Lições Aprendidas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

            A pandemia do Coronavírus ou Covid-19 tem nos ensinado muitas coisas, na política, na economia e principalmente na educação.

            Na política aprendemos que a vaidade e o egotismo[1] falam mais alto, e que um ministro por demonstrar competência e humanidade em enfrentar uma pandemia, pode ser demitido, já que esta atitude em não acatar as vontades de seu governo agudiza ainda mais seus atos desesperadores e imbecilizados.

            Ainda na política percebemos ideias oriundas do governo em reduzir salários de funcionários públicos, empregados e até mesmo redução do quadro de trabalhadores com direito de empresas poderem demitir, mas nenhum político comentou em cortar as verbas do gabinete, não pagar as contas com dinheiro público, reduzir o salário seja, vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador e até mesmo presidente foi favorável a redução dos próprios salários. Não se comentou sobre corte de privilégios pagos com dinheiro público, apenas em reduzir o salário do trabalhador.

            Aprendemos que humanidade e humanismo são conceitos que não fazem parte na vida dos empresários, pois o povo para eles é visto apenas como gado de manobra. A falta de humanidade chegou a tal ponto que os mesmos estão lançando uma campanha denominada back week com a intenção de uma reabertura simultânea de todas empresas e comércios em todo Brasil, o que vai contra as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

            Veja que interessante, Rodrigues em seu livro Ética e Cidadania, publicado pela Moderna em 1994, em entrevista com Herbert Souza deixa claro que quando o homem é manipulado no mundo do consumo, ele perde a sua humanidade. Triste realidade.

            Isso ressalta mais uma vez que a vida do trabalhador brasileiro nada vale e que somos totalmente descartáveis.

            O autor supracitado acima, ainda enfático ao relatar nas falas de Herbert Souza (Betinho) que a mudança do país não está sua economia, política, ciência ou tecnologia, e sim pela sua cultura e o que realmente define tal mudança são as propostas de humanidade, coisa que não se pode esperar de um governo

            Aprendemos que a tecnologia da informação passa a ser o melhor recurso para que as aulas tenham continuidade, e que infelizmente isso abrirá um abismo ainda maior entre a educação pública e privada, já que a educação privada encontra-se com mais infraestrutura tecnológico e professores bem mais preparados para lidarem com as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação).

            Isso ressalta o quão sofrível está nossa educação pública, pois falta conhecimento técnico de muitos educadores para lidarem com as tecnologias, falta incentivo e valorização profissional por parte de governantes, e para complicar ainda mais a situação, os professores da rede estadual não têm mais o dia certo para receber, já que os dias passam a ser flutuantes, causando insegurança na classe, já que não se pode mais contar com o pagamento para honrar seus compromissos financeiros sem atrasos.

            Algumas escolas das redes públicas contam com laboratórios de informática, porém os mesmos são sucateados, o que acaba dificultando as aulas dos professores.

            Isso ressalta as falas de Romanelli em seu livro História da Educação publicado pela Petrópolis em 2003, ao esclarecer que encontramo-nos em um momento que a tecnologia exige cada vez mais qualificação profissional requintada e complexa, e  a atual conjuntura demonstrou que sua fala é coerente com a realidade, já que muitos professores encontram-se na área da TICs como analfabetos funcionais.

            Realmente tivemos lições aprendidas com esta pandemia, agora resta-nos torcer para que outras aprendizagens não sejam a base lágrimas por perdas de entes queridos por capricho e ganância a ceifar a vida de um povo tão sofrido.