Ler e Pensar

A Educação é um processo que deve ocorrer também com exemplos vivenciados pelo educador, ou seja, se um educador fala da importância em se ler um livro, o mesmo tem que ter enraizado em si tal hábito, assim sendo, esta fala converge com os dizeres de Aranha ao citar Bárbara Freitag em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, quando pontua que um professor que mal prepara as aulas, que não lê no mínimo um livro por ano, não conseguirá desabrochar em seus alunos o amor pela leitura, a paixão pelo saber e o interesse pela política.

É sabido que ao ler, o leitor estende a própria memória e imaginação e livra-se também do fardo que é a ignorância.

Paulo Freire em sua obra A Importância do Ato de Ler (em três artigos que se completam), publicado em 1982 pela Cortez e Autores Associados, ressalta que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e esta implica em umacontinuidade da leitura do mundo, desta forma, podemos perceber que a função da escola éeducar, transformar o cidadão, dar subsídios para que este possa ser protagonista,cidadão crítico e ativo, e uma maneira de se conseguir tal intento, será através da leitura.

O ato de ler, não é apenas uma decodificação de símbolos, mas a suainterpretação e compreensão, e quiçá, uma intervenção no contexto do leitor, desde queseja uma leitura que implique a isso.

A leitura permitirá ao educando vislumbrar novos mundos, novas perspectivas e desvendar realidades para que nela possa agir.

Hannah More, uma poetiza e teatróloga do século XVIII afirmava que o seu principal objetivo era treinar as classes baixas no ato da devoção, submissão e a leitura é uma ferramenta que fará as pessoas enxergarem algo mais promissor para a vida delas através do conhecimento que será adquirido mediante a leitura.

A leitura fornece conhecimento e como afirmado pelo padre Faria no filme “O Conde de Monte Cristo” ao abordar Edmond Dantes dizendo que: “em troca da tua ajuda, ofereço algo muito valioso”, e nisso o mesmo é interpelado por Edmond Dantes ao responder: “a minha liberdade?” e com resposta inteligente o padre responde: “A liberdade pode nos ser tirada [...] eu ofereço conhecimento”.

A leitura faz o educando um ser mais pensante, crítico, proativo e protagonista e livre do controle de pensamento, ou seja, das falas de Hannah More quanto a submissão e até mesmo a domesticação subalterna.

A leitura nos leva ao verdadeiro Tesouro de Bresa que é o conhecimento, dito isso, pode-se afirmar que você é o que você lê, desta forma precisamos fomentar a leitura desde a tenra idade, pois uma criança que lê será sempre um adulto que pensa.

Já dizia Monteiro Lobato, um indivíduo que não lê, mal fala, mal ouve e mal vê,já que a falta de leitura te faz acreditar no que te dizem, por isso que para uma elite exclusivista a leitura passa a ser um ato perigoso.

Partindo do adágio de que “quem não lê não escreve”, podemos perceber o quão está sofrível a leitura de nossos jovens e o seu reflexo negativo no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual dos 3,1 milhões de pessoas que fizeram o exame, apenas 10 tiraram a nota máxima e 87.567 zeraram a prova de redação, o resto ficou na mediocridade e no sofrível.

Este resultado refletiu o quanto nós educadores precisamos trabalhar a leitura em nossos educandos para que estes possam desenvolver a autonomia na busca de um conhecimento fértil que o instigará a mudar a própria realidade.