05/05/2021

Idolatria e Criticidade

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

O intuito da idolatria neste texto não é focar a adoração de imagens, entidades que nos reportem ao viés religioso, mas pautar a idolatria nos representantes políticos de nosso país.

Ao pesquisarmos em vários dicionários sem perpassarmos pelo viés religioso, perceberemos definições semelhantes afirmando que idólatra é pessoa que cultua, que admira exageradamente, que ama intensamente. A idolatria representa um excesso de amor; uma admiração demonstrada de maneira exagerada, dito isso, um idólatra ama exageradamente uma pessoa e deposita nesta toda a sua confiança a ponto de ficar alucinado e obcecado.

Idolatrar alguém sob um ponto de vista acrítico, ressalta apenas a própria incapacidade de discernimento reforçando assim a sua completa imbecilidade.

Nas falas de Sung em seu artigo Imigração, a morte dos não-humanos e a idolatria, publicado em 2019[1], pode ser observado que a idolatria leva a sociedade para um lado perverso, pois se observarmos a história, constataremos que fascismo, nazismo e stalinismo representaram manifestações drásticas de adoração de uma pessoa ou um clã representado pela figura de um "Fuhrer" que no idioma alemão significa líder supremo.

Para o autor, o nacionalismo representa uma forma de incesto, é a nossa idolatria e consequentemente a nossa insanidade, tendo o patriotismo livre como seu culto.

Para Leal, em sua monografia publicada pela Universidade Federal do Ceará em 2013[2], a idolatria encontra-se envolta em hipérboles diversas, e isso faz com que um ídolo se transforme em líder, influenciando comportamentos, manipulando ideias e pode-se afirmar sob o contexto deste trabalho, que ele também desconstrói imagens, já que os idólatras ficam suscetíveis ao seu fascínio fomentado pela mídia e/ou meios de comunicação que aproveitam a oportunidade para gerarem receita.

Vale ressaltar que a idolatria cega o idólatra. Temos na sociedade vários exemplos como pessoas públicas pregando contra males sociais e se entregando a estes.

A idolatria pode ser a manifestação de um desejo oriundo de uma frustração, todavia, esta manifestação é maquiada de forma a esconder o seu verdadeiro mal caratismo, pois tal atitude reforça ainda mais a teoria da projeção, ou seja, os males que eu enxergo no outro são justamente os que estão em mim.

A nossa história política tem vários exemplos para nos mostrar que todos que usaram como bandeira um mal visto na sociedade, se afundou na lama deste, e quanto a isso, não precisamos dar nomes, basta sermos um pouco mais críticos e deixarmos de lado esta imbecilidade de idolatria.

Somos humanos e por isso somos falhos, já dizia PúblioTerêncioem 159 a.C. "nada do que é humano me é estranho", ou seja, são mais de 1860 anos percebendo o quão somos falíveis.

Que a educação possa fomentar o discernimento em nossos educandos para que estes jamais criem ídolos, tornando-se assim massa de manobra, ou como o próprio governo denominou verdadeiros "idiotas úteis".

 

[1] Para mais informações vide SUNG, Jung Mo. Imigração, a morte dos não-humanos e a idolatria. REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum.,  Brasília ,  v. 27, n. 57, p. 193-210,  Dec.  2019 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-85852019000300193&lng=en&nrm=iso>. access on  04  May  2021.  Epub Dec 02, 2019.  https://doi.org/10.1590/1980-85852503880005712.

[2] Para mais informações vide http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/26336/1/2013_tcc_rlleal.pdf

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