Interações Sociais na Educação Infantil: A Base do Aprendizado e do Desenvolvimento Humano

Luzia Mendes Xavier
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Rosilene de Jesus Ferreira
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia com ênfase em Educação Especial. Primavera do Leste, MT.
Wéllima Tavares da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Licenciatura em Quimica. Especialista em Educação Inclusiva com ênfase na Educação de Surdos. Primavera do Leste, MT.
Edna Alves Mendes de Jesus
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Planejamento Educacional. Especialista em Docência na Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.
Aline Stucker
Licenciatura em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.
A Educação Infantil representa a primeira etapa da educação básica e desempenha papel fundamental na formação integral da criança. Nessa fase, o desenvolvimento não ocorre apenas por meio de atividades individuais, mas, principalmente, a partir das interações sociais que a criança estabelece com seus pares e com os adultos. É nesse convívio que ela aprende a se comunicar, a partilhar, a cooperar e a compreender o mundo que a cerca. As interações sociais, portanto, constituem a base para o aprendizado e o desenvolvimento humano, especialmente nos primeiros anos de vida.
De acordo com as teorias de Lev Vygotsky, um dos principais pensadores da psicologia histórico-cultural, o desenvolvimento cognitivo da criança é mediado pelo contato social. O autor defende que o aprendizado ocorre primeiro no plano social (entre as pessoas) e depois é internalizado pelo indivíduo. Assim, as trocas com os colegas e com o professor são essenciais para que a criança avance em suas capacidades cognitivas, linguísticas e emocionais. A interação, nesse sentido, não é apenas um meio de socialização, mas o próprio motor do desenvolvimento.
Na Educação Infantil, as interações acontecem de forma espontânea e lúdica, especialmente nas brincadeiras, nas conversas e nas atividades coletivas. Quando uma criança compartilha um brinquedo, combina regras ou resolve um conflito, ela está aprendendo valores como respeito, empatia e cooperação. Essas experiências fortalecem o desenvolvimento socioemocional, essencial para a formação de sujeitos autônomos e conscientes. Além disso, o convívio com diferentes formas de pensar estimula o raciocínio, a argumentação e a criatividade, habilidades fundamentais para o processo de aprendizagem.
O papel do educador é fundamental nesse processo. Cabe a ele criar ambientes acolhedores, onde a criança se sinta segura para expressar suas ideias e sentimentos. O professor deve atuar como mediador, promovendo o diálogo e a troca entre as crianças, sem impor respostas prontas. Ao incentivar a interação, o educador favorece a construção coletiva do conhecimento, respeitando os ritmos e as particularidades de cada criança. Essa mediação cuidadosa ajuda a transformar situações cotidianas em oportunidades de aprendizagem significativa.
Além das interações entre as próprias crianças, a relação com o adulto é igualmente importante. O vínculo afetivo com o professor é um dos principais alicerces do desenvolvimento infantil. Quando a criança se sente acolhida, ouvida e respeitada, desenvolve autoconfiança e abertura para aprender. O educador, por sua vez, deve compreender que cada gesto, palavra ou atitude influencia o modo como a criança percebe a si mesma e o ambiente. A afetividade, portanto, é parte indissociável da aprendizagem.
O ambiente escolar também exerce papel determinante. Um espaço que estimula a cooperação, o diálogo e a experimentação favorece o surgimento de interações ricas e diversificadas. As salas organizadas de forma flexível, com materiais acessíveis e atividades em grupo, contribuem para que as crianças explorem, descubram e aprendam juntas. A escola deve ser um espaço de convivência, onde o aprendizado acontece de maneira natural, por meio da troca e da curiosidade compartilhada.
Entretanto, ainda é comum observar práticas pedagógicas centradas na repetição e na individualidade, que pouco valorizam o potencial educativo das interações. Essa visão limitada contraria o que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), que destacam as interações e brincadeiras como eixos estruturantes dessa etapa. Promover experiências coletivas, portanto, não é apenas uma opção metodológica, mas um direito da criança e um dever da escola.
Em síntese, as interações sociais na Educação Infantil são fundamentais para o desenvolvimento integral da criança, abrangendo dimensões cognitivas, linguísticas, emocionais e morais. É por meio do outro que a criança aprende a pensar, a sentir, a comunicar e a ser. A convivência, o diálogo e o afeto constituem o alicerce de uma educação humanizadora, capaz de formar indivíduos empáticos, críticos e criativos. Valorizar as interações sociais é, portanto, reconhecer que aprender é um ato profundamente coletivo — e que a infância é o tempo mais fértil para semear essa convivência transformadora.