Impedimentos de natureza física não dificultam o ingresso em universidades públicas
O Dia do Estudante é comemorado no dia 11 de agosto, desde 1927, data do centenário dos dois primeiros cursos superiores do Brasil, criados por D. Pedro I, em 1827. Para homenagear esses brasileiros, o Ministério da Educação conta a história de dois estudantes que superaram as dificuldades para entrar em uma universidade pública.
Os impedimentos de natureza física não impossibilitaram o estudante gaúcho Gabriel Martins Valim de entrar em uma universidade pública aos 16 anos após fazer o seu primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2016. Morador de Porto Alegre, Gabriel, que hoje tem 18 anos, teve uma parada cardíaca aos três meses de idade. Como consequência, uma paralisia cerebral lhe afetou a coordenação motora, a visão e a fala.
Mesmo com todas as dificuldades, os pais sempre insistiram em incentivar o filho a estudar. Gabriel iniciou a vida de estudante em uma escola particular, mas a mãe, Carolina Martins Valim, disse que a escola não oferecia acessibilidade e que os professores não estavam preparados para ensinar Gabriel. Eles resolveram colocar o filho em uma escola municipal, que, segundo ela, foi o período escolar mais feliz do estudante, até ele iniciar o ensino médio, quando foi matriculado em uma escola estadual.
A mãe conta que Gabriel sempre teve interesse em aprender, e que a família sempre procurou oferecer uma vida comum para o menino. “Gabriel sempre foi muito dedicado. Sempre se interessou muito por humanas. Gosta de política, português, filosofia e de fazer poesias. Ele tem uma enorme facilidade para criar textos”, destaca Carolina.
A ida para uma universidade foi após eles resolverem testar o Enem. “Decidimos inscrever o Gabriel para ver se o Enem era tudo aquilo mesmo que falavam e para confirmarmos se o exame oferecia toda aquela acessibilidade que era divulgada”. A prova foi um sucesso, e apesar de Gabriel não ter tido um bom desempenho em matemática, ele conseguiu pontuação suficiente para ser aprovado em Letras na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) na primeira prova do Enem em que se inscreveu.
De acordo com uma das professoras de Gabriel, as poesias do estudante fazem sucesso entre os colegas de Letras, e muitas vezes são lidas em sala de aula. Mas apesar da identificação do aluno com o curso, ele ainda sonha em fazer comunicação, e se prepara para tentar uma vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), pois a Uergs não oferece o curso que ele deseja. “Tenho certeza que Gabriel conseguirá fazer o que ele realmente quer”, afirma Carolina.
Assim como Gabriel, uma outra estudante também teve que enfrentar as consequências de uma paralisia para realizar o sonho de entrar em uma universidade. Gabriela Barbosa, 26 anos, moradora da cidade de Sobradinho, no Distrito Federal, cursa atualmente licenciatura em línguas de sinais brasileira (Libras), na Universidade de Brasília (UnB).
As adversidades começaram antes mesmo da estudante nascer, mas não foram impeditivas para o estudo. A mãe teve rubéola, e Gabriela nasceu com problemas cerebrais, o que afetou a fala, a audição e a mobilidade.
“Estudei a vida inteira em escola pública, apesar da escola ser inclusiva nem sempre oferecia o que precisava. Passei por muitas dificuldades. A luta não foi fácil, mas consegui aprender muita coisa e me superar”, afirma Gabriela, que antes de estudar na UnB já havia iniciado o curso de fotografia em uma faculdade particular de Brasília.
Para o futuro, Gabriela sonha fazer mestrado, pós-graduação em Direito e lecionar em escolas inclusivas, fazendo com que seus alunos tenham o mesmo êxito e não precisem passar por tantas dificuldades. “A UnB vai abrir mais portas para mim. Poderei lutar pelos deficientes e diminuir os preconceitos”, conclui a estudante.
Assessoria de Comunicação Social - MEC (10.08.2018)