04/02/2015

Lúdico e Aprendizagem no Ensino da Matematica

 

LÚDICO E APRENDIZAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA

 

SILMARA HELENA DOS ANJOS

 

 

RESUMO

O aspecto lúdico é uma característica fundamental do ser humano, por isso, podemos dizer que o desenvolvimento da criança está intimamente relacionado com a ação de jogar. Por que não podemos unir o estudo e a brincadeira em uma atividade única que passará a satisfazer ambas as partes? Se observarmos o comportamento das crianças quando brincam podemos perceber o quanto elas estimulam a sua capacidade de resolver problemas pois, o jogo para elas é uma atividade dinâmica capaz de colocá-las em movimento e ação.

 

Palavra-chave: Aprendizagem-Espontaneidade-Processo Lúdico.

 

 

                          INTRODUÇÃO

 

Aprender é uma palavra que exprime o grande segredo da vida: transformar toda ação passível de introjeção e reflexão, bem como toda oportunidade de crescimento e desenvolvimento em ação construtiva.

Percebe-se que o fracasso ou o bloqueio dos alunos nos diferentes meio de ensino aumentam cada vez mais e é necessária uma mudança nos métodos de ensinar, cabendo aos professores utilizarem de técnicas para cativar os alunos. O professor deve saber que através de jogos as crianças liberam a criatividade, socializam-se, sentem-se seguros, pois se sentem inseridos no grupo.

Através do Lúdico podemos desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem e estimular a autoconfiança e a organização, concentração e a socialização.

Uma maneira gostosa, extrovertida, e suave de se brincar com jogos, pois defendemos a tese do lúdico como auxilio ou uma ponte entre a aprendizagem e o aluno. Fazendo com que os Alunos possam re-significar sua aprendizagem e que possam sentir prazer em praticá-la e mostrar no dia-a-dia .

O uso do lúdico em sala de aula estimula o aluno a respeitar regras, no caso dos jogos e a dividir responsabilidades com seus colegas levando-os ao aprendizado com maior facilidade e com muita alegria. Se olharmos o ato de brincar ao aprender notaremos toda a magia que envolve e contagia o ensino-aprendizagem.

Portanto, a construção do saber pelos alunos passa por vários percursos, basta somente adaptar criar e estratégias e propiciar o aprendizado, se da através do convívio do cotidiano e mutável, pois o aprendizado varia de uma turma para a outra, ou ate mesmo de um aluno para o outro. O gostoso pela matemática se das atividades bem trabalhadas pelo próprio docente.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Quando pensamos em matemática nos lembramos de calcular, somar e subtrações, lembrar explicações básicas, encontrar soluções para equações. Imagens assim negligenciam o lado conceitual da matemática, a busca de padrão e estrutura que motiva a atividade matemática. Quando fazemos matemáticas participamos de uma rica tradição de simbolização que deixamos de apreciar suas virtudes.

As crianças estão emersas em um mundo de notações matemáticas desde o momento em que chegam ao mundo. A aprendizagem dos números escritos por parte da criança envolve aprender não apenas os elementos isolados do sistema, mas também sobre o sistema em si e as regras que o governam.

Vejamos que a importância de inserir no cotidiano escolar, momentos de interação, divertimento e apropriação de novos conhecimentos por meio dos jogos. Percebe-se que professor que utiliza os jogos torna-se mais seguro, desenvolvendo também a sua criatividade, inovando suas aulas e criando outros jogos. Pois os jogos pedagógicos são excelentes recursos de que o professor poderá lançar mão no processo ensino-aprendizagem, porque contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual e social na criança.

Numerosas observações nos mostram com evidência que o fracasso ou o bloqueio dos alunos nos diferentes meio de ensino aumentam cada vez mais e é necessária uma mudança nos métodos de ensinar, cabendo aos professores utilizarem de técnicas para cativar os alunos. Na medida em que as dificuldades de aprendizagem vão aparecendo deve-se buscar soluções para facilitar o aprendizado.

Cada indivíduo vai organizando o processo intelectual ao longo de sua vida, isso não ocorre de um dia para o outro, aos poucos vai assimilando os conhecimentos.

Com base nos PCNs salientamos que a partir do conhecimento que o aluno possui, a escola deve buscar ampliar esse conhecimento e dar condições a ele para que seja estabelecido um vinculo entre os conteúdos já conhecidos e os novos conteúdos, que vão auxiliar, possibilitando uma aprendizagem significativa.

O ensino de matemática que é aplicado nas escolas é fundamental para os alunos, é nesse sentido que devemos tomar cuidados para que os conteúdos sejam aplicados de uma forma em que o aluno sinta prazer em estudar e não rotule a matemática como uma disciplina difícil e complicada. Devemos tomar cuidado com a forma que aplicamos os conteúdos para que não haja uma aversão por parte dos alunos.

Cabe ao professor buscar técnicas para fazer a criança ter vontade em aprender, assim é fundamental o professor trabalhar com brinquedos, músicas e várias dinâmicas incluindo jogos.

Jogos, músicas, brincadeiras em sala de aula despertam no aluno a alegria de aprender. Os educadores devem procurar alternativas para aumentar a motivação dos seus alunos. Da-se-à preferência ao emprego do termo jogo, quando se referir a uma descrição de uma ação lúdica envolvendo situações estruturadas pelo próprio tipo de material existente.

Para Piaget o jogo se estrutura em três categorias: o jogo de exercícios onde o objetivo é exercitar a função em si; o jogo simbólico onde o individuo se coloca independente das características do objeto, funcionando em esquema de assimilação; e o jogo de regras no qual esta implícita uma relação interindividual que exige a resignação por parte do sujeito. Piaget cita ainda o jogo de construção em que a criança cria algo, este se situa a meio caminho entre o jogo e o trabalho.

Na educação as atividades lúdicas proporcionadas pelos jogos deve ser desencadeador de todo processo de aprendizagem. O jogo desenvolve a imaginação e exige tomada de iniciativa, desafiando a sua inteligência para encontrar solução para os problemas. Através de jogo as crianças desenvolvem o seu raciocínio e constroem o seu conhecimento de forma descontraída.

Ao tomar decisões usando as regras dos jogos para obter resultados desejados, estas mesmas regras fazem com que as crianças construam os seus limites agindo como sujeito de sua aprendizagem.

De acordo com o nível do aluno o professor poderá desenvolver conteúdos específicos propondo os mais variados tipos de jogos que envolvam os mais variados conteúdos, pois é muito importante “aprender brincando”, em oposição à utilização da violência, da repressão, segundo Platão e Froebel, o criador do jogo de construção. Para Miranda (2001, p. 12):

 

Prazer e alegria não se dissociam jamais. O “brincar” é incontestavelmente uma fonte inesgotável desses dois elementos. O jogo, o brinquedo e a brincadeira sempre estiveram presentes na vida do homem, dos mais remotos tempos até os dias de hoje, nas mais variadas manifestações (bélicas, filosóficas, educacionais). O jogo pressupõe uma regra, o brinquedo é o objeto manipulável e a brincadeira nada mais é que o ato de brincar com o brinquedo ou mesmo com o jogo. Jogar também é brincar com jogo. O jogo pode existir por meio do brinquedo, se os brincantes lhe impuserem regras. Percebe-se, pois, que jogo, brinquedo e brincadeira têm conceitos distintos, todavia estão imbricados; e o lúdico abarca todos eles.

 

O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o individuo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo.

Além de ser um objeto sociocultural em que a matemática esta presente, o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos. Supõe um fazer sem obrigação externa e imposta, embora tenha exigência, normas e controle. É uma imposição que a criança faz a si mesma na tentativa de superar um desafio: descobrir a estratégia que o fará vencedor do jogo.

 

JOGO NO ENSINO E APRENDIZAGEM

 

Geralmente os jogos envolvem o desejo e o interesse do jogador pela própria ação de jogar, e envolve também a competição e o desafio que motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de superação de tais limites, na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar.

O jogo atrai a atenção pelo fato de estar competindo, e como todos os jogos, ou se destrói o inimigo, ou considera o adversário como referência constante para o diálogo consigo mesmo. Quando jogos são propostos para as crianças, a reação mais comum entre eles é de alegria e interesse pela atividade, pelo material e pelas regras, mas o interesse e alegria pelo jogo simplesmente não bastam, é preciso que haja uma intervenção pedagógica a fim que esse jogo seja útil na aprendizagem de conceitos. É necessário também que essa atividade represente um desafio, que seja capaz de gerar "conflitos cognitivos", que segundo Jean Piaget, os conflitos cognitivos são fundamentais para o desenvolvimento intelectual do sujeito.

Pelo fato   do jogo ser uma atividade competitiva, ele apresenta situações onde o sujeito tem a necessidade de coordenar diferentes pontos de vista, estabelecer relações e resolver conflitos.

As crianças pequenas aprendem muito com os jogos, pois a partir de situações exploradas por eles, as crianças conseguem chegar a uma estruturação lógica, e segundo Piaget o jogo é a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório.

Quando nos referimos à utilização de jogos nas aulas de Matemática, esperamos que eles tenham utilidade em todos os níveis de ensino, portanto os objetivos do jogo têm que ser claros, adequados, e sempre representem um desafio para o nível com o qual estamos trabalhando. Sobretudo o jogo se diferencia do brinquedo por características particulares como regras definidas pelo próprio grupo de jogadores para estabelecer uma "lógica de ação", isso representa uma atividade dinâmica, desafiando e motivando os jogadores. O cumprimento de regras envolve o fato de se relacionar com outras pessoas que pensam, agem e criam estratégias de maneiras diferentes.

No jogo, mesmo que seja derrotado o sujeito pode conhecer-se, estabelecer o limite de sua competência como jogador e avaliar o que tem que ser trabalhado, aprender a perder e trabalhar estratégias para que não seja derrotado na próxima vez.

Pedagogicamente o jogo se apresenta produtivo ao professor, ou seja, facilitador na aprendizagem de estruturas muitas vezes de difícil assimilação, e produtivo ao aluno que desenvolve a capacidade de pensar, analisar, refletir, compreender conceitos matemáticos, etc.

"Nos jogos de regra, os jogadores estão, não apenas, um do lado do outro, mas ´juntos´. (...) O conteúdo e a dinâmica do jogo não determinam apenas a relação da criança com o objeto, mas também suas relações em face a outros participantes do jogo. (...) Assim, o jogo de regras possibilita o desenvolvimento das relações sociais da criança".(Moura, 1995, p.26).

Nesse processo de socialização, a criança ouve o colega e discute, identificando perspectivas e se justificando. Ao se justificar, argumenta e reflete sobre os seus próprios procedimentos.

Então as situações que levam o sujeito a uma reflexão e análise do próprio raciocínio, precisam ser valorizadas no processo de ensino da matemática, e o jogo propicia uma dinamização desse processo.

Portanto para justificar a inserção desse método de ensino (jogo) é necessário apontar algumas possibilidades pedagógicas:

A competição garante dinamismo, movimento, propiciando interesse e contribuindo para o desenvolvimento social.

A competição faz com que o aluno elabore estratégias, e com o tempo, aprimore essas estratégias, a fim de superar deficiências.

A busca pela competição faz com que o jogador sempre busque desafios maiores, a fim de sempre se superar, pois a competição no jogo propicia uma constante auto-avaliação do sujeito sobre suas competências, habilidades, etc.

 

CONCLUSÃO

 

Concordando com Piaget e Vigotsky percebemos que a criança já vem para a escola com um conhecimento prévio e que não pode ser ignorado pelo professor, ficando alheios a esses conhecimentos pré-adquiridos. Consideramos que a criança precisa ser estimulada, e esse estimulo se dá através do lúdico, com jogos e músicas. O emprego do lúdico nos primeiros anos do ensino fundamental proporciona diferentes situações que permitiram o ensino aprendizagem, diante as inovações exigidas, que estejam em constante evolução.  Nessa concepção é necessário provocar oportunidades e contextos para que o lúdico no ensino mostre se útil aos alunos, permitindo ampliarem suas noções e suas habilidades de pensamento, descobrindo o aprendizado brincando. É preponderante salientar e afirmar que o ensino lúdico é um fator essencial no processo de ensino aprendizagem, pois desperta nas crianças a curiosidade, levando-as a desafios, melhorando o nível de conhecimento.

Para elaboração desta pesquisa utilizei pesquisa bibliográfica, baseado em vários teóricos, não tive muitas dificuldades, pois os teóricos pesquisados foram claros em suas idéias,  em conjunto com minha prática pedagógica.Considero que foi de grande valia, pois contribuiu muito para ampliar meus conhecimentos. Diante dos resultados, foi possível perceber que esta forma de trabalho tem em comum colocar o aprendiz como sujeito, autor e condutor de seu processo de formação, apropriação, reelaboração e construção do conhecimento.

 

REFERENCIAS

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