores e inclusive deste século peculiar em que vivemos; que tanto “escola e trabalho”, quanto “dualidade e escola dualista” explicam a problemática envolta da marginalidade a partir de determinadas maneiras de entender a relação mais ampla entre educação e sociedade.

Constata-se então que, com apoio em premissas hegemônicas das quais entrelaçam aspectos econômicos, surgiu uma escola de diferenças sociais e culturais, assim como psicológicas de ritmo de aprendizagem, distorcendo os objetivos da escola, ou seja, sua função de socializar os conhecimentos historicamente adquiridos. Talvez seja conveniente, dizer que não por acaso, a palavra igualdade (direitos iguais a todos) é substituída por equidade (direitos subordinados à diferença).

A marginalidade, não pode ser considerada um fenômeno acidental, que acomete de forma isolada um número maior ou menor de membros, pois quando um indivíduo se engendra a marginalidade, toda comunidade se submete a essa condição. É preciso analisar muito mais do que somente a palavra [marginalidade]. Ela é mais do que só uma palavra. Neste sentido, a educação tal como é, ainda está distante de se materializar em um instrumento de superação da marginalidade; ela se corrompe e contribui para a marginalização já que a partir da ideologia burguesa, além de produzir a marginalidade social, ela provoca também a marginalidade cultural e, especificamente escolar.

Mas, afinal a que ‘marginalidade’ me refiro no decorrer destes escritos? Ora, me reporto à marginalização da cultura, da sociedade, da educação, da escola – do indivíduo. Consiste em uma mazela que acomete o indivíduo e como um ciclo volta-se à cultura. Infelizmente, a escola que sobrou e ainda sobra para os pobres, é aquela que possui missões assistencial e acolhedora – conhecida como inclusiva, para tanto, ela não se reconhece como mantenedora de direitos historicamente adquiridos, transformando-se em uma caricatura de inclusão social. E assim, as funções da escola se invertem, e geram as atuais discussões acerca de suas funções que convergem apenas para aprendizagens mínimas para a sobrevivência. Talvez possamos levantar discussões a partir disso, suscitando o descaso com os salários e com a formação de professores. Pois, para os simplistas e desertores da educação, basta uma escola de aprendizagens mínimas e um professor que detenha um kit de técnicas de sobrevivência docente (acompanhado agora com os manuais de planejamento, aula, conteúdo e sistemas rígidos que lhes permitem executar o que está dentro dele).

Todavia, cabe salientar que as vítimas destas políticas, aparentemente humanistas, não são somente os professores, mas também, os pobres, as famílias, a sociedade e os alunos. Todos marginalizados, por um sistema falido, que lhes oferece uma escola sem conteúdo e objetivos concretos. Claro, que esta última afirmação parece óbvia, mas o aparato burguês oculto é muito maior do que o próprio significado da existência humana.

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