Herdeiros de Nossas Ações

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

Nada do que é humano me é estranho, fala dita pelo dramaturgo e poeta romano Terêncio que ficou registrada há mais de 2150 anos.

Interessante que nós nos surpreendemos em dois sentidos, na parte altruísta onde prevalece o amor, o respeito, a caridade, a empatia e a gentileza e em contrapartida, na parte onde prevalece a mediocridade, o egoísmo, a intolerância, o ódio, a soberba dentre outros males que fazem parte do caráter de muitos brasileiros que se cobrem com o manto da hipocrisia.

Vivemos em um sistema econômico denominado capitalista visando o lucro e acumulação de riquezas e até mesmo a exploração de uma classe dominante sobre uma maioria fragilizada e subtraída de uma educação de qualidade.

O nosso sistema econômico faz com que a ética se torne algo secundário, e quanto aos valores morais, estes sequer existem e quando algo fere o coletivo, o fato ocorrido é simplesmente banalizado.

Precisamos ensinar a nossos filhos e educandos princípios como “o errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo e que o certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo” e quando começarmos a trabalhar pensamentos assim, com certeza teremos uma sociedade mais justa independente o sistema econômico.

É sabido que somos herdeiros de nossas ações e que nem tudo gira em torno do lucro e assim foi provado pela Universidade Santo Amaro (Unisa), que tem coisas que o dinheiro não compra, como valores que carregamos conosco.

A Unisa decidiu expulsar todos os alunos envolvidos em um ato vil durante um jogo universitário na modalidade Volei feminino no Centro Universitário São Camilo no interior de São Paulo^[1].

De acordo com observações, os comportamentos dos alunos são recorrentes durante as competições pontuando que estes futuros médicos acreditam poder fazer o que bem entenderem, e talvez seja por isso que temos tantas denúncias de médicos abusando de suas pacientes totalmente vulneráveis.

São estes comportamentos execráveis que maculam a imagem das instituições e explicita o tipo de educação que estas pessoas receberam em seus lares, uma educação sem limites e respeito pelo próximo, afinal de contas como é dito em grito da torcida, “não tenho culpa se sou playboy e seu pai motoboy”.

Imaginando a situação do corpo docente. Será que algum médico docente banalizou a situação ou até mesmo achou engraçado? Como dizia Sêneca, filósofo estoico, advogado, escritor e intelectual do Império Romano dizia, “aquele que poupa os ímpios prejudica os bons” e nesta situação, a Unisa realmente agiu de forma correta ao expulsar esta escória de sua faculdade.

Observe que se trata de uma prática generalizada e recorrente que apenas a Unisa tomou as providências, porém cabe uma pergunta, se nesta Intermed (competição esportiva entre universidades de medicina) é comum estas práticas horrendas, pode-se perceber que as instituições que estão sendo representadas estão coniventes com os comportamentos de seus alunos abastados dando vida ao clássico o médico e o monstro.

Trabalhei em uma universidade privada por 17 anos e sem julgamento de juízo, eu teria vergonha em fazer parte do corpo docente de uma instituição que acredita que ações assim são coisas de jovens.

Será que poderíamos afirmar que as outras instituições são coniventes com estas atitudes já que são ações recorrentes?

Que possamos ter reitores como Prof. Dr. Elói Francisco Rosa a tomar decisões, mesmo que influencie na receita de sua instituição, como afirmado acima, ética e moral jamais poderão ser secundários.