19/10/2023

INDISCIPLINA EM SALA DE AULA

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INDISCIPLINA EM SALA DE AULA

 

DE SOUZA, Letícia Prado.[1]

CARDOSO, Katia Silva.[2]

FERNANDES, Diovana Lopes Rodrigues.[3]

ALENCAR, Leila Catherine da Silva.[4]

DE BRITO, Ana Claudia.[5]

 

RESUMO

A indisciplina no contexto escolar representa um dos principais fatores que prejudicam a qualidade de ensino. Esse fator vem se agravando nas últimas décadas nas escolas brasileiras, e apresenta uma das dificuldades mais comuns enfrentadas pelos professores no processo de ensino. Dessa forma, tornou-se comum, muitos professores apontarem o comportamento do educando como um forte elemento desestruturador do processo de ensino e aprendizagem. Segundo eles a indisciplina impede que resultados melhores e mais concretos sejam conquistados em sala de aula. Analisando estas questões, foi conduzida a construção de uma pesquisa estruturada sobre o seguinte questionamento: Como a disciplina pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental?

Palavras-chave: Indisciplina. Escola. Aprendizagem.

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INTRODUÇÃO

      Os motivos que levam a indisciplina são os mais variados possíveis. Uma delas é que a vida é cheia de mudanças, de transformações. Essas mudanças muitas vezes transformam a sociedade, a educação de um povo. É inútil atribuir a indisciplina uma causa única, uma vez que diversos fatores influenciam e provocam a indisciplina nas escolas.

      Pode-se notar, como primeira causa da indisciplina, o conflito entre pais e escola. Dentro desta perspectiva, mães por exemplo, que antes ficavam em casa, somente com o trabalho doméstico, hoje as crianças ficam em casa com os avós ou muitas vezes ficam sozinhas. Essa mudança da família está sendo dividida com a escola. E esta por sua vez, não está preparada para tal. Não adianta a escola atribuir a educação de seus alunos aos respectivos pais, nem os pais exigiram da escola tal função.

      A situação é conflitiva e temos de ajudar a resolvê-la, para o benefício de uma geração. Pois a educação virou uma “batata quente” que ninguém quer segurar (TIBA, 1998, p.15). Outra causa a ser considerada, são as características pessoais e relacionais. Segundo Tiba (1996), uma das causas da indisciplina, são as características pessoais. Essas características são os distúrbios psiquiátricos, neurológicos, mental, de personalidade, neuróticos, etc.

      Esses distúrbios decorrem de alterações que fogem ao controle e são mais fortes do que as normas ditadas pelo ambiente. Se o professor pede, o psicótico interpreta, como uma perseguição e reage muitas vezes com violência. Já os maníacos não conseguem ficar em silêncio, pois não 20 conseguem controlar sua agitação psicomotora. Os neuróticos quando o professor pede silêncio, respondem que o professor não é seu pai e que não manda nele.

      Na verdade, esse aluno não vê a presença do professor e sim a do pai, no qual é todo projetado como uma figura autoritária. Enquanto esse aluno não resolver esse problema com seu pai, sempre reagirá assim. Na presença de distúrbios psiquiátricos provém de uma psicose (maníacadepressiva, esquizofrenia, etc.) e independem do meio.

 

O PAPEL DO PROFESSOR NA MEDIAÇÃO DA INDISCIPLINA

      A proteção do professor prejudica menos o aluno frágil do que deixá-lo exposto a agressões desnecessárias na escola Segundo Tiba (1996) a distorção da auto estima também é uma das características relacionais muito sérias e que tem aumentado muito. É aquela criança que pais tratam como príncipe em casa e lhes servem o tempo todo. Esse aluno acaba perdendo o limite, acha que tudo é para ele, não respeita as pessoas e nem os bens alheios. Tiba (1996) afirma que é importante que a escola defina bem suas regras em relação aos problemas relacionais, para que fique bem claro ao aluno, ao professor e também aos pais, caso contrário, essas regras com o passar dos tempos podem perder sua credibilidade. A escola mudou, e o professor também.

      O professor anda confuso com tudo aquilo que vem acontecendo com ele, com a escola e com a sociedade. 21 Há uma profunda mudança na relação Escola – Sociedade e parece que não nos demos conta suficientemente disto. Nossa perspectiva é compreender para superar e não para cair no saudosismo (“como as coisas eram melhores “antigamente”, “ no meu tempo...”)( VASCONCELOS, 1999,p. 22).

      Na verdade, essas pessoas misturam um passado saudosista ao medo e a prevenção quanto ao futuro. Não percebem que não se pode educar para o futuro com esse olhar constante voltado ao passado mitificado. O reflexo da pobreza é uma causa muito comum. Ouve-se sempre que a indisciplina é o reflexo da pobreza, da violência do meio de comunicação, especialmente da TV. Essa visão coloca os alunos como retrato de uma sociedade injusta, opressora e violenta. A escola por sua vez é vítima de uma clientela inadequada Antunes (2002).

      Outros até atribuem a culpa pelo “comportamento indisciplinado” do aluno à educação recebida dos pais. Muitas crianças têm criação totalmente autoritária, apanham e por esta razão não conseguem viver em ambientes democráticos. Ou ainda, que a maior parte dos alunos vem de lares desestruturados, com pais separados e por isso são tão agressivos ou que até mesmo a indisciplina está ligada à falta de interesse dos pais pela vida escolar dos filhos.

      A escola novamente se isenta de uma revisão interna, já que o problema está fora do domínio dela. Ou no caso do aluno que é assim mesmo, já nasceu assim, sempre foi terrível ou que o problema está na natureza de cada um, e consequentemente a escola não tem nenhum poder para mudar esse comportamento. La Taille (1999) assevera que é impossível negar a importância da educação familiar e o inato de cada criança, porém o professor não deve aceitar como algo determinante e irreversível.

      O educador deve conceber estes antecedentes como ponto de partida e, principalmente, fazer uma análise profunda dos fatores responsáveis pela ocorrência da indisciplina na sala de aula. Outra causa a ser considerada, é o aluno que Aquino (1998) retrata como “aluno problema”. Um bom exemplo da justificativa do “aluno problema” se traduziria em um enunciado parecido com este: “Se o aluno aprende, é porque o professor ensina, se ele não aprende, é porque não quer ou apresenta algum tipo de distúrbio, de carência”.

 

RESULTADOS INDESEJÁVEIS FRENTE A INDISCIPLINA

      Se entender o fracasso escolar como efeito de algum problema individual, é estar se isentado, de uma responsabilidade sobre nossa ação profissional. Não se pode esquecer o que se busca, no caso de um exercício profissional de qualidade, é uma situação-problema, para que se possa, na medida do possível, resolvê-la. Os meios de comunicação também são considerados uma das causas da indisciplina. Eles em sua maioria, só se preocupam com o comércio dos produtos que pagam para suas propagandas serem veiculadas, e com isso, acabam só formando consumidores vidrados por consumir o produto anunciado.

      Quanto maior for o volume das vendas atingidas com a propaganda, mais perspectivas de uma nova campanha, aumentando os lucros dos meios de comunicação. Segundo Garcia (2002) “os meios de comunicação não se preocupam com os valores da infância, distanciando os jovens e crianças cada vez mais, de atitudes que ajudariam na disciplina da escola e da sociedade”. Assim, novamente a escola joga a culpa nos meios de educação e se isenta da responsabilidade do educando.

      Outra causa de indisciplina muito interessante são os focos da indisciplina, Antunes (2002) compara a indisciplina na escola como um incêndio na mata. Raramente o foco é único, pois, quando se queima um ponto, alcançam-se outros, tornando-se difícil de apagá-los. De acordo com Antunes (2002) o primeiro foco de indisciplina é a própria escola, pela não integração e união de sua equipe docente e administrativa. A escola não deixa suas regras explicitas, não possui um canal de comunicação, entre alunos, pais, orientadores e professores.

      Dessa forma, ela produz uma comunicação falha, sem objetivos claros e definidos, deixando que cada qual procure entender da maneira que melhor lhe beneficie. A escola adota planejamentos pedagógicos repetitivos, que não são mudados, embora muitos falem, mas nada digam, de nada contribuem para o aprendizado. O planejamento falho, que somente é repetido ano a ano, não acompanhou a mudança pelo qual passou a escola e os alunos, e por isso, acaba contribuindo para gerar indisciplina.

      A escola é, indiscutivelmente, um foco de indisciplina, muitas vezes, por sua organização interna, por seus sistemas e sanções, pela não integração e união entre sua equipe docente e administrativa, pelo estilo da autoridade exercida, mas sobre tudo pela ausência de clareza como encara a questão disciplinar ( ANTUNES, 2002,p. 19-20) Antunes (2002) afirma que o segundo foco de indisciplina são os professores, que muitas vezes são mal preparados, mal remunerados, apáticos, desinteressados e desanimados.

      A direção da escola deve incentivar que os mesmos se renovem, preparem-se e que tenham coragem de enfrentar e buscar transformação. Os que não seguirem esse caminho devem ser substituídos por outros que estejam interessados em desenvolver suas atividades e contribuir para a melhoria da escola. Alguns professores possuem posturas que consequentemente levam a gerar indisciplina em sala de aula, um exemplo é aquele professor que chega atrasado, portanto, ele leva os alunos a não estarem no momento correto em sala de aula, outros professores não preparam suas aulas, assim os alunos a não se preocupam com suas atividades.

      Segundo Antunes (2002) professores que não se preocupam com a indisciplina ou não sabem lidar com ela, levam os alunos a não terem limites e a não compreenderem até onde podem seguir. Portanto o professor deve seguir os horários da escola, organizar suas atividades em sala de aula, não deixar os alunos sentarem onde quer com mochilas no caminho, pois a desordem é um fator que gera indisciplina em sala de aula. Para Antunes (2002) o terceiro foco é assustador e terrível, transforma-se em intenso e preocupante, mas com soluções previsíveis, e que estas devem ser adotadas, antes que o problema se manifeste.

      O terceiro foco de indisciplina são os alunos, pois se os dois primeiros focos não foram apagados, então logo a chama se espalha atingindo um terceiro grupo, e ficará mais difícil de se apagar esse incêndio.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Ao nosso ver, ao procurarmos entender o que está passando com a família, poderemos entender muito do que está acontecendo com a escola e com muitos professores, já que tudo está relacionado, qual seja os “problemas de família”, não se explicam por si mesmos. Além disto, esta compreensão poderá nos ajudar a estabelecer um relacionamento menos acusativo com os alunos e suas famílias, possibilitando uma autêntica busca de assumir as responsabilidades respectivas, superando o famigerado “empurra- empurra” ( VASCONCELOS, 1999, p. 22).

      Acredita-se que a disciplina é menos causa e mais consequência das políticas pedagógicas do ambiente escolar. Pode-se afirmar que as atitudes tomadas pelos educandos e pela escola influenciam diretamente no comportamento do aluno. Por essa visão, pode-se colocar que se fosse encontrada uma estrutura com mais diálogo e mais união de comportamento e de conteúdos, poderia ter com o resultado uma maioria de alunos mais interessados e mais voltados a seguir tendo respeito para com os professores, alunos e escola.

      Assim, poderia gerar uma situação favorável para o surgimento natural da disciplina e, consequentemente, as causas elencadas de indisciplina teriam vida curta, contribuindo assim para a harmonia entre todos os envolvidos. A disciplina seria o resultado do diálogo e da experiência pedagógica compartilhada para além dos muros escolares. Ao professor, caberia explicar a função da escola, valorizando-a como instrumento de ensino. Comprometido com os valores da escola democrática, ao professor caberá não só a competência técnica, mas a vivência coletiva da ordem, expressa por atitudes de respeito ao aluno, crença no diálogo e incentivo a participação (CANDU, 1988, p. 128).

      Verdadeiramente, a indisciplina, não tem uma única causa. Deve-se então tentar rastreá-la para assim detectar essas causas, e então tomar uma atitude, que precisa ser coerente, constante e consequente, e o que é mais importante, precisa do aval de todos os professores. Outra causa bastante relevante, é a crise que atinge todos os setores do Brasil, e atinge também a educação, que por suas características é a mais afetada. Devemos lembrar então que um país que não cuida de sua educação, está condenando seu futuro.

 

[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela instituição de ensino UNOPAR em 2016, Pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional em 2017. Bacharelada em serviço social pela instituição de ensino UNOPAR em 2022.

[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Infantil.

[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia.

[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT.

[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional.

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