Homo Homini Lupus
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A fala “homo homini lúpus” é da autoria do dramaturgo romano Platus e faz parte de uma das suas peças, mas tomou verdadeiro significado quando dita por Thomas Hobbes, filósofo inglês em sua obra Leviatã, ou matéria, forma ou poder de um Estado Eclesiástico ou Civil; 2 ed., publicado pela Martin Claret 2012.
Nesta obra ficou eternizada a frase “o homem é o lobo do homem” com sua primeira publicação em 1651, pontuando o quão somos danosos a nossa própria espécie, ou seja, somos capazes de feitos horrendos contra as pessoas mais próximas a nós mesmos, e neste caso, as atrocidades, as barbáries e a falta de humanismo sobrepõe a desgraça alheia.
Vivemos em uma sociedade, cujo lucro em cima das tragédias prevalece a própria vida humana e já tivemos vários exemplos na política, algo que infelizmente chegou a ser banalizado pela sociedade, todavia, entre a própria sociedade civil, pontua o quão perdido encontra-se nossa sociedade e o caráter dos “comerciantes oportunistas”.
Após desastre ocorrido no litoral de São Paulo nesta semana de carnaval, com avalanches e enchentes, comerciantes se aproveitaram da situação e alguns oportunistas passaram a cobrar o valor de R$ 93,00 o litro da água mineral, algo que em grandes redes de supermercados custa em torno de R$ 2,60, isto é, eles estão buscando lucro por meio do desespero e sofrimento de muitos que tiveram seus pertences levados pela lama que deixou um rastro de desespero e destruição, com 46 mortes e mais de 2 mil desabrigados.
Como dito em meu livro Educação uma questão de politizar, publicado pela Ícone em 2022, a educação segue três tendências que são: redenção da sociedade, reprodução da sociedade e transformação, e cabe a nós educadores optarmos pelas duas últimas, já que a própria educação é o alicerce para uma sociedade justa, ética e humanizada, o que infelizmente esta tríade não tem sido desenvolvida e tampouco assimilada pela sociedade.
Como visto na obra supracitada, independente o viés que a educação seguir, seja formal ou não formal, ela precisa de exemplos, de valores e de mais humanidade e compaixão, já que ela é o sustentáculo de toda e qualquer sociedade.
Com esta tragédia ocorrida em São Paulo, o mau caratismo deste povo mercenário ficou explicitado, ressaltando que eles são sim, seres sovinas e lobos do próprio homem, fazendo prevalecer sempre a ganância, o desejo de domínio e a manipulação sobre a vida de um ser humano, que para eles, não valerá nada se não puder gerar o lucro esperado.
Por isso que nossa educação tem que estar intrinsecamente ligada aos ensinamentos de Paulo Freire, na qual as suas falas ecoam em nossa contemporaneidade, quando elucida que o movimento de libertação deve se embasar em uma pedagogia forjada com os oprimidos e para os oprimidos, na luta incessante de recuperação de toda e qualquer humanidade, coisa que a muito tem sido perdida por uma falsa classe social que se diz elitizada, mas que não passa de relés aproveitadores.