Lições Que Aprendi

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

A educação é uma ação intencional que tem o intuito de nos ensinar e nos educar, mas a verdadeira escola realmente é a vida, e ela tem a metodologia certa de ensinar.

Peguemos como exemplo o Coronavirus, e o que aprendemos com este mal que assolou o mundo todo, dizimando mais de 4,2 milhões de vidas sendo que só no Brasil foram mais de 560 mil.

Em consequência ao Covid-19, aprendemos que a ideia de Estado mínimo não funciona. Para quem não entende sobre estado mínimo, segundo Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, o Estado mínimo era defendido pelos liberais. Para eles o papel do Estado na sociedade deve ser o mínimo possível e isso é para que ele possa efetivar seus serviços públicos com mais qualidade.

Nas falas de Souza (2007) os positivistas viam o Estado como uma agência reguladora dos conflitos entre capital e trabalho, assim sendo, esta pandemia nos mostrou realmente que Estado mínimo é algo para a realidade brasileira impraticável.

Aprendemos também que a iniciativa privada em momento algum se preocupou com o interesse coletivo, aliás, coletivo é uma palavra que não está em seu dicionário. A iniciativa privada visa apenas o bem estar de seus pares e o bem estar comum é algo que diverge de suas ambições, já que sua ideologia é totalmente egocentrista.

Aprendemos que para o sistema capitalista o lucro sobrepõe a vida humana, ou seja, somos apenas peões neste jogo de tabuleiro em que nos encontramos.

Com esta pandemia, algumas palavras passaram a fazer parte do nosso vocabulário, como genocídio, milícia, fakenews e prevaricação, sendo esta última segundo o Dicionário Informal é "um dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral que consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".

Vale lembrar que parlamentares, governadores e também o presidente são considerados funcionários públicos e, o que foi feito por nosso maior representante, foi um ato de prevaricação, ato leviano que teve como consequência milhares de vidas, e se o governo fosse realmente um estadista, teria agilizado todo o processo de liberação de vacinas, parcerias e compras das mesmas, poupando vida e não ceifado vidas por motivo, poderia ter poupado milhares de vidas dizimadas por motivo vil.

Aprendemos que com esta prevaricação, a vida do brasileiro virou uma negociata, ou seja, foi oferecido uma propina por parte do governo atual de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde[1].

Aprendemos que o fakenews é uma poderosa ferramenta e muito utilizada no atual governo para desconstruir imagens e alienar cada vez mais os cidadãos, difamar pessoas de índoles ilibadas que não são favoráveis as ações néscias do governo, bem como desacreditar um dos melhores sistemas eleitorais que é representado pelas urnas eletrônicas e em concomitância, colocando em risco nossa democracia.

Aprendemos tantas coisas a duras penas que serão lições carregadas por gerações para que não se cometam os mesmos erros em elegerem qualquer pessoa que em seu discurso use o nome de Deus e fomenta o ódio, use o nome da família mas diz que preferiria um filho morto a "um herdeiro gay", sendo que é justamente na família que as pessoas deveriam encontrar primeiro o amor, o amparo e a proteção, conforme ressaltado nos livros Escola não é Depósito de Crianças: A importância da família na educação dos filhos e Gestão Afetiva Sistema Educacional e Propostas Gerenciais, ambos publicados pela editora WAK em 2012 e 2020 consecutivamente.

Aprendemos muitas coisas que não gostaríamos de ter aprendido em relação ao que foi pontuado acima, todavia, aprendemos também lições que carregaremos como exemplos, como o caso dos profissionais de saúde que fizeram esforços hercúleos para o combate na linha de frente contra este mal que é o Coronavirus e muitos inclusive perderam suas vidas. Como dizia o Apóstolo Paulo, com adequações "combateram um bom combate".

Aprendemos que mesmo a educação sendo sucateada e com o veto do governo a lei que daria aos estudantes e professores acesso gratuito a internet[2], os profissionais de educação, em momento algum, deixou de oferecer o melhor de si com o que tinham disponível e que junto com os profissionais de saúde, são os heróis, contudo, mesmo não sendo reconhecidos como tal, mesmo sendo humilhados, chamados de vagabundos, são os profissionais que resguardaram o direito de uma educação para seus alunos.

Observe que mesmo as aulas não sendo presenciais, estes profissionais da educação se dedicaram até mais para fazerem chegar a seus alunos a luz do conhecimento.

Enfim, aprendemos muitas coisas nesta escola da vida, mas que tenhamos ainda mais certeza de que a solidariedade, a empatia e o amor ao próximo é a base para uma sociedade ser formada por homens de bens, e quando retornarmos as aulas "normais" ou seja, presenciais, que nós educadores possamos ensinar esta nova geração a nunca  votar em imbecis.