29/05/2020

Incivilidade

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente– www.wolmer.pro.br

 

            A educação é o sustentáculo da sociedade, e com essa afirmação, Gadotti, em seu livro História das Idéias Pedagógicas, publicado pela Atica em  2004, é enfático ao elucidar que ela se baseia na vida para torná-la melhor. Dito isso, o autor complementa ao afirmar que a educação é a reconstrução da vida em níveis cada vez mais elaborados.

            Observe que esta reconstrução se faz em um processo cíclico, ou seja, estamos sempre aprendendo por meio dela, já que a educação é uma ação transformadora e intencional.

            A Educação tem um poder transformador e um ser educado tende a ser mais humanista, todavia, ocorre que mesmo uma pessoa tendo uma boa escolaridade,  pode não passar de um simples néscio a falar estultices aos quatro cantos.

            A sua escolaridade nas mais conceituadas instituições de ensino, serviu não para educá-lo, apenas para formá-lo, ou seja, este sujeito adquiriu apenas conhecimento, todavia não foi educado, já que está em seu caráter ser um imbecil.

            Percebendo as falas acima e vendo realmente a educação como sustentáculo da sociedade, Morin em seu livro Pedagogia Dialógica, publicado pela Cortez em 2002, esclarece que indivíduo e sociedade existem mutuamente, e uma forma de fazer com que esta relação seja rica e complexa entre indivíduo/sociedade, é por meio da democracia, pois através deste sistema de governo, indivíduos e sociedade se ajudam, desenvolvem, regulam-se e controlam-se mutuamente.

            Para o autor, a democracia é mais que um regime político, é a regeneração contínua na qual cidadãos produzem democracia e esta produz cidadãos que exprimem seus desejos e interesses e em contrapartida, são responsáveis e solidários com sua cidade.

            Interessante perceber segundo Harari em seu livro 21 Lições para o Século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018, que este regime político se fundamenta na ideia de que o eleitor sabe o que é melhor, apesar da frase de de Winston Churchill, ao afirmar que  a democracia é o pior sistema político do mundo, com exceção de todos os outros.

            Cabe agora perceber que se o governo tiver o controle da mídia, este poderá fazer o que bem entender, principalmente no quesito corrupção, já que os cidadãos serão impedidos de conhecerem a verdade, já que este governo terá o monopólio da mídia. Assim sendo, Harari esclarece que a "oligarquia governante pode sempre culpar os outros por suas falhas e desviar a atenção  para ameaças externas - reais ou imaginárias".

            Pode-se perceber a importância da mídia em esclarecer o cidadão, obviamente que algumas cumprem o seu papel mais em  desinformar o cidadão que em esclarecê-lo, mas é justamente neste ponto que entra realmente a verdadeira educação, já que esta o tirou do estado de alienação e desenvolver neste toda criticidade e protagonismo necessário para ter discernimento e saber o que é melhor para si e para a sociedade, já que Gadotti é enfático ao esclarecer que a educação tem um papel fundamental no processo de humanização do homem, além da transformação social.

            Percebe-se que humanismo diverge de incivilidade, de arrogância e de intolerância. Assim como um homem educado aprende a lidar com as pessoas, respeitando as suas diferenças e a sua liberdade de expressão, o néscio "escolarizado" e incivilizado tende a ser violento nas palavras e concomitantemente nas ações.

            Sua intolerância é gritante a ponto de tirar o direito de ir e vir de qualquer um que tenha ideias contrárias a sua ou que simplesmente expõe em rede nacional ações de governantes.

            É sabido que muitas destas informações podem ser manipuladas, já que a nunciopolítica está aí para cumprir o seu papel, mas uma pessoa esclarecida, acredita que o direito da outra em falar ou expor as ideias contrárias as suas, em momento algum o tirará a razão e tampouco te privará do seu lado mais humano.

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