11/02/2019

Inteligência e não Retenção de Informação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Os profissionais envolvidos no processo ensino/aprendizagem têm feito uso de metodologias ativas de aprendizagem para desenvolver a inteligência do aluno?

            Edvinsson e Malone no livro Capital Intelectual: Descobrindo o Valor Real de sua Empresa pela Identificação de seus Valores Internos, publicado pela Makron Books em 1988, enfatizam que a inteligência humana e os recursos intelectuais constituem presentemente os ativos mais valiosos das organizações, e as escolas públicas passam longe ao trabalharem o conceito de inteligência, e aliás, a maioria incentiva nada mais que uma memorização para ver até onde o aluno é capaz de reter o seu conhecimento.

            Esta retenção é testada nas avaliações, exigindo uma educação centrada na memória e devolução de dados e alguns professores fazem a questão que a resposta seja a mesma que ele passou para a turma, ou seja, qualquer coisa diferente o aluno será penalizado com perda de pontos.

            Isso me faz pensar no verdadeiro conceito de inteligência, pois dias atrás, assistindo a um programa em que a pessoa deveria responder a uma bateria de perguntas para ganhar dinheiro, e uma das perguntas que a pessoa não soube responder foi relacionada ao nome do presidente americano que assinou a lei para a criação da NASA (National Aeronautics and Space Administration ou Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) que é uma agência americana responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. Entretanto, outra pessoa que também assistia ao programa disse, nossa que "pessoa burra, não sabe nada" e eu refutei tal fala dizendo que saber esta informação não seria sinal de inteligência, e sim, retenção de memória, pois uma pessoa poderia não ter estas informações memorizadas e ser muito inteligente.

            Claro que houve divergência de opinião quanto ao termo inteligência, pois para esta pessoa, inteligência é você reter informações que soltas, não terão valor significativo algum. É o que denomino em meu livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento publicado pela Ícone em 2010, como informação sintática, ou seja, informações irrelevantes quando não são aplicadas para gerar conhecimento, ao contrário da informação semântica que esta sim, auxilia na criação e divulgação do conhecimento para que assim possa gerar novos conhecimentos e desenvolver habilidades.

            Demo é enfático ao ressaltar em seu livro Saber Pensar, publicado em 2000 pela Cortez, que encontramo-nos em uma época de mais valia relativa. Isso nos remete a então Revolução Industrial com horas intensas de trabalhos braçais, ressaltado em livro de minha coautoria sob o tema Introdução à Engenharia de Produção, publicado pela Visual Books em 2006. Nesta obra é esclarecido que a mão de obra recebeu este nome porque precisava-se apenas das mãos dos trabalhadores, ou seja, eles não precisavam saber pensar, apenas apertar parafusos como mostra o filme Tempos Modernos com Charles Chaplin.

            Encontramo-nos na era do conhecimento, ou seja, na mais-valia relativa e esta era é voltada para a inteligência e o capital intelectual, e a escola tem ido na contramão com seus métodos obsoletos no trabalhar aulas e avaliações, focando a um memorismo que segundo Gadotti em seu livro História das Ideias Pedagógicas publicado pela Atica em 2004 esclarece que este mesmo memorismo fossiliza a inteligência, a imaginação e a criatividade.

            Para Fontes em seu artigo A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital publicado pela  Revista Brasileira de Educação, Maio/Jun/Jul/Ago 2005, No 29, a emoção é a base da inteligência. Ela impulsiona a criança na exploração de seu ambiente.

            Manzolillo no livro Cultura: um salto na Era Cibernética, publicado pela LGE em 2003 esclarece que inteligência é um instrumento que nos aproxima da Divina Providência e pode-se complementar com Smole em seu livro Múltiplas Inteligência na Prática Escolar publicado pelo Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância em 1999, ao informar que a inteligência é responsável por nossas habilidades, assim sendo, temos a inteligência como habilidade para criar; como habilidade para resolver problemas e como habilidade para contribuir em um contexto cultural.

            Vamos reforçar as falas de Jean Piaget ao enfatizar que "nasceu gente, então é inteligente" e para este educador, a inteligência só existe na ação que maximiza seu poder adaptativo.

            Para Miranda em seu artigo intitulado A Inteligência Humana: Contornos da Pesquisa, disponível em http://www.scielo.br/pdf/paideia/v12n23/03.pdf, a inteligência é uma qualidade dos indivíduos e está ligada a qualidade do comportamento, dito isso, que as escolas hoje possam trabalhar mais as habilidades e rever a necessidade da educação não focar somente na memorização e que a mesma fomente em seu aluno a capacidade de relacionar, comparar, criticar e transformar a informação em conhecimento e este em habilidades para que este aluno saia da passividade e se torne um agente transformador.

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