Livro traz informações sobre preservação da obra de Aleijadinho
Objetivo é fornecer para profissionais da área do restauro e da escultura aplicações práticas sobre moldagem de gesso
Nesta semana, uma série de atividades foram realizadas para lembrar o bicentenário de Aleijadinho, o mestre o barroco brasileiro.
Para finalizar as atividades do Seminário comemorativo da Semana do Aleijadinho, a publicação "Antônio Francisco Lisboa: Moldagens de gesso como instrumento de preservação da sua obra", patrocinada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), será lançada na quarta-feira (19).
O livro apresenta informações históricas, teóricas e práticas envolvidas na proteção, preservação e perpetuação da Aleijadinho, por meio dos moldes e moldagens confeccionados entre as décadas de 1930 a 1960 por Eduardo Tecles (antigo funcionário do Sphan) e Aristocher Meschessi (professor da disciplina de Modelagem e Maquetes na Escola de Arquitetura – UFMG), e encomendados pelo então diretor do Sphan Rodrigo Melo de Franco Andrade para o acervo do futuro Museu de Moldagens.
A publicação originária de tese de Doutorado defendida em 2013 no Departamento de Pós-Graduação da Escola de Arquitetura (UFMG), em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, aborda a origem e a história das coleções de gesso, do desenvolvimento do uso da técnica dos moldes e moldagens ao longo dos séculos e de sua importância na história da arte e da arquitetura.
O artífice e as oficinas, com ênfase nos escultores luso-brasileiros a partir do século XVIII; o processo escultórico e a importância das instituições acadêmicas e museológicas que abrigam reproduções em seu acervo também são tratados na obra. O objetivo é fornecer para profissionais da área do restauro e da escultura, assim como das instituições acolhedoras deste material, informações teóricas e experimentais votadas a um campo vasto de aplicações na prática.
As moldagens em gesso e a pesquisa
As moldagens em gesso eram utilizadas como fonte de inspiração e como material de estudo e treinamento para os alunos de desenho e escultura, assim como para os artistas e seus aprendizes/oficiais. Tais práticas, consequentemente, contribuíram para a disseminação e preservação deste ofício, sobretudo da obra de Aleijadinho.
Durante séculos, observa-se o desenvolvimento de habilidades no processo criativo e construtivo da arte escultórica observado nos ateliês dos artistas e posteriormente nas academias de belas artes para fins didáticos e acadêmicos.
A criação do SPHAN em 1937 estimulou ações direcionadas ao inventário e à preservação do patrimônio nacional, com especial interesse na obra do escultor mineiro, quando Rodrigo Melo Franco de Andrade propõe a concepção de um museu de moldagens de gesso que permitisse, por meio de seu caráter museológico, a pesquisa, o estudo e a divulgação da cultura brasileira.
A ideia nunca saiu do papel, porém dois profissionais foram contratados para executar os moldes e as cópias em gesso de grande parte da obra de Aleijadinho, incluindo os profetas de Congonhas.
Cerca de 113 moldagens em escala natural foram encontradas, estudadas, inventariadas, mapeadas e diagnosticadas em relação ao seu estado de conservação com o intuito de resgatar a ideia do Museu de Gessos e consequentemente propagar, preservar e perpetuar a obra do mestre escultor.
Fonte: Iphan